Daniel Alves é tudo isso?
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Daniel Alves é tudo isso?

3 de agosto de 2019
Daniel Alves é tudo isso?

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Estou ficando velho, mesmo, de verdade. Daniel Alves sendo elevado à condição de super craque, eleito o melhor da Copa América, não por mim, e contratado pelo São Paulo, onde vai receber de salários, algo em torno de R$ 1,5 milhão. Que mundo é esse? O futebol desestruturado do Brasil e suas jogadas de marketing para a torcida e imprensa.

Faço parte de um grupo de whatzap onde transitam jornalistas da melhor qualidade, inteligentes, acima da média, diria, mas quase todos, com raríssimas exceções, tratando Daniel Alves como expoente do futebol brasileiro. Estranho, mas procuro entender e não polemizar, mas é muito fora de propósito o que leio normalmente.

E eu achando que, nas vezes em que disputou Copas do Mundo, o ala baiano foi o "mapa da mina" para os adversários. Afirmaria até que, ficar fora da última Copa - por contusão - foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para esse jogador. Ficou aquele sentimento de que ele fez falta. Não me apedrejem, mas acredito, sem gozação, que ele fez mais falta aos adversários.

Daniel Alves é aquele jogador, como tantos que existem, que se agigantam e tiram partido das partidas contra equipes frágeis, como na Copa América. Deu de trivela, balãozinho, sempre fazendo o papel de homem de meio-campo, meio torto, sem ser ala, e sem a necessidade de marcar. Vocês devem concordar, pelo menos nisso, a Copa América foi medíocre. Maravilha jogar daquela maneira.

Portanto, me ajudem, vamos esperar para ver o Daniel Alves das partidas de alto nível (não sei se teremos, mas acredito que sim à medida que as competições afunilam), com atacantes velozes caindo nas suas costas, tendo que se virar para marcar e ainda sair para o jogo. Talvez por isso, espertamente, não por amor ao tricolor como muitos acreditam, ele tenha feito a opção pelo futebol do Brasil.

Duvidam?  Eu, não.

Eu, como sou do tempo do Carlos Alberto Torres, Leandro (o maior da história de nosso futebol), Cafu (considero mediano), Jorginho, Toninho Baiano, Josemar e Nelinho, entre outras feras, e talvez por isso, tenho a mais absoluta convicção que Daniel Alves é apenas um bom jogador, com doutorado em marketing e cativar amizades importantes - Messi, Mascherano, Neymar. Lembro o absurdo de 2014, quando ele deu entrevista dizendo que o seu amigo Mascherano foi o craque daquela Copa no Brasil. Minha nossa!!

Não me iludo, me desculpem, mas arrisco dizer que o São Paulo, além do marketing, não vai ter o retorno em campo que a direção, torcida e até a nossa imprensa cega esperam. Sorte se não despencar, se endividar e depois ter que conviver com o pesadelo de uma segunda divisão como castigo.

Lembrem-se que as grandes quedas do futebol do Brasil, Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Vasco, também, vieram depois de empreendimentos, parcerias milionárias e investimentos na contratação de jogadores, caros, de bom marketing, mas de futebol abaixo das perspectivas sempre.  Kia Joorabchian, Parmalat, BMG, Traffic, Sonda e LA Sports, ISL, Banco Excel, entre outros. Será que hoje a realidade é outra?

Pode ser diferente como Daniel Alves? Pode. No futebol não tem como assegurar nada, positiva ou negativamente, esse clichê é antigo, mas válido. Quem viu o São Paulo investir, um dia, nas contratações de Leônidas da Silva, Zizinho, Toninho Cerezo e Falcão, além de Marinho Chagas, não vai abrir a boca para repetir a bobabem de que Daniel Alves foi a maior negociação da história do Morumbi.

Meu primo Ênio Sinedino perguntou durante o Jornal das Seis, da 96 FM, na sexta-feira: quem acertou mais nas contratações, o Flamengo com Rafinha ou o São Paulo com Daniel Alves ? Respondi exatamente o que penso: erraram os dois.

Se o dinheiro investido nessas aquisições fosse aplicado, investido, nas bases, ele se multiplicaria, voltaria na forma de grandes negócios e títulos por muitos e muitos anos.

Encerrando, o São Paulo não tem uma estrutura de Real Madrid, Barcelona ou dos poderosos ingleses para esse tipo de contratação. Longe disso. E mesmo essa elite do futebol mundial que tem a certeza do retorno imediato com patrocinadores, não deixa, nunca, de continuar valorizando, investindo muito na formação dos novos.

O futebol brasileiro está tomado por estrangeiros e "estrangeiros", seria interessante se, no final da temporada, fosse feito uma análise, séria, real, do que deu certo e errado em gastar tanta grana em contratações. Flamengo e Palmeiras, talvez hoje, os maiores exemplos. O custo-benefício, façam uma conta simples no final.

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