Após segunda derrota, Ludimilla questiona sistema das eleições da Ufersa
Natal, RN 17 de mai 2024

Após segunda derrota, Ludimilla questiona sistema das eleições da Ufersa

13 de abril de 2024
6min
Após segunda derrota, Ludimilla questiona sistema das eleições da Ufersa
Imagem: Reprodução.

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Ludimilla Oliveira, que perdeu as eleições para o cargo de reitora na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) em resultado anunciado no último dia 04, contestou o processo eleitoral, questionando a segurança do sistema de votação utilizado pela universidade, o SigEleição. A reclamação foi feita em ofício enviado ao Conselho Universitário (Consuni) nessa sexta-feira (12). Ludmilla foi nomeada ao cargo de reitora em 2020 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mesmo tendo ficado em terceiro lugar na lista tríplice. Nas eleições que aconteceram em abril deste ano, ela perdeu novamente para o professor Rodrigo Codes.

A partir da contestação de que um estudante que não estava na lista de eleitores aptos a votar conseguiu participar da votação, foi solicitado que a Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (SUTIC), que controla o sistema eletrônico Sigaa da universidade, provasse a segurança do sistema de votação, pedindo uma perícia com urgência no sistema. A solicitação foi divulgada como anônima pela Superintendência.

Em resposta, a SUTIC produziu um relatório, divulgado nesta sexta-feira (12) reafirmando a segurança do sistema SigEleição, e mostrando que não houve problemas com a segurança do processo eleitoral.

“O SigEleição é um sistema desenvolvido pela UFRN em 2011 e em abril de 2021 já havia passado por mais de 1700 eleições só naquela instituição [...] O sistema hoje é usado por dezenas de instituições [...] No âmbito da UFERSA o sistema já foi usado em mais de 500 votações de colegiado de curso a Reitoria e Membros dos Conselhos Superiores, com pleno sucesso e aceitação pela comunidade acadêmica”, argumentou o relatório da SUTIC.

A Superintendência ainda explicou que - para proteção da privacidade do eleitor e inviolabilidade do voto - não é possível ter acesso aos candidatos que exerceram o voto, mas garantiu que só exerceu a ação aqueles que estavam aptos a votar. “O sistema possui funcionalidade de emitir lista de eleitores aptos a votar, mas, para proteção da privacidade do eleitor e inviolabilidade do voto, não há no sistema relatório que traga a lista das pessoas que efetivamente votaram (votantes). Nem comissão nem SUTIC têm acesso a qualquer informação de quem votou [...] Mas pode-se afirmar que só votaram os que atendiam às condições definidas pela Comissão Eleitoral, argumentou o documento.

Além disso, a SUTIC reafirmou a segurança do processo que analisa os aptos a votar. “ A emissão de listas de eleitores costuma cumprir dois papéis neste processo com a mesma finalidade: identificar eleitores incluídos ou excluídos indevidamente de um processo de votação. Em todo processo eleitoral desde o início do uso do SigEleição, as listas de eleitores são enviadas para a comissão para que seus membros possam identificar distorções e, frequentemente, as comissões encaminham estas listas à comunidade de eleitores para que, individual ou coletivamente, os próprios eleitores também realizem verificações e sugiram correções dentro dos prazos estipulados”, continuou o relatório.

Apesar disso, em ofício enviado ao Consuni nesta sexta (12), Ludimilla questionou a consulta à lista tríplice da Ufersa, e ainda afirmou que encaminhará o processo de consulta à Polícia Federal, “para a devida apuração dos fatos”.

Entidades se posicionam

Em declaração divulgada nas redes sociais neste sábado (13), as entidades representativas da Ufersa se posicionaram pelo respeito à vontade das urnas. "A decisão de encaminhar o exame do pleito à Polícia Federal representa tentativa autoritária de criminalizar a atividade sindical e o movimento estudantil, ou mesmo a atuação de servidores públicos ligados à SUTIC/Ufersa", declarou o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Romana Barros, a Associação dos Docentes da Ufersa, o Atens, que representa técnicos de nível superior das Instituições Federais de Ensino, e o Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação no Ensino Superior no RN (Sintest/RN), em nota.

"A Ufersa não aceitará qualquer manobra, qualquer tentativa de ganhar no grito, venha de onde vier. A comunidade já não suporta mais a conturbação e a instabilidade", defenderam as entidades.

Ana Flavia Lira, secretária de juventude do Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio Grande do Norte, se manifestou a respeito das contestações de Ludimilla. “Isso parece muito mais esperneio de quem perdeu mais uma vez as eleições na Ufersa, só que dessa vez não terá como articular a sua nomeação com o presidente da república”, ressaltou.

Em janeiro do ano passado, ainda no início do mandato, o presidente Lula (PT) afirmou que irá nomear os reitores mais votados da lista tríplice das universidades.

Entenda quem é Ludimilla Oliveira

Nas eleições para o cargo de reitor da Ufersa em 2020, Ludimilla Oliveira foi a menos votada, com 18,33% dos votos. Mesmo assim, foi nomeada reitora pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), durante passagem por Mossoró. Na época, o mais votado foi o professor Rodrigo Codes, com 35,5% dos votos. Ele também venceu a eleição de 2024, que teve o resultado divulgado no último dia 04 de abril.

Desde que foi nomeada para o cargo em 2020, Ludimilla teve sua legitimidade à frente da instituição questionada inúmeras vezes pela comunidade acadêmica, tanto por ter sido a candidata menos votada, quanto pela posterior denúncia de plágio em sua tese de doutorado. Com o Título “DE REPENTE, TUDO MUDOU DE LUGAR: Refletindo sobre a metamorfose urbana e gentrificação em Mossoró-RN”, ela defendeu a tese de doutorado em 2011, junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN. 

Em junho do ano passado, o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Daniel Diniz, acatou a recomendação do relatório da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar Discente da universidade de anular o título de doutorado de Ludimilla Oliveira por plágio. Segundo o relatório elaborado pela Comissão interna da UFRN, criada para analisar a denúncia, pelo menos 44% das palavras contidas na tese de doutorado não foram redigidas por ela.

No entanto, em março passado, o colegiado do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) votou pela manutenção da decisão liminar concedida anteriormente pelo desembargador Edvaldo Batista da Silva Júnior, em agosto de 2023, que anula a medida administrativa adotada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) de cassar o título de doutorado de Ludimilla Oliveira, permitindo que ela siga com o título de doutorado.

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