Voleibol: o esporte que pede passagem
Natal, RN 13 de mai 2024

Voleibol: o esporte que pede passagem

28 de abril de 2024
6min
Voleibol: o esporte que pede passagem

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É certo que vivemos no chamado país do futebol. Muito se gasta e muito se paga ao futebol, mesmo que haja um enorme desigualdade no mundo da bola. Uma vez que temos times que pagam 2 milhões de salário a um só jogador, que muitas vezes nem titular é de seu time, como em outros casos, clubes que não tem condições de pagar um salário mínimo à um jogador destaque de sua equipe. São inúmeros os casos de clubes, até mesmo profissionais, em que seus jogadores precisam ter uma outra profissão para poderem se manter e se sustentar. Nem só de futebol milionário se vive nesse país.

Assim, para jogadores de salários astronômicos existirem, outros milhares vivem em situações precárias, inclusive de saúde, se submetem a rotinas degradantes, ou simplesmente se alimentam do sonho de um dia serem um jogador de destaque, mesmo que tenha talento para tal. A sorte do boleiro não bate à porta de todos de maneira igual.

Sem falar que temos os casos inúmeros do machismo no futebol, que só agora começa a olhar para as mulheres... E em passos de formiguinha, começam a valorizar com respeito, dignidade, salários e visibilidade, o futebol feminino. Que em muitos casos dá mais show e espetáculo que o próprio masculino. Sigamos!!!

Nas Olimpíadas de Paris 2024 o futebol nem sequer se classificou. Mesmo que seja detentor dos 2 títulos últimos ouros olímpicos, só veio a conquistar as olímpiadas em 2016, no Rio de Janeiro. Um feito que demorou muitas edições até acontecer, sendo que outros esportes conquistaram o ouro muito antes.

Com tanta exploração do país do futebol, temos nesse mesmo país, um esporte que dá muitos frutos, títulos e alegrias ao brasileiro, mas que segue sempre em uma prateleira inferior ao futebol, haja o que houver, independente do sucesso que o tenha. Estamos falando do voleibol.

É um esporte que sofre primeiramente com o preconceito quanto à questão de gênero, no qual historicamente é conhecido como um esporte tipicamente feminino, em que homens que praticassem fossem considerados homossexuais, imputando à isso uma questão de menosprezo.

Primeiro, não há problema algum em uma pessoa ser homossexual, pratique ela voleibol, futebol ou qualquer outro esporte. Segundo, não há nada que determine que um homem hetero não possa praticar o voleibol. Esporte e questão de gênero não tem necessidade de estarem interligadas. Precisamos aprender a dissociar e respeitar todos os esportes e identidades de gênero.

O voleibol é um esporte altamente vencedor em nosso país, que desde meados de 2000, quando passei a jogar e acompanhar o vôlei, vejo o quanto fomos vencedores, seja com as seleções masculinas ou femininas, foram muitas medalhas olímpicas, de ouro inclusive, muitos títulos de Gran Prix e Liga Mundial, de campeonatos mundiais, etc. Porém, continuamos numa prateleira muito abaixo do futebol. Principalmente no que diz respeito à publicidade em televisão e investimentos.

Como é difícil promover o voleibol na cidade de Natal. É difícil conseguir quadras para treinamentos e jogos, conseguir patrocínios e apoios institucionais. Só quem o faz sabe o trabalho hercúleo que dá.

Ano passado tivemos em Natal a realização da Superliga C, equivalente à 3ª divisão nacional da modalidade. Na ocasião contamos com 2 times masculinos representantes da cidade, o Alecrim/UFRN e o Vôlei Natal, e 2 times femininos, o Shiro e o Vôlei Natal. Os dois times do Vôlei Natal sagraram-se campeões e conquistaram o acesso à Superliga B, a 2ª divisão do esporte nacional.

Em janeiro desse ano os dois times novamente somaram muitos esforços para manter os times inteiros e participaram da Superliga B de maneira forte e honrosa, conseguiram assim se manterem nessa 2ª divisão em ambos os naipes e, na próxima temporada, irão tentar o acesso à elite do voleibol nacional, colocando não só Natal, mas o Nordeste em destaque na categoria. Tudo isso com enorme esforço e junção de inúmeras parcerias, para que fosse possível arcar com todos os custos operacionais dos dois projetos.

A cidade começou a viver mais o espírito do voleibol, lotando o Palácio dos Esportes na Praça Cívica. Espero que o esporte seja ainda mais valorizado. Que os empresários, o poder público, os canais de comunicação, as mídias, e a população em geral possa dar mais atenção à um esporte tão vencedor quanto o futebol, se não for mais. Que o menino ou menina também pense em ser um jogador de voleibol, assim como querer ser de futebol, pois sonham com a fama e os altos salários dos que estão em destaque na mídia.

Que possamos ter mais projetos sociais que visem dar oportunidade aos nossos jovens de saírem das ruas e possam aprender mais uma modalidade.

O esporte é acima de qualquer coisa, uma questão de educação, disciplina, segurança pública, ou seja, promotor de cidadania.

Vale deixar claro aqui para quem me lê, que sou amante do futebol, assisto sempre que posso os jogos do meu time de coração. Mas sei que podemos e devemos dar passagem não só ao voleibol, mas a todas as demais modalidades esportivas tão edificantes e importantes para a sociedade brasileira, em especial aos nossos jovens.

E fica aqui um convite: essa semana teremos o Campeonato Brasileiro Interclubes da categoria sub-17 - masculino, que acontece de 30/04 a 05/05, no Palácio dos Esportes, aberto ao público, para que possam torcer pelos times de Natal, e prestigiar o voleibol.

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