Fundada há 31 anos por um grupo de veranistas da praia de Redinha, a banda do Siri resiste enfrentando uma forte correnteza que tem transformado o carnaval de rua em Natal num fest food de blocos criados por empresários.
Como costuma falar um dos fundadores do bloco, o agitador cultural Fábio Lima, depois que a turma da organização bota a banda do Siri na rua, quem faz o carnaval é o povo, o que inclui veranistas e a própria comunidade da Redinha:
– Por onde a banda do Siri passa deixa um rastro de alegria. Eu digo sempre que depois que a gente põe o bloco na rua o povo é quem faz o carnaval. E sempre tivemos essa proposta pé no chão, de graça, popular, sem cordas e sem exclusões. Vendemos as camisetas, mas é opcional. Quem puder comprar ajuda a colocar o bloco na rua.
Ele destaca que a banda do Siri vai na contramão do carnaval que a prefeitura vem implementando a partir da gestão do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) em nome de uma diversidade que não chega na Redinha.
Ao se distanciar dos blocos de rua e investir pesado em shows nacionais com palco e infraestrutura, Fábio Lima afirma que a prefeitura vai na contramão do país:
– A prefeitura fez essa opção, diferente de outros estados do país. São Paulo faz hoje um dos maiores carnavais porque apostou nos blocos, aqui apostaram no palco. E essa aposta levou a um processo de esvaziamento da Redinha, por exemplo. As grandes atrações são colocadas nos outros polos, como Ponta Negra, Petrópolis. Para a Redinha só mandam a banda Grafith e Cavaleiros do Forró. Nada contra essas bandas, mas se é diversidade mesmo porque não levam Grafith para Ponta Negra, Cavaleiros para Petrópolis e trazem Antônio Nóbrega para a Redinha ? Então não é diversidade, é preconceito mesmo.



De fato, durante a gestão Carlos Eduardo Alves/Dácio Galvão, a Redinha viu shows de Moraes Moreira e Originais do Samba em apenas dois anos.
Parte desta estratégia, segundo Fábio Lima, se deve ao fato da prefeitura, na visão dele, ter optado pela privatização do carnaval natalense.
– Existem alguns blocos de resistência, como a banda do Siri, que seguem pé no chão, mas a Prefeitura deu uma guinada quando optou pela privatização do carnaval. Os empresários que fazem o Carnatal migraram para o carnaval através das lei de incentivo. Ou seja, há uma carnatalização do carnaval de Natal. Mas acho que isso é passageiro. Na Redinha enfrentamos até a época dos trios elétricos e tivemos que colocar a banda em cima de um trio senão o povo não ouvi a música. E passou essa fase. O que fica, sempre, é a raiz.
Para colocar a banda do Siri na rua e desfilar no domingo e na terça-feira de carnaval, Fábio Lima e Hélio Rocha, os dois fundadores da banda que coordenam a produção, contam com o apoio de 30 a 40 pessoas. A banda é financiada pela prefeitura de Natal e conta com 52 músicos.
As camisas custam o preço simbólico de R$ 20 e estão à venda no pé do Gavião, bar tradicional da Redinha.
Confira a programação desta terça-feira (5)
Muitos Carnavais – 18h
Baiacú Astral e Turma do Mar – Ponta Negra – 17h
Os Cão – Redinha – 1030
Banda do Siri – Redinha – 16h
Do Seu Boga – Redinha – 15h30
Banda Carcará – Travessa Pereira Simões – 18h
Q`Fuxico – Rocas – 16h
Galo dos Perturbados – Bar do Naldo – 16 h
Shows da terça-feira
Polo Ponta Negra
Pedro Lucas – 20h
Margareth Menezes – 22h
Polo Petrópolis
Jaine Elne – 18h
Soanata – 20h
Monobloco 22h
Polo Redinha
Orquestra Greiosa – 21h
Sueldo Soares – 22h
Silvério Pessoa – 00h
Redinha Palco Cruzeiro
Batukedô – 21h
Ivan Monte – 22h