Após segunda derrota, Ludimilla questiona sistema das eleições da Ufersa
Natal, RN 2 de mai 2024

Após segunda derrota, Ludimilla questiona sistema das eleições da Ufersa

13 de abril de 2024
6min
Após segunda derrota, Ludimilla questiona sistema das eleições da Ufersa
Imagem: Reprodução.

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Ludimilla Oliveira, que perdeu as eleições para o cargo de reitora na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) em resultado anunciado no último dia 04, contestou o processo eleitoral, questionando a segurança do sistema de votação utilizado pela universidade, o SigEleição. A reclamação foi feita em ofício enviado ao Conselho Universitário (Consuni) nessa sexta-feira (12). Ludmilla foi nomeada ao cargo de reitora em 2020 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mesmo tendo ficado em terceiro lugar na lista tríplice. Nas eleições que aconteceram em abril deste ano, ela perdeu novamente para o professor Rodrigo Codes.

A partir da contestação de que um estudante que não estava na lista de eleitores aptos a votar conseguiu participar da votação, foi solicitado que a Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (SUTIC), que controla o sistema eletrônico Sigaa da universidade, provasse a segurança do sistema de votação, pedindo uma perícia com urgência no sistema. A solicitação foi divulgada como anônima pela Superintendência.

Em resposta, a SUTIC produziu um relatório, divulgado nesta sexta-feira (12) reafirmando a segurança do sistema SigEleição, e mostrando que não houve problemas com a segurança do processo eleitoral.

“O SigEleição é um sistema desenvolvido pela UFRN em 2011 e em abril de 2021 já havia passado por mais de 1700 eleições só naquela instituição [...] O sistema hoje é usado por dezenas de instituições [...] No âmbito da UFERSA o sistema já foi usado em mais de 500 votações de colegiado de curso a Reitoria e Membros dos Conselhos Superiores, com pleno sucesso e aceitação pela comunidade acadêmica”, argumentou o relatório da SUTIC.

A Superintendência ainda explicou que - para proteção da privacidade do eleitor e inviolabilidade do voto - não é possível ter acesso aos candidatos que exerceram o voto, mas garantiu que só exerceu a ação aqueles que estavam aptos a votar. “O sistema possui funcionalidade de emitir lista de eleitores aptos a votar, mas, para proteção da privacidade do eleitor e inviolabilidade do voto, não há no sistema relatório que traga a lista das pessoas que efetivamente votaram (votantes). Nem comissão nem SUTIC têm acesso a qualquer informação de quem votou [...] Mas pode-se afirmar que só votaram os que atendiam às condições definidas pela Comissão Eleitoral, argumentou o documento.

Além disso, a SUTIC reafirmou a segurança do processo que analisa os aptos a votar. “ A emissão de listas de eleitores costuma cumprir dois papéis neste processo com a mesma finalidade: identificar eleitores incluídos ou excluídos indevidamente de um processo de votação. Em todo processo eleitoral desde o início do uso do SigEleição, as listas de eleitores são enviadas para a comissão para que seus membros possam identificar distorções e, frequentemente, as comissões encaminham estas listas à comunidade de eleitores para que, individual ou coletivamente, os próprios eleitores também realizem verificações e sugiram correções dentro dos prazos estipulados”, continuou o relatório.

Apesar disso, em ofício enviado ao Consuni nesta sexta (12), Ludimilla questionou a consulta à lista tríplice da Ufersa, e ainda afirmou que encaminhará o processo de consulta à Polícia Federal, “para a devida apuração dos fatos”.

Entidades se posicionam

Em declaração divulgada nas redes sociais neste sábado (13), as entidades representativas da Ufersa se posicionaram pelo respeito à vontade das urnas. "A decisão de encaminhar o exame do pleito à Polícia Federal representa tentativa autoritária de criminalizar a atividade sindical e o movimento estudantil, ou mesmo a atuação de servidores públicos ligados à SUTIC/Ufersa", declarou o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Romana Barros, a Associação dos Docentes da Ufersa, o Atens, que representa técnicos de nível superior das Instituições Federais de Ensino, e o Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação no Ensino Superior no RN (Sintest/RN), em nota.

"A Ufersa não aceitará qualquer manobra, qualquer tentativa de ganhar no grito, venha de onde vier. A comunidade já não suporta mais a conturbação e a instabilidade", defenderam as entidades.

Ana Flavia Lira, secretária de juventude do Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio Grande do Norte, se manifestou a respeito das contestações de Ludimilla. “Isso parece muito mais esperneio de quem perdeu mais uma vez as eleições na Ufersa, só que dessa vez não terá como articular a sua nomeação com o presidente da república”, ressaltou.

Em janeiro do ano passado, ainda no início do mandato, o presidente Lula (PT) afirmou que irá nomear os reitores mais votados da lista tríplice das universidades.

Entenda quem é Ludimilla Oliveira

Nas eleições para o cargo de reitor da Ufersa em 2020, Ludimilla Oliveira foi a menos votada, com 18,33% dos votos. Mesmo assim, foi nomeada reitora pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), durante passagem por Mossoró. Na época, o mais votado foi o professor Rodrigo Codes, com 35,5% dos votos. Ele também venceu a eleição de 2024, que teve o resultado divulgado no último dia 04 de abril.

Desde que foi nomeada para o cargo em 2020, Ludimilla teve sua legitimidade à frente da instituição questionada inúmeras vezes pela comunidade acadêmica, tanto por ter sido a candidata menos votada, quanto pela posterior denúncia de plágio em sua tese de doutorado. Com o Título “DE REPENTE, TUDO MUDOU DE LUGAR: Refletindo sobre a metamorfose urbana e gentrificação em Mossoró-RN”, ela defendeu a tese de doutorado em 2011, junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN. 

Em junho do ano passado, o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Daniel Diniz, acatou a recomendação do relatório da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar Discente da universidade de anular o título de doutorado de Ludimilla Oliveira por plágio. Segundo o relatório elaborado pela Comissão interna da UFRN, criada para analisar a denúncia, pelo menos 44% das palavras contidas na tese de doutorado não foram redigidas por ela.

No entanto, em março passado, o colegiado do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) votou pela manutenção da decisão liminar concedida anteriormente pelo desembargador Edvaldo Batista da Silva Júnior, em agosto de 2023, que anula a medida administrativa adotada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) de cassar o título de doutorado de Ludimilla Oliveira, permitindo que ela siga com o título de doutorado.

Saiba+

Ufersa: Reitor eleito e não nomeado em 2020 volta a vencer

TRF-5 mantém liminar e reitora da Ufersa segue com título de doutorado

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.