RN tem 2ª maior taxa de homicídios entre negros no Nordeste
Natal, RN 7 de mai 2024

RN tem 2ª maior taxa de homicídios entre negros no Nordeste

6 de dezembro de 2023
4min
RN tem 2ª maior taxa de homicídios entre negros no Nordeste
Foto: Marcello Casal Jr I Agência Brasil

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Dentre os nove estados do Nordeste, a Bahia é o que apresenta o maior índice de morte de pessoas negras (soma de pretos e pardos, segundo a classificação do IBGE), com 55,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. O Rio Grande do Norte aparece em segundo lugar, com 48,9 mortes de negros para cada 100 mil pessoas. A lista tem o Ceará em terceiro lugar, com 47,1 mortes para cada 100 mil habitantes.

O levantamento faz parte do Atlas da Violência de 2023, publicado nesta terça (05) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) junto ao FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), com dados dos anos de 2011 a 2021.

No Brasil, em 2021, dos 47.847 homicídios registrados no país, 36.922 tiveram como vítimas pessoas negras. O equivalente a 77,1% dos mortos.

Risco de morrer

Sair de casa e andar pela rua pode até parecer uma ação cotidiana, mas se a pessoa for negra, ela corre mais riscos de morrer na maior parte do país. Alagoas lidera essa estatística desde 2015. A chance de uma pessoa negra morrer por lá é 36,6 vezes maior do que a de uma pessoa não negra. Na sequência, vem Amapá (8,2), Rio Grande do Norte (6,5) e Paraíba (5,4), apresentando maior risco.

Os pesquisadores alertam que a maior letalidade entre negros é resultado não apenas das diferenças das condições socioeconômicas entre negros e não negros, mas do racismo estrutural que discrimina as pessoas no mercado de trabalho, no acesso à educação e oportunidades, relegando esse grupo social a um estrato mais vulnerável.

Violência entre mulheres negras cai menos do que entre não negras no RN

A violência letal ligada à questão de raça também se repete entre mulheres negras. Em 2021, 2.601 mulheres negras foram vítimas de homicídio no Brasil, o equivalente a 67,4% do total de mulheres assassinadas naquele ano. Enquanto cerca de 4,3 mulheres negras foram mortas para cada 100 mil habitantes no país, entre as mulheres não negras, essa taxa foi de 2,4 por 100 mil, média quase 45% menor.

Entre elas, o risco de sofrer um homicídio é 1,8 vez maior no grupo das mulheres negras do que entre as não negras. No Rio Grande do Norte, o risco de ser vítima de homicídio foi mais que três vezes maior entre mulheres negras do que entre não negras.

Em terras potiguares, a taxa de homicídios de mulheres negras foi 4,1 vezes maior do que a de mulheres não negras em 2021. Sergipe (3,6) e Ceará (3,2), também apresentaram altos índices de maior risco para mulheres negras.

No Brasil, no período de 2011 e 2021, numa avaliação geral, houve uma redução nas taxas de homicídios para mulheres. Porém, entre as não negras houve uma queda mais acentuada (-21,5%) em comparação com as negras (-18,8%).

No Rio Grande do Norte, o número de homicídios de mulheres baixou de 76, em 2011, para 70, em 2021. Porém, entre mulheres negras houve um aumento de 56 mortes, em 2011, para 59, em 2021. Enquanto isso, entre as não negras, o número de homicídios baixou de 11 para 10, no mesmo período.

Nº de homicídios de mulheres no RN

2011: 76

2021: 70

Queda de 7,9%

Nº de homicídios de mulheres negras no RN

2011: 56

2021: 59

Aumento de 5,4%

Nº de homicídios de mulheres não negras no RN

2011: 11

2021: 10

Queda de 9,1%

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