Por Rede Brasil Atual
Brasil, a música, faz parte do álbum Ideologia, lançado por Cazuza em 1988, já depois do ciclo militar, mas ainda na expectativa de eleições diretas para presidente da República e por mudanças na política brasileira. Foi trilha sonora de novela e fez sucesso na voz do autor e de Gal Costa. Agora, a família de Cazuza e seus parceiros na composição vieram a público para lamentar o uso em ato bolsonarista e vetar sua execução.
“‘Brasil’ é uma música de grande importância na democracia brasileira e ser usada junto a gritos de ordem e cartazes que pedem o fim da democracia é inaceitável”, afirmam, em nota, Lucinha Araújo, mãe do artista e responsável pela Fundação Viva Cazuza, e os compositores George Israel e Nilo Romero.
Eles fizeram menção à matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo sobre apoio de Jair Bolsonaro a um ato, em Brasília, contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, durante o qual o presidente da República disse que as Forças Armadas estavam “ao lado do povo”. E citam a Lei 9.610, de 1998, sobre diretos autorais, para proibir a execução de qualquer obra ou interpretação de Cazuza “em qualquer evento e/ou manifestação dessa natureza”.
Isolamento e solidariedade
“Apoiamos a democracia e não atitudes violentas. Seguimos as orientações da OMS que recomenda que a população fique em casa, em isolamento, pensando no bem de todos, sendo solidários e trabalhando para diminuição do sofrimento e privação dos mais vulneráveis”, afirmam ainda. A entidade participa de arrecadações para comunidades.
Em 7 de julho, completam-se 30 anos da morte de Cazuza. Foi justamente em 1990 que tomou posse o primeiro presidente eleito pelo voto direto desde 1960 – Fernando Collor sofreu impeachment dois anos depois.
Confira a nota divulgada pela Fundação Viva Cazuza na íntegra:
Prezados Senhores,
Foi com grande pesar que tomamos conhecimento através de artigo no jornal Folha de São Paulo, do dia 03/05/2020 com o título “Bolsonaro volta a apoiar ato contra o STF e Congresso e diz que Forças Armadas estão ao ‘lado do povo’”, que a música “BRASIL” foi uma das usadas na manifestação. Brasil é uma música de grande importância na democracia brasileira e ser usada junto a gritos de ordem e cartazes que pedem o fim da democracia é inaceitável.
Com base nas prerrogativas dadas pelo artigo 29 da Lei de Direitos do Autor (Lei 9610/98), a Viva Cazuza desde logo torna pública a proibição da execução de qualquer obra ou interpretação de Cazuza em qualquer evento e/ou manifestação dessa natureza, ficando qualquer um que desrespeite esta proibição sujeito à aplicação das sanções civis e penais cabíveis em virtude de violação de direitos autorais.
Apoiamos a democracia e não atitudes violentas. Seguimos as orientações da OMS que recomenda que a população fique em casa, em isolamento, pensando no bem de todos, sendo solidários e trabalhando para diminuição do sofrimento e privação dos mais vulneráveis.
Atenciosamente,
Lucinha Araújo(Cazuza), George Israel e Nilo Romero