Quem é Geovana Moura, atleta potiguar que vai aos jogos Paralímpicos
Natal, RN 2 de jul 2024

Quem é Geovana Moura, atleta potiguar que vai aos jogos Paralímpicos

30 de junho de 2024
8min
Quem é Geovana Moura, atleta potiguar que vai aos jogos Paralímpicos
Geovana Moura é de Natal e tem 25 anos | foto: cedida

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“O goalball desde que eu conheci tem sido tudo em minha vida”, conta Geovana Moura, atleta potiguar convocada para os Jogos Paralímpicos de Paris de 2024.

Atleta de Goalball desde 2014, esporte baseado nas percepções táteis e auditivas, onde os atletas arremessam e defendem o gol, a jovem de Natal realiza o sonho de participar da sua primeira paralimpíada. 

Geovana, 25, é convocada da seleção brasileira de Goalball desde 2016 e por muito pouco não participou dos Jogos do Rio, naquele ano, e também da competição em Tóquio, em 2020. Embora estivesse quase lá, no Rio ainda não tinha experiência e, no Japão, ficou grávida da sua filha. 

“Eu fui convocada para a seleção em 2016 e já estava naquela preparação toda para a Paralimpíada do Rio eu só pude participar de uma convocação, até porque as meninas já vinham se preparando e tal, e super entendi. Então, teve esse intervalo, só competindo e treinando com o meu clube, e no final de 2016, eu fui convocada para uma competição juvenil, onde a gente disputou no Equador, em Quito”, explicou a atleta para a Agência Saiba Mais. 

Em 2016, nos Jogos do Rio, Geovana era recém convocada da seleção e as atletas que treinavam há mais tempo pela camisa brasileira participaram das competições. Em 2020, mais madura e preparada para a competição mundial, uma surpresa adiou sua presença nos jogos: a chegada da sua filha Heloísa, que hoje tem 2 anos. 


“Em Tóquio, embora eu já estivesse quase lá, eu fiquei grávida. E aí, tive que me ausentar do esporte por um ano, um ano e meio. E aí, me resguardei, saí do cenário pra cuidar da minha bebezinha.”, lembra. | foto: cedida

4 meses depois, já de volta às quadras, Geovana voltou a treinar pela camisa verde amarela, trilhando seu caminho até a capital francesa.

“Desde aí, vim treinando bastante e bem focada, justamente para não perder essa nova oportunidade que estaria para surgir, que era para a Paralimpíadas de Paris”, detalha. 

Paixão pelo esporte começou na adolescência 

O esporte que vai levar a potiguar para a Europa entrou em sua vida quando ela tinha apenas 14 anos. Geovana nasceu com catarata congênitade e é deficiente visual, a atleta conta que sempre gostou de praticar os mais diferentes tipos esportes e acompanhá-los, isso tudo sem sequer imaginar que um dia estaria em uma paralimpíada. 

“Não passava nunca na minha cabeça que um dia eu ia ser convocada para uma Paralimpíada. Como eu pratico desde os meus 14 anos, eu já venho me destacando nas competições. Já venho me destacando nas competições regionais e nacionais. Então em 2015 eu já fiz meu primeiro regional, onde eu pude ser artilheira e campeã com a minha equipe. E de lá pra cá, tem sido uma trajetória de vitórias, graças a Deus.”, detalha emocionada. 

A paratleta, inclusive, recentemente foi vice-campeã com a seleção brasileira no Ladys Malmo Cup, na Suécia, um dos principais torneios internacionais de Goalball feminino e masculino do mundo. Além disso, Geovana também é campeã regional e artilheira pelo seu clube, a Associação de Deficientes Visuais do Rio Grande do Norte. 

“Todos os anos tem o Malmö Lady Intercup, que é onde juntam as melhores equipes do mundo para disputar esse torneio. E a seleção brasileira foi vice-campeã. Perdemos para o Japão num jogo bem acirrado que terminou em 3 a 2. E esse é um bom resultado, de que a gente está no caminho para chegar todas voando e mostrar para as outras equipes que a gente está no caminho para o ouro. Para brigar pela medalha de ouro lá em Paris.”, conta.

