1º Encontro de Mulheres da Comunidade Universitária do RN debate abusos nos campus

Discutir e enfrentar os desafios vivenciados pelas mulheres nas instituições de ensino superior. É com este objetivo que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte sedia o 1º Encontro de Mulheres da Comunidade Universitária (EMU). O evento ocorre nos dias 6 e 7 de outubro, no Centro de Biociências da UFRN, e busca reunir estudantes, trabalhadoras terceirizadas, técnicas e docentes da UFRN e da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).

Organizado por diversos movimentos sociais que atuam na UFRN, como o Movimento de Mulheres Olga Benário, o movimento estudantil Correnteza e o Movimento Luta de Classes, o 1º EMU conta com a colaboração de centros acadêmicos da Universidade e visa promover o debate sobre as lutas das mulheres e traçar objetivos concretos para enfrentar as questões de gênero no ambiente universitário.

De 2008 a 2019, pelo menos 556 mulheres, entre estudantes, professoras e funcionárias, foram vítimas de algum tipo de violência em instituições de ensino superior. Os dados, fruto de um levantamento inédito feito pelo Intercept Brasil, mostram que, entre os casos, há assédio sexual, agressão física e/ou psicológica e estupro – a maioria dentro das instalações universitárias e praticada principalmente por alunos e professores. A análise partiu de 209 ocorrências levadas às instituições – em algumas delas, um agressor foi apontado por mais de uma vítima.

Durante os dois dias de evento, está prevista uma marcha na Universidade em prol do fim da violência contra as mulheres, mesas de debates, discussões em plenária sobre as perspectivas das lutas das mulheres na comunidade universitária, grupos temáticos abordando tópicos como Mulheres na Ciência, Maternidade, Mulheres Negras, Violência contra as Mulheres e Mulheres Trabalhadoras, um conversatório sobre Mulheres LBTs e Diversidade, além de uma Mostra Cultural Feminista e uma feirinha de exposição.

A organização do evento vai oferecer apoio em diversas áreas, incluindo alimentação, alojamento e creche, com almoço para as crianças incluso. Além disso, haverá tradutoras e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para promover a acessibilidade e a inclusão. As inscrições para participar já estão abertas e podem ser feitas através de um formulário online, com um valor de R$ 20. Homens também são convidados a participar como ouvintes, sendo necessário se inscrever.

A equipe de organização do evento está em busca de artistas mulheres para apresentações e intervenções na Mostra Cultural Feminista, bem como de intérpretes e tradutores de Libras. Além disso, estão sendo convidados estudantes de Pedagogia para auxiliar na monitoria na creche do encontro, em colaboração com o Núcleo de Educação da Infância (NEI) da UFRN.