Minha mãe, morreu de câncer
O meu pai, do coração
E nunca entendi esse lance
De querer saber razão
Nem sei como expressar
O quanto isso incomoda
Ter prazer em fofocar
Da vida dos outros, é foda…
Imagina então da morte
Que é destino inevitável
“Foi pura falta de sorte?
Ou doença incurável?”
Tremo, só em pensar
Que um dia, “se eu morrer”
Vão achar de perguntar:
– Coitada! Morreu de quê?
Como se a justificativa
Tivesse algum poder
De manter a pessoa viva
Ou de fazer renascer
Mas pra falar a verdade
O motivo pouco importa
O que fica é a saudade
Que afinal é o que conforta
Se ainda assim alguém tiver
Essa curiosidade mórbida
Experimenta dizer
Que uma pergunta dessas é sórdida
E se a especulação
Acaso permanecer
Sem nenhuma hesitação
Manda logo se fuder…
Mas se alguma explicação
Insistirem em receber
Responda, de coração:
Morreu de tanto viver…