RN ganha terceiro crematório; quase 300 cerimônias ocorreram em 2023
O primeiro complexo crematório de Natal está situado no Bairro Nossa Senhora da Apresentação, na Zona Norte da cidade. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) emitiu, no final de outubro, a Licença de Operação (LO) para o Cemitério Sempre Natal, da Empresa Vila, que passa a atender humanos e animais de estimação, de forma inédita.
Apesar do alto custo (com valores a partir de R$ 4 mil, sem funeral incluso), a cremação humana é uma alternativa cada vez mais popular aos tradicionais sepultamentos. O Rio Grande do Norte já conta com outros dois crematórios, que somam quase 300 cerimônias desse tipo em 2023 (até 29 de novembro).
O cemitério Morada da Paz começou a oferecer o serviço para humanos há 10 anos, em 2013. Por enquanto, a empresa só dispõe de cremação de pets em Recife. O Grupo Morada não diz o número de cremações feitas ao longo dos anos, mas informou que em 2023 já foram realizados 130 procedimentos desse tipo do local que fica no bairro Emaús, Parnamirim.
A maior marca foi de sete pessoas cremadas em um dia, capacidade máxima permitida, segundo a empresa.
O segundo estabelecimento com essa opção de despedida é o Vila Flor, do Grupo Leão & Vila, em Macaíba. Lá, 160 restos mortais tiveram esse destino em 2023. Em 2022, ano de inauguração, foram 130. O Vila Flor informa que tem a maior sala de homenagens do estado e também não possui crematório para pets.
Todas as empresas mencionadas pertencem a irmãos da mesma família, a partir da dissolução do Grupo Vila.
Questão ambiental
Para entrar em operação, as funerárias devem obedecer a condicionantes estabelecidas por licença, que possui validade de seis anos. No caso do documento expedido pelo Idema para o crematório de Natal, o empreendedor deve realizar a cada dois anos as análises de emissão de poluentes atmosféricos das Resoluções Conama N° 316/2002 e 386/2006, dos dois fornos (pet e humanos), devendo apresentar ao órgão ambiental, os resultados das análises no máximo em 45 dias após a realização das medições.O processo eficiente de incineração não deve causar prejuízos ao meio ambiente.
Outra condição presente no documento é a apresentação ao Idema, semestralmente, dos resultados das análises físico-químicas e bacteriológicas de amostras coletadas nos poços instalados no cemitério.
Deve também ser cumprido o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), aplicado à atividade e aprovado por este Instituto, buscando a melhoria contínua, com base na Lei nº 12.305/2010 e demais instrumentos normativos. Caso o espaço seja desativado, os responsáveis devem comunicar a suspensão ou o encerramento da atividade acompanhada de um Plano de Desativação que contemple a situação ambiental existente.
Vantagens
O responsável pelo Marketing da Empresa Vila, Bruno Gondim, destaca vantagens do método que descreve como “totalmente alinhado e aderente às causas ambientais”.
“O nosso forno é licenciado e passa por uma rígida avaliação. Há vários critérios que precisam ser cumpridos para que o Idema libere. O nosso, por exemplo, demorou em torno de dois anos para que conseguíssemos deixá-lo todo no padrão permitido para funcionamento”, detalhou.
Apesar do montante a ser pago. Os custos da incineração são considerados menores, por não haver despesas com o pagamento de um espaço no cemitério, tais como a locação de um jazigo.
“Você não precisa ficar pagando recorrentemente as taxas cemiteriais. Quando é necessário abrir o jazigo por qualquer motivo você paga uma taxa. Você tem que ficar pagando a manutenção do cemitério. Enfim, essas taxas são recorrentes. Na cremação elas não existem”, explica o representante da empresa.
Alguns detalhes
Para a cremação é necessária a apresentação de atestado de óbito, que deve ser firmado por 2 médicos ou um legista. Se não houver documento que expresse a vontade da pessoa em ser cremada, é necessária uma declaração de autorização feita por parentes de primeiro grau. Quando a morte foi violenta, só pode haver cremação com autorização judicial, como consta na lei 6015/74.
Para transformar o corpo em cinzas, o corpo é colocado em uma câmara de cremação, sob um calor extremo com uma temperatura média de 900ºC.
A queima pode durar cerca de 3 horas, com alguns fatores influenciando, como o tipo de caixão ou o peso da pessoa falecida. De acordo com Bruno Gondim, quanto maior a massa do corpo, mais rapidamente termina.
Ao final, as cinzas são colocadas num recipiente temporário e entregues à família. Alguns optam por guardar as cinzas em casa. Outros, dispersam as cinzas em algum lugar que tenha sido escolhido pela pessoa que morreu, como mares e jardins.