Natal terá aplicativo de transporte exclusivo para mulheres
“Teve uma vez que o condutor ficou me pedindo para pegar uma almofada que estava no banco de trás e passava a mão na minha perna, tentando pegar. Outra vez, eu entrei no carro e atrás da gente, um ônibus buzinava com irritação e ele [o motorista] saiu com essa pérola: ‘o cara briga com a mulher de manhã e não dá uns bofetes nela e fica nervosinho no trânsito’. Entrei quieta e saí calada”, conta Isadora Cruz, nome fictício para a mulher que, assim como muitas outras, passou por assédios e fica mais aliviada a cada vez que encontra uma mulher no volante ao pegar um carro por aplicativo.
De olho neste mercado, a partir de segunda (29), o aplicativo Lady Driver começa a operar em Natal. O app aceita apenas mulheres como motoristas e passageiras, prometendo mais segurança para as usuárias.
"Nós mulheres, passamos algumas vezes situações desconfortáveis da mesma forma que as clientes. Por buscar essa viagem segura e de responsabilidade, e o app vem exatamente com esse propósito, resolvi aderir para me sentir mais confortável e passar também esse conforto e credibilidade para minhas clientes", avalia Hudneide Vieira da Nóbrega, de 56 anos, que já trabalha como motorista de aplicativo há sete anos e é uma das cadastradas no Lady Driver.
O aplicativo, que já atua em mais de 200 cidades brasileiras, começa a operar em Natal e nas cidades de São Gonçalo do Amarante e Parnamirim, que fazem parte da região metropolitana da capital.
“Todas que entram nos nossos carros, as palavras mágicas que ouvimos são ‘graças a Deus que é uma mulher’ ", continua Hudneide.
A Lady Driver surgiu em 2017 como pioneira nesse mercado. O app de transporte começou com atuação no mercado de São Paulo (SP), depois expandiu os negócios para Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), Teresina (PI) e Rio de Janeiro (RJ). Atualmente, o app também em diversas cidades do Nordeste, como Salvador (BA), Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Recife (PE), Olinda (PE) e, em breve, Fortaleza (CE) e João Pessoa (PB).
“Para as mulheres, esse serviço é uma forma de evitar o desconforto do assédio que, infelizmente, tem se tornado mais frequente. A CEO da empresa, Gabryella Corrêa, foi uma das vítimas em 2016 e descobriu em uma pesquisa nacional que 97% das mulheres já sofreram algum tipo de importunação no transporte e que não se sentem seguras ao usar o serviço”, revela Rebecca Cabral, licenciada pelo aplicativo na Grande Natal.