Instituto diz que “vandalismo” em estátua mostra desconhecimento da obra de Câmara Cascudo
Natal, RN 6 de mai 2024

Instituto diz que “vandalismo” em estátua mostra desconhecimento da obra de Câmara Cascudo

2 de maio de 2022
3min
Instituto diz que “vandalismo” em estátua mostra desconhecimento da obra de Câmara Cascudo

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O Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, que tem como objetivo preservar, divulgar e gerenciar o patrimônio cultural de Luís da Câmara Cascudo, manifestou “profunda indignação” diante do pixo na estátua do historiador situada em frente ao Memorial, na Cidade Alta, em Natal. O monumento amanheceu nesta segunda-feira (2) com as mãos pintadas de vermelho e em sua base a frase: “Fascistas não passarão!”.

“O ato de vandalismo expressa o total desconhecimento sobre a vida do homenageado e sobre sua obra repleta de brasilidade tendo por objeto de estudo o povo e todas as suas manifestações”, diz comunicado oficial da instituição privada presidida pela neta de Cascudo Daliana Cascudo Roberti Leite.

Também manifesta apoio à livre expressão de pensamento, mas repúdio a atos de vandalismo que danifiquem bem histórico e maculem a imagem do intelectual potiguar.

O texto completa que, por se tratar de prédio público cuja administração está a cargo da Fundação José Augusto, foi solicitado ao órgão do governo do estado que sejam adotadas as medidas para recuperar os danos.

Veja comunicado na íntegra:

Atuação política de Câmara Cascudo

A obra “Câmara Cascudo - o jornalista integralista” (2002), de Luiz Gonzaga Corteza, aborda a relação do potiguar com a Ação Imperial Patrianovista Brasileira, movimento político conservador e nacionalista, liderado pelo escritor paulista Plínio Salgado, entre os anos 1932/1937, até ser dissolvido pelo Estado Novo.

Em 1932, Cascudo aderiu ao Integralismo e foi membro destacado e chefe regional do grupo conhecido como camisas verdes.

“Como todo integralista, Cascudo foi um jornalista cristão, anti-burguês, anti-capitalista, nacionalista, anti-liberal, contra o banqueirismo internacional que ainda hoje mantém o Brasil numa situação de dependência e escravização financeira.”, expõe o autor.

“Como intelectual integralista, Cascudo tinha que escrever pró-integralismo e contra o comunismo, cujas ações e atividades clandestinas desenvolvidas contra o governo de Getúlio Vargas eram acobertadas pela Aliança Nacional Libertadora-ANL, criada pelo Partido Comunista do Brasil-PCB e integrada, ainda, por grupos de socialistas, democratas liberais e oposicionistas diversos. Portanto, os artigos e crônicas de Cascuda, na sua maioria, versavam sobre os assuntos da atualidade política nacional e internacional, com forte colorido verde-amarelo e um ojeriza latente ao regime soviético, Lênin, Stálin, o Exército Vermelho, a tudo que cheirasse a marxismo-leninismo”, escreve Cortez.

A obra ressalta que naquela época o Brasil vivia a dicotomia de comunismo e fascismo. Além disso, a maioria dos intelectuais brasileiros era conservadora e estava na AIB e/ou apoiava a ditadura Vargas.

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