Reivindicar direitos sim, mas nunca usando táticas de milícias
Natal, RN 2 de mai 2024

Reivindicar direitos sim, mas nunca usando táticas de milícias

22 de fevereiro de 2020
Reivindicar direitos sim, mas nunca usando táticas de milícias

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Nós, do Policiais Antifascismo do RN manifestamos todo o nosso apoio às justas reivindicações de melhores remunerações e condições de trabalho para policiais de todo o Brasil. Sabemos, por sentir na pele como servidores públicos, muitos pais e mães de família, que uma profissão e uma atividade com o nível de periculosidade, stress, risco à vida, e exposição como a do policial, requer remuneração condizente com sua atividade. Por isso, ao defendermos a desmilitarização, não somos contra a Polícia Militar, mas entendemos que a única maneira de exercer o salutar e constitucional direito de greve, como meio de justa reivindicação de direitos, é por meio de uma corporação fardada, mas desmilitarizada.

Compreendemos que o triste episódio ocorrido em Sobral, onde a insensatez de um senador e a truculência delituosa de manifestantes policiais encapuzados, que resultou em tiros e acusação de tentativa de homicídio de ambos os lados, não pode macular a luta por melhores salários. Policiais amotinados não podem adotar a lógica autoritária e bolsonarista das milícias, fechando o comércio com toques de recolher e atacando outras viaturas, a fim de justificar suas reivindicações.

O capuz tem que ser símbolo de resistência a uma opressão e não um instrumento dela, como forma de acobertar abusos ou delitos. É preciso ganhar o povo para a polícia e não lançá-lo contra ela. Acreditamos que, de forma equivocada, algumas associações estão comprando o discurso militarista do confronto, inclusive armado, transformando governadores em inimigos, quando, na verdade, o pior inimigo é o fascismo e a ignorância, quando oportunistas de plantão se valem dos justos protestos de policiais para convertê-los em bandidos, na falsa lógica de que "com uma arma de fogo e um capuz, tudo faço"!

Reiteramos nosso compromisso com a luta de todos os trabalhadores brasileiros, especialmente nossos policiais, que trabalham com o que há de maior aterrador e violento em nossa sociedade, que é o terrível fenômeno da criminalidade, mas não podemos fechar nossos olhos para atitudes precipitadas e equivocadas, mediante a provocação de políticos coronelistas que, também truculentos, acabam fazendo com que caíamos na armadilha da desmoralização e da criminalização de movimentos reivindicatórios.

É hora de abrir os olhos, pois só quem perde são os mais fracos, e juntos, com o restante da massa trabalhadora e apoio popular, seremos mais fortes!!

Sobre os fatos ocorridos em Sobral no Ceará:

• Há de se separar os que lutam legitimamente por seus direitos, dos Milicianos. Os Milicianos em regra não participam de movimentos reivindicatórios;
• As associações não deveriam utilizar-se de atos de Milícia e muito menos banalizar os mecanismos legítimos de luta por direitos das Associações em todo o Brasil conquistado a duras penas e várias anistias;
• A Ação de Cid Gomes foi tanto quanto fascista como alguns atos dos revoltosos militares. Não é preciso explicar o quanto de fascismo existe no ato de passar uma retroescavadeira em cima de trabalhadores;
• Bolsonaro continua a ter um efeito devastador no movimento associativista de Praças militares no Brasil, na medida em que deslegitimou lideranças progressistas das Associações e aumentou a influência de Bolsonaristas nelas. Além disso, o discurso Bolsonarista de desdém à Democracia e o empoderamento pelas armas tem motivado ações violentas no movimento paredista cearense.
• A Milícia não sobrevive sem bases políticas, portanto é preciso observar o que ocorre na política cearense que já elegeu um Deputado Federal, um Deputado Estadual e um Vereador, todos assumidamente Bolsonaristas. Não que os representantes das associações não possam se candidatar, mas é preciso entender que mandatos servem para fortalecer a representatividade das associações, não ao contrário.
• É preciso que a Esquerda dispute os trabalhadores da segurança para que eles se reconheçam na luta de outros trabalhadores, para além disso, que eles percebam as injustiças e opressões em que são utilizados para manter os privilégios de uma minoria rica sobre a maioria pobre.
• Não há movimento reivindicatório sem apoio popular; fechar comércios, retirar viaturas de quartéis e colegas policiais de dentro de viaturas soa muito mais à população como chantagem a ela mesmo, do que pressão contra o Governo.
• É preciso ter cuidado para que movimentos legítimos não se transformem em mecanismos de ataque de políticos fascistas aos Governos de esquerda legitimamente eleitos pelo voto do povo;
• Bolsonaro está fortalecido com as ações de militares contra a institucionalidade dos governos estaduais, pois acredita que assim pode criar ambiente para confrontar o Judiciário e o Legislativo e finalmente estabelecer o Governo pelas armas e não pelo povo. Caso não consiga, se valerá da GLO para colocar-se como herói, pois infelizmente é dele a maioria do apoio dos policiais cearenses, tanto quanto dos operadores de segurança pública da Força Nacional; e
• Por fim é preciso que a sociedade reivindique a desmilitarização das polícias, como forma de trazer cidadania e direitos aos trabalhadores da segurança pública e enfraquecer o seu aparelhamento contra a democracia.

CONTRA O FASCISMO, SEM PIEDADE!!✊?✊?✊?

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