Para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, a potiguar está ansiosa, animada e com garra para representar o Rio Grande do Norte e o Brasil na competição.

A parte triste disso tudo, segundo Geovana, é a saudades da filha que durante os treinos e viagens fica aos cuidados do pai e dos avós paternos.

“Embora seja o melhor para nós duas, tem essa parte que é um pouco dolorosa, mas de antemão, é tudo tranquilo.”, tranquiliza a atleta, que luta para conquistar seus sonhos e de sua família. 

Geovana foi artilheira pelo seu clube | foto: cedida

Para conquistar a medalha para o país, aliás, a rotina não é fácil. A atleta treina intensamente em ciclos de 15 dias. Porém, por causa dos Jogos, toda sua rotina, treinamento e dedicação precisaram ser mais intensificados.

“Desde que eu retomei a seleção, a minha preparação tem sido forte e bastante intensa. São fases de treinamento de 15 em 15 dias, principalmente esse ano, que é o Ano Paralímpico. A seleção treina no Centro de Treinamento Paralímpico, que fica em São Paulo. Tô muito animada. A preparação está a todo vapor. Tô me doando o máximo para trazer o tão sonhado ouro paralímpico feminino, que ainda não foi conquistado.”, finaliza.

Goalball é um esporte criado diretamente para atletas PCDs

O goalball é um esporte para pessoas com deficiência, onde jogam seis atletas, sendo três reservas e três titulares. Para isso, a quadra é toda demarcada com fita e barbante, para que os jogadores possam se localizar no ambiente. Já a bola, tem 76 cm de diâmetro e pesa 1,25 kg.

“Dentro da bola, ela é toda de borracha e dentro dela tem um guizo, onde a gente se orienta pela audição. A gente defende deitados. Todos são os goleiros, ou digamos assim: todos são atacantes. Todos nós defendemos e todos nós atacamos. A ideia é furar a defesa do outro lado”, explica Moura.

Guizo é um material oco de metal que produz um som semelhante a um chocalho.

Segundo a Rede do Esporte, do Governo Federal, ao invés de adaptar uma modalidade às necessidades dos deficientes, o austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle criaram, em 1946, um novo esporte direcionado aos veteranos da Segunda Guerra Mundial que haviam perdido a visão, o Goalball. No Brasil, o esporte começou a ser praticado em 1985 e, 10 anos depois, a seleção nacional conquistou a medalha de prata nos Jogos Parapan-Americanos de Buenos Aires. A estreia nos Jogos Paraolímpicos foi em Pequim-2008 e apenas quatro anos depois, nos Jogos de Londres, em 2012, a equipe masculina ficou com a inédita medalha de prata. 

“Esse esporte foi criado e não é adaptado. Ele foi criado para a pessoa com deficiência, onde aquelas pessoas que vinham da Segunda Guerra Mundial, vinham alguns cegos, outros com problemas para enxergar, e aí foi criado nesse tempo. E como a ideia é que seja de igual para igual, nós jogamos, além da bandagem (faixa de tecido) que a gente faz com esparadrapo nos olhos, a gente ainda joga com um óculos, que é oficial, ele é todo preto, e aí a gente coloca para ninguém ver nada.”, explica a atleta. 

foto: Rede do Esporte/ GOV

Atletas potiguares nos Jogos Paralímpicos da França

O Comitê Paralímpico Brasileiro anunciou nesta semana a convocação de 124 atletas de 10 modalidades que representarão o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Além de Geovana Moura, que é do Goalball, também estão na lista de atletas potiguares: Adriana Azevedo, na canoagem; Romário Marques, no goalball e Cecília Araújo, na natação.

Leia também: Conheça a nadadora do RN convocada para os Jogos Paralímpicos de Paris

De acordo com o Comitê, ainda serão realizadas as convocações de mais nove modalidades, sendo elas: atletismo, bocha, ciclismo, halterofilismo, judô, remo, tiro esportivo, tiro com arco e triatlo, no próximo dia 11 de julho, no Youtube. Já os atletas do tênis em cadeira de rodas serão anunciados sete dias depois, no dia (18).

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