Antes que seja tarde
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Antes que seja tarde

29 de março de 2020
Antes que seja tarde

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Tempos difíceis e complexos. Sem saídas claras. Várias possibilidades, nenhuma certeza. Mas a vida vai seguir e o atual impasse em algum momento terá um desfecho.

As duas alternativas que vejo como as mais prováveis do ponto de vista da direita:

1. isolar Bolsonaro a ponto dele virar cada vez mais peça decorativa, criar uma espécie de governo paralelo (inclusive com governadores como Witzel, Dória, Zema, Caiado, etc) e deixá-lo sangrar por algum tempo até ser afastado. Nesse meio tempo, o vice-presidente seria devidamente trabalhado pela grande mídia como uma figura mais equilibrada e qualificada, inclusive para cimentar o apoio da população e neutralizar parte do bolsonarismo-raiz. Com o afastamento de Bolsonaro, Mourão assumiria numa espécie de "acordo nacional", uma transição necessária até 2022;

2. no caso de afastamento simultâneo do presidente e seu vice (saída mais radical e menos possível) ocorreria uma nova eleição indireta (Rodrigo Maia e Dória sonham com isso);

A outra saída é o afastamento imediato de Bolsonaro via interdição, impeachment, Tribunal de Haia, o que der já durante essa crise do Coronavírus ou logo após a sua superação, com um "freio de arrumação" geral, que incluiria um grande pacto envolvendo Mourão, Congresso Nacional, empresários de peso, STF, a grande mídia, bancos, mercado, etc e passaria por um novo ministério, uma agenda para concluir as reformas e privatizações e provavelmente o adiamento das eleições municipais, de 2020, entre outras coisas.

Não sendo isso, resta a tentativa de um golpe dos militares contra Bolsonaro, o que os levaria de vez ao comando do país com um General e não com um intruso capitãozinho da reserva afastado dos quartéis já por 30 anos e que nunca teve prestígio entre a alta cúpula militar.

Mas tem ainda o pior dos cenários; a aventura de um golpe do próprio Bolsonaro, a exemplo do que fez Getúlio Vargas nos anos 30 e que gerou o chamado "Estado Novo". O atual presidente realizaria seu sonho e se transformaria finalmente num déspota com poderes absolutos. Nosso Napoleão Bonaparte de calção e chinelo Rider. Fecharia o Congresso, o STF, além de censura, prisões, a promulgação de uma nova constituição, fechamento de sindicatos, UNE, MST, alinhamento total e absoluto com os EUA, etc..

Ditadura total.

Bolsonaro se alimenta desse delírio desde o começo do governo e isso o torna uma pessoa muito perigosa porque, a despeito de sua clara esquizofrenia e incapacidade, ainda goza das prerrogativas de chefe maior da nação. Isso o torna uma verdadeira bomba ambulante, capaz de levar o país à deflagração de um conflito com o envolvimento de milícias urbanas, gangues rurais ligadas a madeireiros, mineradoras, fazendeiros atrasados, setores das polícias militares estaduais, de escalões inferiores das forças armadas e o núcleo civil mais ideológico da extrema-direita. Ele já deu todos os sinais de que esse é o seu plano.

E não é de hoje. Bolsonaro transformou o Brasil num país de corda esticada o tempo todo, sem lugar para diálogos ou pactuações. Bem, o caminho para não corrermos o risco de que isso aconteça é o seu afastamento imediato. Certamente não será uma empreitada tranquila. Bolsonaro não é Collor. Mas é o que o Brasil tem a fazer, antes que seja tarde. Fora Bolsonaro com nova eleição presidencial já.

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