1º de Maio, comemorar lutando
Natal, RN 18 de mai 2024

1º de Maio, comemorar lutando

5 de maio de 2024
6min
1º de Maio, comemorar lutando

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Para começarmos achei legal trazer um pouco da história sobre o Primeiro de Maio, dia de lutas pelos direitos dos trabalhadores. O dia escolhido para o dia do trabalhador se deu como forma de homenagear os Mártires de Chicago, que foram cinco líderes operários anarquistas executados nos Estados Unidos por participarem dos protestos pela jornada de trabalho de oito horas, iniciados três anos antes, no 1º de maio de 1886.

Muitos pensam que é o dia do trabalho, mas não, é o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. É uma data em que podemos sim comemorar os avanços que nós tivemos ao longo dos anos, mais precisamente desde 1889, data início em que comemora o Dia Internacional dos Trabalhadores. Mas acima de tudo, uma data em que precisamos ter a consciência de que ainda temos muito a conquistar de direitos, alguns inclusive perdidos ao longos dos últimos anos, portanto, é também uma data de luta!

Esse é um dia que como disse anteriormente foi criado no ano de 1889 por partidos socialistas e algumas organizações dos trabalhadores da época. Na sua criação, o objetivo principal era destacar um dia para que todos e todas pudéssemos nos organizar e lutar em diferentes frentes, pela garantia e pela extensão dos direitos civis e trabalhistas, tomados de nós pelo modelo capitalista em que vivemos.

No Brasil, direitos como a jornada máxima de trabalho de 44 horas semanais, férias, registro legal, décimo terceiro salário, condições adequadas no local de trabalho, são todos avanços conquistados por meio de muita luta de trabalhadores e trabalhadoras que já não estão mais aqui, mas deixaram os registros históricos. Temos que ter o entendimento de que o patrão, por si só, não nos dará nada de graça, sem luta, sem negociação, sem greves, e principalmente, sem a união dos trabalhadores. Karl Marx já nos deixou a célebre frase “Proletários de todos os países, uni-vos!". Só com a luta em unidade é que conquistamos e ainda conseguiremos conquistar mais direitos para nós, trabalhadores e trabalhadoras.

Nesse sentido, a reflexão que quero deixar para vocês que leem esse curto texto é de que precisamos nos enxergar e nos entendermos como classe trabalhadora. Mesmo que eu seja um micro ou pequeno empresário, eu ainda assim sou trabalhador. Precisamos nos desapegar da falsa ideia que o capitalismo nos prega de que somos empreendedores, porque tenho um negócio em casa, sem um patrão fixo, ou sem chefia. Ou porque eu sou entregador ou sou motorista de aplicativo, então faço minha própria jornada, sou patrão de mim mesmo. Isso não existe, essa ideia é FALSA!

Somos sim trabalhadores que sustentam um modelo capitalista de usufruto do Planeta. A burguesia, os que se acham donos do mundo, os que são os detentores dos meios de produção do capital, os donos das grandes bigtech’s, os grandes banqueiros, esses sim são os que nos dominam, por meio desse modelo predatório. Eles sim são nossos patrões, e contra eles que precisamos nos unir e lutar por melhores condições de trabalho e de vida. Pois são esses os detentores de 99% do capital do mundo, representados por cerca de 1% do total de habitantes do planeta.

Esses aí não querem saber se estamos cansados, se temos filhos e família para cuidar e viver juntos, se estamos doentes, se estamos com problemas psicológicos, se estamos idosos… Eles querem apenas que nós sirvamos de máquinas de produção e aumento da riqueza imensurável deles próprios. É pra isso que nós servimos na visão deles.

Nós trabalhadores não temos mais tempo nem mesmo de nos alimentarmos direito no dia a dia.
Não conseguimos nem sentir o sabor, não percebemos o cheiro, tampouco a textura e a cor dos alimentos.

O ato de comer, que na história das populações originárias sempre carregou um sentido ritualístico, de encontros, comemorações, atualmente se assemelha à um pitstop de um carro num posto de gasolina, servindo apenas para repor uma energia necessária para que não morramos de fome. Hoje não podemos nem mesmo “perder tempo” enquanto nos alimentamos, para isso foram criados os fast foods. Na primeira vez que fui aos Estados Unidos fiquei chocado ao ver o número de pessoas andando pelas ruas com uma comida numa mão, o celular na outra, os olhos vidrados na tela dos celulares, e só olhavam para frente na hora de atravessar uma rua (e olhe lá). Pareciam zumbis vagando hipnotizados.

Nós estamos tão anestesiados que nem percebemos a despersonalização dos rios, montanhas e florestas, extraindo o sentido que esses lugares têm para as populações, dessa maneira deixamos tudo à mercê do capital, tudo vira mercadoria. Viramos exterminadores de formas de vida e não percebemos. Deixamos nossas florestas serem devastadas, em favor do garimpo em território indígena, para a criação de gado, para o plantio de milho e soja transgênicas para exportação, cana ou mesmo qualquer outra monocultura.

Não conseguimos parar para descansar, o simples ato de dormir bem é tido como fraqueza ou mera preguiça. Até mesmo nossas horas de sono diárias, que deveriam ser asseguradas estão sendo roubadas de nós pelo modelo de vida capitalista, cuja produção é o único fim de nossa existência Terrena. Não conseguimos mais dormir. Não sabemos mais sonhar. Lembro que antigamente fui ensinado a pensar na e sobre a vida antes de dormir, fui ensinado a rezar, a descansar a mente antes de dormir, propriamente dito.

Mas hoje não, estamos a todo momento conectados nas telas móveis, quase extensão de nosso corpo. A tecnologia proveniente da era digital está nos consumindo pouco a pouco sem nem percebermos. Nosso primeiro bom dia ou o último boa noite é pelo aplicativo, não mais pessoalmente.

Vivemos na era da super valorização daqueles que não dormem, como forma de sucesso, quando dizemos: - olha, fulano só dorme três horas por noite e amanhece super bem no outro dia, pronto para mais um dia de trabalho. É um exemplo típico do que nossa cultura passou a valorizar. A usurpação até mesmo de nosso sono, em prol da produtividade laboral do prometeu capitalista.

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