Mulher potiguar no Catar viu Copa com “mistura de cultura” e assédios
Natal, RN 16 de mai 2024

Mulher potiguar no Catar viu Copa com “mistura de cultura” e assédios

13 de dezembro de 2022
3min
Mulher potiguar no Catar viu Copa com “mistura de cultura” e assédios

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A estudante natalense Giovana Morais, 23, nunca imaginou que iria assistir a Copa do Mundo direto do Catar. Sem acompanhar futebol e sem sequer torcer para algum time específico, ela foi parar no país do Oriente Médio após ganhar um sorteio e viveu uma “mistura de cultura” no território dos sheiks. Entretanto, presenciou também assédios a mulheres no país conservador, onde as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são criminalizadas e mulheres vivem sob um sistema de tutela masculina. 

“Eu nunca tinha ouvido falar no Catar, nunca tinha ido para a Copa, era completamente alheia, então foi bem aleatório. Mas eu curti muito, foi muito interessante”, comenta Giovana, que viajou após ganhar um sorteio de uma operadora de cartão de crédito.

A descoberta sobre ganhar o prêmio só veio em outubro. A viagem aconteceu em 28 de novembro, e o retorno ao Brasil foi em 3 de dezembro. Lá, ela assistiu dois confrontos da fase de grupos: Arábia Saudita x México, e Brasil x Camarões. Antes de embarcar, entretanto, fez pesquisas para se inteirar das leis rígidas do país.

“As pessoas falavam muito para eu tomar cuidado, mas ao mesmo tempo eu pesquisava bastante sobre pessoas que moravam lá. Por exemplo, questão de vestimenta eu achava que era mais rígida do que era. Tem gente até que sai com roupa mostrando os ombros, o joelho, com decote, mas que não é legal [para a cultura local]”, diz.

No país muçulmano, o corpo feminino deve estar sempre coberto. Blusas regatas, decotes, roupas justas, shorts ou saias acima do joelho estão vetadas, mas uma espécie de “vista grossa” foi adotada durante o Mundial. No começo, entretanto, ela ainda preferiu andar ao lado de homens para evitar importunação.

Foto: cedida

“Eu decidi ir não mostrando os ombros, os joelhos, e foi bem tranquilo enquanto eu tava com os meninos, porque eu fui com um acompanhante homem, um amigo, e também fiz amizade com outros meninos lá na viagem. Eu sempre estava acompanhado deles, então não senti absolutamente nada, mas quando eu experienciei andar sozinha, realmente tinha muitos caras que ficavam a todo momento tentando algo comigo”, explica.

“Eu acho que é um país bastante acostumado com imigrantes, geralmente, mas ainda assim acontecem situações chatas de você estar sozinha e tem os caras que acham que estão no direito de seguir você, você falar ‘não’ e ele continuar seguindo você, querendo de toda forma”, lamenta. Para Giovana, essa foi a “parte chata de sair sozinha”.

Ainda assim, a natalense retornou feliz da Copa.

“A experiência da viagem foi maravilhosa, a maior experiência da vida com a mistura de culturas do Catar, já que é um país que grande parte da população é imigrante de vários países diferentes, e ainda mais na Copa”, afirma. “Então era muita riqueza cultural, era muita infraestrutura também”.

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