Governadora do RN cria Comitê de Memória, Verdade e Justiça do Estado

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), criou por meio de decreto, nesta quarta (27), o Comitê de Memória, Verdade e Justiça do Estado.

Em 2012 o governo federal criou a Comissão Nacional da Verdade (CNV), através da lei n. 12.528/11, com o objetivo de apurar os casos de violações aos direitos humanos praticadas pelo Estado brasileiro entre os anos de 1946 e 1988, principalmente, durante os 21 anos da ditadura militar iniciada em 1964. A iniciativa inspirou a criação de órgãos semelhantes no âmbito estadual e municipal, inclusive, em órgãos que não fazem parte do Estado, como os sindicatos.

"São momentos como esse que confirmam o compromisso irrevogável Governo do Estado do RN com a democracia, com a memória política e com a justiça. Esse Comitê vai reunir várias gerações, vai preservar a memória política em nosso Estado – sobretudo daqueles que sofreram nos porões da ditatura militar, daqueles que foram arrancados de suas famílias, assassinados, desaparecidos, torturados", comentou Fátima Bezerra.

A jornalista Jana Sá, repórter da Agência Saiba Mais e filha do militante político potiguar Glênio Sá, que morreu em um acidente automobilístico não esclarecido em 1990, falou sobre a importância da Comissão.

“Durante mais de três décadas a gente juntou e analisou documentos, a gente escutou testemunhas, e nessa busca a gente viu que, na verdade ali iniciava uma reflexão somo o esquecimento como produtor dos sintomas sociais da atualidade”, avaliou Jana.

Ainda durante a solenidade, a ex-reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a atual coordenadora do Parque Tecnológico Augusto Severo, Ângela Paiva, entregou à governadora um exemplar do livro sobre a Comissão da Verdade, instituída pela UFRN.

Além de assinar o decreto que cria a Comitê de Memória, Verdade e Justiça do Estado, a governadora do RN também entregou a comenda Mery Medeiros a 21 personalidades que atuam na área de Direitos Humanos, assinou o Termo de Adesão do RN à Política Nacional para a População em Situação de Rua e empossou os novos conselheiros do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e da Cidadania (COEDHUCI).

Durante o evento, José Vanilson Torres, coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, foi empossado como presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e da Cidadania.

“Se estamos falando sobre direitos humanos, sobre seres humanos, o pressuposto é o direito à vida. E para exercer o direito à vida é preciso garantir a alimentação, a higiene pessoal, a moradia, a educação, a diversão, entre tantos outros direitos”, defendeu Vanilson.

Além do Rio Grande do Norte, outros estados como São Paulo, Paraná, Ceará e Recife também criaram seus Comitês de Memória, Verdade e Justiça.

“Uma alegria poder reunir companheiros e companheiras de uma jornada e de lutas que sempre colocou em primeiro lugar a dignidade humana para celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos! Por essa razão, entregamos hoje também a comenda Mery Medeiros, assinamos o decreto de criação do Comitê de Memória, Verdade e Justiça do Estado, aderimos à Política Nacional para População em Situação de Rua e empossamos o Conselho Estadual dos Direitos Humanos do RN. Além de celebrar, destacamos a importância do percurso de um longo caminho para se chegar à consagração desses direitos e reafirmamos o nosso compromisso governamental com sua importância”, comentou Fátima Bezerra em suas redes sociais.

Saiba +

Ernesto Geisel autorizou execução de pelo menos dois potiguares

"Anatália, filha deste solo": documentário revela história da potiguar vítima da ditadura que teve certidão de óbito retificada

'Nunca mais': Ato em Natal reivindica Memória, Verdade e Justiça

Torturado pela ditadura que contou com ajuda de Dom Hélder e Elis Regina vem para debate em Natal

Morre Dermi Azevedo, o jornalista potiguar perseguido pela ditadura que nunca perdeu a esperança na democracia

10 anos depois, Comissão criada para apurar crimes da Ditadura tem importância contra revisionismo, afirmam especialistas

Corpo de potiguar desaparecido foi incinerado na ditadura

Quem foi Virgílio Gomes da Silva, o potiguar retratado no filme “Marighella”