Primeira vereadora do PT em Mossoró, Telma Gurgel retorna ao partido

A primeira vereadora do PT em Mossoró está de volta à sigla. Telma Gurgel foi eleita em 1992 e ocupou um mandato na Câmara Municipal entre 1993 e 1996. Nos últimos anos, ela estava no PSOL e diz que o retorno se deve à campanha de Lula em 2022 e à necessidade de fortalecer o campo à esquerda, contra a extrema-direita.

“Eu participei ativamente da campanha [de Lula em 2022], tanto no primeiro como no segundo turno. Isso me reaproximou um pouco da militância do PT, porque eu fiz essa campanha junto com o conjunto de companheiras e companheiros do PT, e a partir daí eu comecei a refletir um pouco sobre a necessidade de me reorganizar dentro do PT”, afirma.

“E principalmente nesse último período que a gente vê que a nossa batalha não é apenas pela eleição, mas é para garantir essa governabilidade mais para a esquerda, para que a gente apresente realmente um projeto de saída do Brasil dessa influência da extrema direita que está super organizada no mundo e no Brasil. Então a emergência tem muito disso, dessa conjuntura de pressão da extrema-direita sobre o governo e da necessidade da gente fortalecer a programática que tem as ruas, que ganhou e que foi apoiada pelo povo brasileiro”, pontua.

A professora aposentada da Uern também fundou e coordenou o Centro Feminista 8 de Março. Ela tentou a reeleição em 1996, sem sucesso. Passou mais de 20 anos afastada das eleições e em 2018 concorreu a senadora pelo PSOL, tendo recebido 23.846 votos. Em 2020, disputou mais uma vez uma vaga para vereadora de Mossoró numa chapa coletiva com mais duas mulheres. 

“O PSOL pra mim é um partido muito importante na conjuntura nacional. Acredito que ele tem um papel a cumprir no sentido de estar sempre pautando as temáticas e as bandeiras mais à esquerda. Dentro dessa conjuntura, eu acho que o PSOL em nível nacional cumpre muito esse papel de estar pontuando isso, é mais autônomo, digamos assim. Na realidade, quando eu fui candidata a senadora pelo PSOL, foi uma coisa completamente inusitada na minha vida. Eu jamais imaginei que eu ia entrar no PSOL e já assumir uma tarefa de uma candidatura majoritária. Eu sou uma pessoa que desde os meus 20 anos que eu tenho essa militância  vinculada a base partidária”, comenta.

Por outro lado, a professora se diz frustrada com as dificuldades de construção do PSOL localmente.

“Eu sou uma pessoa militante. A minha vida é essa militância, desde o movimento estudantil até todas as esferas que eu passei de militância política. Eu avalio que foi uma experiência interessante. Infelizmente em nível do Rio Grande do Norte, a gente tem muita dificuldade de construção partidária da militância de base do PSOL, e acho que isso me frustrou um pouco, no sentido do investimento maior na permanência do PSOL”, diz.

Mesmo retornando ao lar que lhe fez vereadora, Telma nega que vá buscar uma cadeira na Câmara de Mossoró neste ano.

“Meu retorno ao PT não está vinculado às eleições de 2024. Eu não tenho nenhuma pretensão de sair candidata a nada nesse ano de 2024. Foi um retorno para fortalecer essa reconstrução dos direitos e da democracia no Brasil”, justifica.

Professora doutora da Uern, em 2017 Gurgel também concorreu à reitoria da universidade, tendo levado 37,3% dos votos contra Pedro Fernandes, que venceu com 62,7%. Antes de se aposentar, também já foi chefe do Departamento de Serviço Social e diretora da Faculdade de Serviço Social por dois mandatos.