Fã de Luiz Gonzaga, jornalista celebra 195 programas na internet em homenagem ao Rei
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A discoteca particular do velho Arestides Barros era o admirável mundo novo do pequeno Carlos Henrique. O garoto aproveitava quando o avô colocava a vitrola National para tocar na hora do banho e colava o ouvido nas canções que saíam da caixa de som. Um dia, aos 7 anos de idade, ficou petrificado. A canção entoada por uma voz diferente da que estava acostumado a ouvir, falava de calango, lacraia, cabrito e da mulher do Zé Maria que, ao dançar, deixou a saia cair. O moleque estourou de rir. A partir desse dia, a vida do Carlinhos mudou.
- Eu nunca mais fui o mesmo. Virei fã, apaixonado por Gonzagão", diz.
Carlos Henrique não imaginava, mas o forró Calango da Lacraia, de 1946, uma parceria de Luiz Gonzaga com Jeová Portela, o transformara num dos milhares de súditos daquele que viria a ser reconhecido, ainda em vida, como um rei brasileiro e nordestino. Um rei do Baião, mas que, de acordo com as pesquisas de Carlos Henrique, passeou por aproximadamente 20 ritmos musicais diferentes.
- O que mais chamava a atenção era a versatilidade. Ele ia do forró ao baião, tocava brega, sertanejo, tudo o que você puder imaginar. Tocou 20 ritmos diferentes", conta.
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Essa e outras tantas histórias Carlos Henrique conta, desde 2019, inicialmente no rádio e depois na Internet, no programa Viva o Rei, apresentado aos sábados, a partir das 9h30, no youtube e na plataforma twitch. Neste sábado, ele apresentará o programa 195, sempre mesclando músicas e curiosidades sobre a vida de Luiz Gonzaga. A produção é caseira, num estúdio montado na casa do jornalista.
Os programas são temáticos. Em junho, ele tem dedicado a pesquisa às tradições juninas:
- Nesse sábado vou fazer uma homenagem à São Pedro contando curiosidades da festa, do Santo e as músicas do rei”, afirma.
Natural de Maceió e formado no curso de Rádio e TV da UFRN, Carlos Henrique Barros de Oliveira tem 46 anos é bancário há 22 anos e passou a pesquisar a história de Gonzagão quando entrou na faculdade, em 2001.
O trabalho de conclusão de curso de Carlos Henrique foi dedicado ao forrozeiro. Um programa de rádio documentário e uma biografia resumida do rei.
Em 2009, ele começou a frequentar as festas em homenagem a Gonzaga, em Enxu (PE), terra natal do sanfoneiro e onde está localizado o Parque Aza Branca, com um museu e o mausoléu de Luiz Gonzaga do Nascimento.
Em 2012, na festa de centenário do filho de Januário, em Exu, Carlos Henrique conheceu Ana Valéria, aquela que viria a ser sua futura esposa. O encontro entre os dois parecia o mote de uma história de cordel. Ele alagoano morando em Natal, ela paulista vivendo em Várzea Alegre (CE), distante 150 km de Exu. O casamento de Carlos Henrique e Ana Valéria foi celebrado como manda o ritual religioso. Padre, padrinhos dama de honra e o escambau.
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A festa foi comandada por Joquinha Gonzaga, sobrinho do Rei. Lá pelas tantas, o sanfoneiro parou de tocar, felicitou os noivos e falou aos convidados:
- Ói, já vi meu tio fazer muita coisa pelas pessoas.Eu já vi ele dar sanfona, dar dinheiro, dar comida, arranjar emprego… mas nunca tinha visto ele arrumar um casamento", disse ao microfone.
Carlos Henrique e Ana Valéria não estão mais juntos desde 2022, mas Luiz Gonzaga segue vivo na história dos dois.
A parceria entre Gonzagão e Humberto Teixeira é uma das temáticas mais trabalhadas no programa Viva o Rei. Aliás Qui nem Jiló é a canção preferida do jornalista e pesquisador.
- Acho um poema rústico, romântico. De uma simplicidade que chega a ser rebuscada. Comparar a saudade ao amargor do jiló é demais", reflete.
Luiz Gonzaga, o filho de Januário, morreu em 2 de agosto de 1989 aos 76 anos, vítima de câncer de próstata. Ele deixou 487 composições e 1.258 gravações cadastradas no banco de dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad).