A trajetória de Jeniffer Rocha, primeira dirigenta transexual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Norte, é tema de filme. O curta-metragem “Jeniffer” foi lançado em junho e já circulou em sete festivais, tendo recebido menção honrosa no Festival Internacional de Cinema LGBTQUIA+ do Rio de Janeiro e considerado o melhor curta por voto popular no CineQueer UFPE – Dacine.
Em 18 minutos, o filme revela passos de uma mulher trans em sua luta por uma vida digna e próspera em um acampamento do MST em Ceará Mirim, no Rio Grande do Norte. O curta documental foi produzido por artistas LGBTQIA+ com o apoio do coletivo estadual de cultura do MST.
Segundo Matheus Mendes, diretor do filme e membro do coletivo estadual de cultura do MST, a obra visa “retratar de forma mais poética e performática a vida de Jeniffer, nossa primeira dirigenta transexual do coletivo LGBT do Rio Grande do Norte“. Para Mendes, “a ideia é mostrar um pouco o papel que ela ocupa para nossa organização e também para o conjunto da sociedade, influenciando outras meninas e meninos trans“.
Na sinopse, se destaca não só a militância política de Jeniffer, mas sua relação com a terra, já que desde que entrou para as fileiras do movimento, em 2019, a jovem passou a ser também agricultora.
“Da horta à performance poética, acompanhamos campos vastos e férteis de uma trajetória aguerrida que nos mostra o quanto a terra é capaz de mexer com a própria existência. Neste cultivo poético e performático, territórios e ancestralidades fazem florescer na tela percursos transformadores”, afirma o texto da sinopse.
Foi dentro do movimento sem terra que Jeniffer se descobriu mulher trans. A jovem vivia conflitos familiares por sua identidade LGBTQIA+ até que uma vizinha a indicou morar na Comuna Fidel Castro, um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Ceará Mirim.
Apesar do preconceito inicial com o movimento sem-terra, Jeniffer passou a morar na Comuna em 2019. Lá ganhou sua própria casa, passou a plantar no seu quintal produtivo e assumiu tarefas na organização.
Através das formações e encontros com grupos LGBT Sem Terra, se reconheceu como mulher trans. Em entrevista para o portal nacional do MST, ela revelou que se não fosse Sem Terra, talvez não seria Jeniffer. “No movimento, você se descobre, tem a oportunidade de se entender como realmente é”, explica.
Hoje, Jeniffer faz parte da direção do Coletivo LGBT Sem Terra do MST no estado e pode ver sua própria história na grande tela.
A repercussão da produção surpreendeu toda a equipe. Segundo o diretor Matheus Mendes, “estamos surpresos com o alcance do filme. É um filme feito de forma independente e sem recursos, propomos uma perspectiva de captação mais poética. As captações de áudio e imagem foram feitas ao longo de muitos momentos, com diferentes equipamentos, em diferentes suportes”.
O filme tem indicação livre. Tem direção de Matheus Mendes e roteiro de Vicente Vince. Mattheus Corpo e Vicente Vince assinam a assistência de direção. A direção artística é de Mattheus Corpo. A produção executiva foi realizada por Matheus Mendes, Mattheus Corpo e Vicente Vince. A direção de produção é de Matheus Mendes. Já a direção de fotografia e de câmera foi feita por Luiza Medeiros e Matheus Mendes. O figurino é assiando por Mattheus Corpo e Vicente Vince. As imagens são de Luiza Medeiros, Matheus Mendes, Mattheus Corpo e Vicente Vince. Já montagem, edição e trilha sonora são de João Carvalho. A concepção é de Mattheus Corpo, Vicente Vince, Matheus Mendes e Luiza Medeiros. A música presente no filme é “Pariu a Si Mesma – por Aiyra”, uma composição Aiyra e Kaju Ataíde.
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