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Acordão de apoio a Fábio Dantas para o Governo quer reeleger 14 deputados
27 de fevereiro de 2018

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O vice-governador Fábio Dantas já iniciou a contagem regressiva para deixar o PC do B e assumir o maior desafio de sua carreira. O desgaste político do governador Robinson Faria, a indefinição da candidatura do prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves e, principalmente, a ausência de um nome eleitoralmente forte para disputar as eleições contra a senadora Fátima Bezerra (PT), líder em todas as pesquisas de intenção de voto, encorajaram o vice-governador a viabilizar sua candidatura ao Governo do Estado pelo PSB, partido controlado no Rio Grande do Norte pela família Motta. O nome dele vem sendo trabalhado nos bastidores, com o apoio de parte da Assembleia Legislativa.
O presidente estadual do PSB Rafael Motta confirmou o convite para Fábio Dantas se filiar ao Partido, feito quinta-feira passada pelo vice-governador de São Paulo Márcio França, e diz que aguarda a decisão do potiguar. A articulação em nível nacional conta com o apoio do presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) e do deputado federal Rogério Marinho (PSDB). A estratégia passa pelo Legislativo. O acordão que está sendo criado em torno da candidatura do vice-governador pretende garantir a reeleição de 14 deputados da atual legislatura. A maioria dos partidos que apoiaram Henrique Alves em 2014 estarão no palanque do vice-governador, caso a candidatura se viabilize.
Fábio Dantas ainda não confirma oficialmente a troca de sigla e admite apenas que colocou seu nome à disposição para disputar o Governo ou o Senado. A Agência Saiba Mais apurou, no entanto, que ele já comunicou ao deputado federal Fábio Faria (PSD) a decisão de seguir o próprio rumo, rompendo assim uma aliança iniciada em 2014 com o governador Robinson Faria. A filiação ao PSB deve acontecer até 20 de março em Natal, com a presença da Executiva Nacional do PSB, mas o anúncio da mudança de Partido pode ocorrer ainda durante esta semana. A deputada estadual Cristiane Dantas, esposa do vice-governador, não deve seguir com o marido para o PSB. O destino da parlamentar ainda é incerto, embora ela também não fique no PC do B.
A candidatura de Fábio Dantas, se concretizada, deve mexer no tabuleiro político do Rio Grande do Norte. Além do Governo, há conversas com o senador Garibaldi Alves Filho e com o empresário Luiz Barcellos, conhecido como o “Rei do Melão”, para compor a chapa e concorrer pelo grupo às duas vagas abertas no Senado Federal. Para atrair Garibaldi, no entanto, o prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves teria que desistir da candidatura, o que não está descartado. O chefe do executivo municipal não tem a confiança dos deputados em razão da dificuldade no trato com o legislativo. Um perfil oposto ao de Fábio Dantas, hábil negociador e muito atuante nos bastidores.
Uma das possibilidades para ocupar o cargo de vice na chapa de Fábio Dantas está sendo costurada em Mossoró. O nome de Cadu Ciarlini, filho da ex-governadora e atual prefeita de Mossoró Rosalba Ciarlini, vem sendo cogitado.
O apoio do grupo Ciarlini a Fábio Dantas tem um preço: isolar o senador José Agripino Maia da disputa, deixando-o sem força eleitoral para viabilizar sua reeleição. É a vingança articulada pessoalmente pelo ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, marido de Rosalba, em razão de Agripino Maia ter negado a legenda para que a ex-governadora tentasse se reeleger em 2014.
A força e a viabilidade da candidatura de Fábio Dantas devem ser medidas nas próximas pesquisas de intenção de voto. Difícil vai ser se desvencilhar da aliança com Robinson Faria. O vice-governador foi o principal articulador do pacote de ajuste fiscal junto aos deputados estaduais, que terminou com menos da metade dos projetos aprovados e um saldo desmoralizante para o Governo.
Nos bastidores, ele ainda conta com duas possibilidades para viabilizar seu nome e ampliar a aliança. A principal delas é a renúncia do governador Robinson Faria, opção que o próprio chefe do Executivo já admitiu que não existe. A negativa, porém, ainda não convenceu. Os deputados que apoiam o projeto encabeçado por Fábio Dantas ainda contam com essa possibilidade.
Na leitura dos parlamentares, para sobreviver politicamente, Robinson Faria depende de um cargo eletivo. O atual governador responde a um inquérito no Supremo Tribunal Federal, relacionado à denúncia de delatores da Odebrecht na operação Lava-jato, e a um processo no Superior Tribunal de Justiça oriundo da operação Dama de Espadas, na qual ele é acusado de participar de um esquema de corrupção no período em que foi presidente da Assembleia Legislativa.
Na delação premiada da ex-procuradora da AL, Rita Mercês acusou Robinson Faria de receber uma propina de R$ 100 mil por mês em benefício do esquema. Com o desgaste político e as dificuldades de se reeleger do governador, o grupo que apoia Fábio Dantas conta com a possibilidade de Robinson Faria partir para uma candidatura de deputado federal, abrindo a brecha para o vice assumir o Executivo a partir de abril. Com a caneta na mão, aliados acreditam que Dantas turbinaria sua candidatura junto às bases dos deputados e prefeitos do interior que o apoiam.
Outra possibilidade que fortaleceria a candidatura de Fábio Dantas é a desistência do prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves, alternativa viável em razão da indefinição de Alves. Caso se licencie da prefeitura, Carlos Eduardo Alves deixaria o município nas mãos do PMDB e do vice Álvaro Dias, indicado pelo primo Henrique Eduardo Alves, atualmente preso por suspeita de corrupção em decorrência dos desdobramentos da operação Lava-jato.