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Parques eólicos no RN ameaçam de extinção aves raras, alertam pesquisadores
13 de abril de 2022
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O avanço desordenado de parques eólicos nas regiões Central, Seridó e Oeste do estado podem causar a extinção local de duas espécies de aves raras: a arara-maracanã e o papagaio-verdadeiro. O alerta é feito por mais de 20 pesquisadores que têm estudado o impacto desses empreendimentos no estado e vem dias após o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) divulgar que discute mais um empreendimento (o Complexo Eólico Cordilheira dos Ventos, nas regiões Potengi, Sertão Central Cabugi e Seridó).
O mesmo grupo de pesquisadores emitiu uma longa nota alertando sobre os riscos do aumento de eólicas no Rio Grande do Norte, estado que mais produz esse tipo de energia no Brasil.
Segundo estudos conduzidos no Seridó, essas aves eram abundantes décadas atrás, mas com o desmatamento e o forte tráfico de filhotes para venda em feiras livres, restaram somente algumas populações entre áreas serranas, principalmente nos municípios de Lajes e Cerro Corá.
A região possui uma das áreas de Caatinga mais bem preservadas do estado, com inúmeras espécies raras e ameaçadas e, inclusive, indicada a se tornar Unidade de Conservação pelo governo federal (Portaria nº 463, de 2018) devido a sua exclusividade e sensibilidade.
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Foto: Alexandre Modesto[/caption]
Os especialistas apontam que caso seja aprovado na região mais um complexo eólico, a perda de habitat através do desmatamento, a maior movimentação de pessoas e a abertura de acessos deverá diminuir os abrigos e aumentar o tráfico desses animais na região.
Além disso, de acordo com os pesquisadores, existe um elevado risco dessas espécies se chocarem com as pás em movimento e as linhas de transmissão dos parques eólicos, devido ao seu comportamento de voarem em alta velocidade e em alturas consideráveis entre seus sítios de alimentação e descanso.
Eles acreditam que, dessa forma, o estado, através dos seus órgãos ambientais, chancelaria a provável extinção de duas das espécies mais ameaçadas do estado, e levaria inúmeras outras a minguarem até o seu completo desaparecimento na região.
Para o grupo que faz o alerta, a solução seria criar uma Unidade de Conservação na região para proteger a fauna e incentivar o turismo de aventura e observação da natureza. “Todos precisamos de energia, mas existem muitas áreas já alteradas pela ação do homem e menos sensíveis biologicamente que podem receber esses projetos de energia renovável. Além do mais, não existe desenvolvimento sustentável se o resultado é a extinção de espécies!”, alerta.
