Convivência social melhora saúde mental dos idosos, aponta pesquisa da UFRN
Natal, RN 26 de abr 2024

Convivência social melhora saúde mental dos idosos, aponta pesquisa da UFRN

24 de janeiro de 2022
5min
Convivência social melhora saúde mental dos idosos, aponta pesquisa da UFRN

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Uma tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRN concluiu que é possível reduzir sintomas depressivos e melhorar a saúde mental, estado geral e saúde física dos idosos com maior convivência social.

A pesquisa foi sobre a qualidade de vida e depressão em idosos e buscou analisar como a convivência social pode afetar o bem-estar dessas pessoas. O trabalho é de Bruno Araújo, que desenvolveu e testou a efetividade de uma intervenção educativa com várias dimensões para melhorar a qualidade de vida e reduzir sintomas depressivos em idosos atendidos na atenção primária à saúde.

A tese - intitulada Qualidade de vida e sintomas depressivos em idosos da atenção primária à saúde: estudo de intervenção e comparativo no Brasil e em Portugal - defende que o acompanhamento e o estabelecimento de um vínculo de confiança entre a equipe de cuidadores e o idoso são fundamentais para sua saúde mental.

Essa afinidade deve ser efetuada, inclusive, em comunidades em que é observada a falta de condição para impor hábitos saudáveis, prevenção e tratamento de doenças. Pois a melhor forma para isso é que seja estimulada pelas equipes da Atenção Primária à Saúde (APS), que são profissionais que atuam diariamente em contato direto com esse público.

Para realizar a pesquisa, foram usados dois métodos. O primeiro testou o impacto de intervenções multidimensionais aplicadas a idosos brasileiros e ligadas à Atenção Primária à Saúde. O segundo foi uma observação, comparando a associação e o risco da depressão sobre os aspectos da qualidade de vida entre idosos usuários da APS residentes no Brasil e em Portugal.

O pesquisador explica que seu objetivo era o de observar as fragilidades envolvendo a comunidade mais velha. “Pesquisei sobre a condição socioeconômica dentro de Natal e analisei como as intervenções iam afetar o contexto da saúde dessas pessoas. Elas tiveram uma melhora dos aspectos de qualidade de vida, tanto na questão mental quanto emocional e física”, declara o pesquisador.

Para isso, os participantes foram pareados para o Grupo Intervenção, sendo criadas combinações e perfis, estabelecendo características de gênero, faixa etária, estado civil, escolaridade e renda familiar. De acordo com o perfil estabelecido para a primeira equipe, também foram atribuídas características para o Grupo Controle. Com os resultados obtidos, profissionais da saúde podem conhecer melhor os cenários estudados e compreender o que afeta o conforto, a saúde psicológica e a realidade socioeconômica dos idosos.

De acordo com Bruno Dantas, atualmente há uma intensidade dos sintomas de distúrbios mentais, inclusive a depressão em idosos, e as ferramentas usadas para o desenvolvimento de sua investigação podem facilitar o diagnóstico desses casos. “O impacto dessa pesquisa está voltado para a execução de uma política de saúde com intervenções como o contato social. Esse diagnóstico possibilita planejar medidas assertivas para a implementação dessas políticas”, completa Dantas.

Como método de pesquisa, foram usados questionários para dados demográficos (para coletar informações como a idade, gênero, estado civil, renda familiar e nível escolar); o Medical Outcomes Short-Form Health Survey, um instrumento de avaliação genérica de saúde com questões claras e objetivas sobre as percepções do participante sobre saúde, limitações físicas e emocionais e expectativas sobre sua saúde; a Escala de Depressão Geriátrica de 30 itens, utilizada em pesquisas com idosos com perguntas objetivas sobre sintomas depressivos, gerando um escore que pode ser utilizado para classificar a presença e a gravidade da depressão geriátrica; e o Miniexame de Estado Mental, exclusivo para avaliar a função cognitiva.

Durante os testes, sete tipos de intervenções foram realizadas na expectativa de ver qual era o mais eficaz para alcançar melhorias na qualidade de vida do grupo estudado. As interferências eram simulação realística de supermercado; abordagem nutricional e hábitos alimentares; tecnologia de manuseio e interação social; exercícios e atividades físicas acessíveis; gamificação de hábitos alimentares; pesquisa de alimentos online e tecnologia para entretenimento.

No segundo estudo, foi analisado um comparativo entre o Brasil e Portugal em relação aos idosos. A observação trouxe resultados quantitativos para comparação. Para realizá-la, foram utilizados questionários com dados socioeconômicos e de saúde. Nessa etapa da investigação, foi possível ver que há uma presença maior de mulheres entre 65 e 80 anos em ambos os países, mas há uma diferença de renda, e isso leva a que os idosos de Portugal tenham mais qualidade de vida.

Como resultado, constatou-se que as intervenções aplicadas no primeiro momento demonstram um desfecho favorável no Grupo Intervenção em comparação ao Grupo Controle. É possível ver uma redução dos sintomas depressivos e uma melhora na saúde mental, estado geral e saúde física dos participantes do Grupo Intervenção. No segundo instante, destaca-se a associação, correlação e risco entre a depressão e os aspectos relacionados com questões emocionais, físicas, funcionais e de saúde mental. Os dados se mostraram mais expressivos em Portugal em comparação ao Brasil.

O autor da tese, Bruno Dantas, diz que pensa em realizar novas pesquisas relacionadas ao assunto e que teve muita motivação com os resultados obtidos durante o estudo. Ele afirma que é importante pesquisar e garantir respostas para o avanço científico.

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