Governo Lula cria Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas diante de perseguição aos profissionais
O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou nesta terça-feira (17) a criação do Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas, com o objetivo de monitorar casos de ataques a esses profissionais.
“Acolhendo o pedido das entidades sindicais dos jornalistas, vamos instalar no Ministério da Justiça o Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas, a fim de dialogar com o Poder Judiciário e demais instituições do sistema de justiça e de segurança pública”, publicou o ministro do governo Lula.
O anúncio foi feito um dia após reunião, em Brasília, com entidades da categoria a pedido de Flávio Dino.
"O ministro se solidarizou com a categoria, inclusive em face dos recentes acontecimentos do dia 8 de janeiro. E nós colocamos que muitos jornalistas foram agredidos ali no modus operandi dos terroristas que atacaram a democracia. Muitos colegas tiveram armas apontadas pra eles, material de trabalho destruído e materiais de uso pessoal roubados”, contou a presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro.
De acordo com a entidade, pelo menos 45 equipes de reportagem foram agredidas fisicamente e hostilizadas por apoiadores de Bolsonaro em todas as regiões do país, em atos golpistas nas capitais, cidades do interior e nos bloqueios das estradas. Esses ataques envolvem mais de 70 trabalhadores da mídia, entre repórteres, repórteres fotográficos e cinematográficos, auxiliares e motoristas.
O encontro da segunda-feira contou ainda com os diretores do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (SJPDF), Silvio Luiz Vasconcellos de Queiroz e Cristiane Silva Sampaio, e a presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Katia Brembatti.
O grupo entregou ao Ministério da Justiça uma carta assinada por 11 entidades que se reúnem desde maio de 2022 em defesa da liberdade de imprensa, preocupadas com a cobertura política diante do discurso de ódio instalado com o bolsonarismo.
Também foi apresentado outro documento, com pautas históricas da Fenaj relativas à segurança da categoria, incluindo a criação do Observatório.
“A Fenaj vem defendendo esse Observatório desde as Jornadas de Junho [2013], quando nós passamos a ser alvo das forças policiais e dos manifestantes. Essa violência cresceu nos últimos anos e adquiriu um caráter diferente a partir do discurso bolsonarista de institucionalização da violência contra jornalistas e de criminalização da atividade dos jornalistas”, destacou a presidente da Federação.
Samira avalia também que é preciso contabilizar os casos de violência contra os profissionais, mas também discutir medidas que possam mitigar os riscos, garantindo que o Observatório tenha a participação social das entidades representativas da categoria e dos empregadores do setor, como a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). “Os patrões também precisam ser, de certa maneira, responsabilizados pela segurança dos jornalistas”, concluiu.
Ainda entre as propostas para o fortalecimento da atividade jornalística, está a realização de campanha com as forças de segurança nos estados para a compreensão da sociedade sobre o papel dos jornalistas, bem como o respeito e a necessidade de garantir a liberdade de imprensa.