Rogério se esquiva da responsabilidade no orçamento secreto
Natal, RN 12 de mai 2024

Rogério se esquiva da responsabilidade no orçamento secreto

6 de fevereiro de 2024
5min
Rogério se esquiva da responsabilidade no orçamento secreto
Senador ainda voltou a defender tradição de “apaziguamento” no Brasil pós 8/1 | Foto: divulgação

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O senador Rogério Marinho (PL) foi o convidado desta segunda-feira (5) do programa Roda Viva, da TV Cultura. Na entrevista, o parlamentar — ex-ministro do Desenvolvimento Regional no governo Bolsonaro — tentou se eximir da responsabilidade nas destinações das emendas de relator na gestão passada, no que ficou popularmente conhecido como “orçamento secreto”. Segundo Marinho, ele apenas executou o orçamento.

“O orçamento foi uma inspiração do presidente Rodrigo Maia, que era presidente da Câmara dos Deputados, em cima de uma fala do ministro Paulo Guedes, dentro da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados, quando ele falou que era mais interessante e mais inteligente a alocação de recursos por parte dos parlamentares do que dos ministros”, disse Marinho.

Assim, segundo o parlamentar, na época ministro, apenas coube a ele fazer a execução do recurso.

“Apenas executei o orçamento”, justificou.

Em 2022, por maioria, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela inconstitucionalidade das emendas de relator e firmou entendimento de que elas só poderiam ser usadas para recompor o Orçamento. Os magistrados apontaram que havia falta de transparência e de critérios nas destinações dos recursos que, desde 2019, eram repassados pelo relator para parlamentares e iam diretamente para prefeituras ou entidades.

Senador volta a defender tradição de “apaziguamento” no Brasil

Rogério Marinho voltou a dizer que o “Brasil tem uma tradição de apaziguamento” e que é preciso pacificar o país após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. 

“Desde 1889 para cá, mais de 40 processos de anistias foram implementados no Brasil. A própria Presidente Dilma Rousseff só é presidente da república porque foi anistiada. O Brizola e o Miguel Arraes foram governadores porque foram anistiados. O José Dirceu, José Genuíno, para não expandir muito…”, disse, antes de ser interrompido pela apresentadora Vera Magalhães, que lembrou que estes casos de anistia aconteceram na saída da ditadura, e não em um momento como o atual em que se tentou uma ruptura institucional.

Na semana passada, o líder da oposição já havia defendido a volta a uma “normalidade democrática com o encerramento desses inquéritos que não terminam nunca e que geram centenas de filhotes” e defendeu um processo de anistia. A fala veio na esteira de operações que, nas últimas semanas, atingiram aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como os deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Ramagem, alvos das Operações Lesa Pátria e Vigilância Aproximada, respectivamente.

SAIBA MAIS: Rogério pede “anistia” após operações da PF contra bolsonaristas

Elogios de Valdemar à Lula

Na entrevista, Rogério foi questionado sobre os elogios tecidos pelo presidente nacional do seu partido, Valdemar Costa Neto, à Lula.

Em dezembro, em entrevista ao jornal O Diário, o presidente do PL afirmou, sobre Lula e Bolsonaro:

“Não tem comparação. O Lula é um camarada do povo. O Lula é completamente diferente do Bolsonaro. Completamente diferente, e é um fenômeno, porque chegar onde ele chegou. Ele foi bem no governo também, e elegeu a Dilma depois. É completamente diferente o Lula do Bolsonaro”.

Sobre o assunto, Rogério defendeu Valdemar e disse que o correligionário foi descontextualizado.

“Ele fez um elogio ao Lula, ressaltando o fato de que ele havia ganhado três eleições, mas que inegavelmente o carisma e a capacidade que havia do Bolsonaro de mobilizar as pessoas no meio da rua, de forma inclusive espontânea, era inigualável”, disse.

“Hoje, no Brasil, há uma certa dificuldade de constatar que fulano tem uma condição boa ou ruim. Quando faço uma crítica ao presidente Lula, não posso deixar de reconhecer que ele ganhou três eleições e elegeu um 'poste' em mais duas. Evidentemente ele tem uma liderança política e uma capacidade de organização evidente”, continuou Marinho.

Uma jornalista então o retrucou, advertindo que nem mesmo o “carisma” fez Bolsonaro vencer, ao que o senador potiguar respondeu:

“A democracia tem isso. Você nem sempre elege o melhor candidato, você elege aquele que representa naquela oportunidade um contraponto. Às vezes você não vota pelo melhor, vota naquele que tem menos temor, que acredita que vai se contrapor alguma forma e acredita que o candidato não deva continuar”, disse.

O “gastador”

Durante a passagem pela Esplanada dos Ministérios, Rogério colheu embates com o então ministro da Economia, Paulo Guedes. Também recebeu apelidos por Brasília como o “ministro fura teto” e “gastador”. Perguntado se não seria uma contradição defender agora uma política de austeridade fiscal no governo Lula frente às suas posições na gestão passada, ele negou.

“Se dentro de um governo, você tem a área afim que quer gastar, e você tem quem tá (sic) sentado no cofre e os dois são amigos, demita um dos dois. Evidente que tem que haver questionamento dentro do governo. E a nossa briga, o único questionamento que eu faço, é o fato dele ter sido exposto para o público. Você não viu da minha parte nenhuma fala a respeito do que aconteceu internamento do governo. Você ouvia do ministro Paulo Guedes, que é um cara excelente, é um grande administrador, mas é mercurial, ele tinha um temperamento diferente do meu”, classificou.

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