Natal se movimenta pelo fim do massacre à população de Gaza
Natal, RN 27 de abr 2024

Natal se movimenta pelo fim do massacre à população de Gaza

29 de novembro de 2023
7min
Natal se movimenta pelo fim do massacre à população de Gaza
Lançamento do Comitê Potiguar de Solidariedade à Palestina | Foto: Jana Sá

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Pelo fim do massacre à população de Gaza, a capital potiguar se une a 30 outras cidades em todas as regiões do Brasil nesta quarta-feira, 29, Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. A mobilização em Natal está marcada para às 17h, em frente ao Midway, e integra as atividades do Comitê Potiguar de Solidariedade à Palestina.

A organização foi lançada na última sexta (24), no Centro de Convivência da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com a presença de partidos políticos, mandatos e representantes de movimentos sociais, sindicais, estudantil e da sociedade civil organizada.

Qualquer ato ou ação que beneficie a causa palestina é bem-vindo. Porque neste momento, o imperialismo está se empenhando em ajudar Israel, mas enfrenta resistência em várias partes do mundo”, avalia Muhamad Tawfik, palestino brasileiro nascido em Nazaré e membro do Centro Islâmico de Natal. Ele dividiu a mesa expositora com Michelle Ventura, doutoranda em Antropologia pela UFRN. Ela observadora internacional de violações de direitos humanos na Palestina pela WCC/EAPPI. Atualmente pesquisa violência colonial na Cisjordânia.

Tawfik lembrou que na Inglaterra, uma ministra caiu devido a suas declarações sobre o povo palestino, e muitos deputados renunciaram em protesto. Nos Estados Unidos, membros do Ministério de Relações Exteriores também se demitiram em desacordo com a política norte-americana. Na França, embaixadores escreveram uma carta pedindo ao presidente uma revisão de sua posição. Houve mobilizações nas ruas de Londres, Nova York, Berlim, Paris, Kuwait, Oslo e Joanesburgo. No Brasil, também ocorreram importantes manifestações, principalmente no dia 4 de novembro, com atos em diferentes cidades do país, incluindo Natal.

Foto: Jana Sá

Infelizmente, o imperialismo percebe que Israel é seu aliado no Oriente Médio, e levar nossa voz na sociedade potiguar pode sensibilizar as pessoas para a causa palestina. É crucial conscientizar sobre o sofrimento do povo palestino, documentado, por exemplo, em vídeos no YouTube. Espero que ao compartilhar nossa causa, possamos mobilizar as pessoas em prol da liberdade da Palestina”, afirma Tawfik.

Da mesma forma, João Hazin, da quarta geração de imigrantes palestinos em Natal, comemora a formação do Comitê na capital do RN.

É muito importante a criação do comitê justamente para mobilizar a nossa gente. Hoje eu estou aqui, mas eu vejo a falta de muitas das famílias que existem em Natal, que são palestinos, mas que muitas vezes não participam, não se mobilizam e não estão engajados”.

Assim como a família de Hazin, os primeiros palestinos em Natal vieram de Recife. Isso porque, a maioria dos palestinos que vieram para o Nordeste no início do século XX procurou os grandes centros comerciais, onde havia possibilidade de trabalho. Naquela época, Natal era uma cidade pequena, então, a maioria dos palestinos optou por ir para Recife. Embora não haja uma contagem oficial, Tawfik disse que há quase trezentos palestinos com seus descendentes na capital potiguar.

Se Israel nega a existência do nosso povo e da nossa gente, é importante a gente se fazer presente e dizer que a gente existe”, alerta João Hazin.

Números

A faixa de Gaza é alvo de uma ofensiva israelense desde o dia 7 de outubro. Desde essa data, o conflito já resultou na morte de mais de mais de 11.400 palestinos, dentre eles mais de 4.400 crianças, além de 29 mil feridos em Gaza e mais de 2 mil na Cisjordânia. Frente aos números, os palestinos ressaltam a resistência de mais de 75 anos da invasão de Israel.

O Palestino não precisa de força, quem precisa de força é a humanidade. O palestino não foi destruído e não deve ser nunca, agora a humanidade está em perigo sim”, defende Ana Maria Pimenta, que integra a Comunidade Muçulmana do Rio Grande do Norte.

Foto: Jana Sá

Há pelo menos 3.640 palestinos desaparecidos, além de 2.200 detidos pelas forças de segurança israelense no último mês, simplesmente por serem palestinos e/ou por resistirem contra os crimes de Israel.

Entenda

A Palestina permaneceu sob domínio britânico de 1920 a 1948, quando foi entregue ao movimento sionista como "reparação" após o Holocausto, uma decisão tomada sem considerar a vontade da população nativa da região. Contrariando a falsa ideia de que a Palestina estava desocupada, trata-se de uma região ancestral do povo árabe, com laços culturais e afetivos que remontam a milênios.

O ano de 1948 marca a "Nakba" para os palestinos, um episódio de "catástrofe" e "desastre", quando mais de 700 mil foram forçados a fugir ou expulsos de seus lares pelas forças militares de Israel. Os eventos recentes se inserem em décadas de invasão, violência e genocídio, ignorando numerosas resoluções humanitárias. Testemunhamos uma nova Nakba, onde, desta vez, a possibilidade de migração é negada, e as comunidades palestinas são confinadas por Israel na chamada "maior prisão a céu aberto do mundo", enfrentando a ameaça de uma ocupação permanente em Gaza.

Leia também:

Izabel Hazin: o povo palestino tem o dever de resistir

Confira a lista de mobilizações confirmadas até o fechamento desta matéria:

Região Centro-Oeste

Brasília (DF) – 17h – Museu Nacional da República
Cáceres (MT) – 17h – Praça Barão do Rio Branco
Campo Grande (MS) – 17h – Rua 15 de Novembro, Camelódromo
Cuiabá (MT) – 17h – Praça Ipiranga
Goiânia (GO) – 17h – Praça do Bandeirante
Três Lagoas (MS) – 19h – Rua Luís Corrêa da Silveira, 1665
Corumbá (MS) -18h – Câmara Municipal

Região Nordeste

Fortaleza (CE) – 19h – Praça da Estação das Artes
Maceió (AL) – 15h – Praça dos Martírios
Natal (RN) – 17h – Midway Mall
Recife (PE) – 17h – Praça do Derby
Salvador (BA) – 15h – Praça Castro Alves

Região Norte

Manaus (AM) – 10h – Hemoam (Av. Constantino Nery)
Rio Branco (AC) – 8h – Assembleia Legislativa do Estado do Acre

Região Sudeste

Belo Horizonte (MG) – 11h – Auditório da Faculdade de Medicina da UFMG
Campinas (SP) – 19h – Sindicato dos Bancários
Ribeirão Preto (SP) – 17h – Esplanada Theatro Pedro II
Rio de Janeiro (RJ) – 17h – Candelária
Santos (SP) – 16h – Praça das Bandeiras, Gonzaga
São Paulo (SP) – 18h – MASP
Vitória (ES) – 18h – UFES

Região Sul

Curitiba (PR) – 18h – Praça Santos Andrade
Florianópolis (SC) – 16h – Esquina Democrática
Foz do Iguaçu (PR) – 18h – Praça da Paz
Joinville (SC) – Sinsej (Rua Lages, 84, Centro)
Pelotas (RS) – 17h – Chafariz do Calçadão
Porto Alegre (RS) – 18h – Largo Glênio Peres
Santa Maria (RS) – 17h – Praça Saldanha Marinho
Santa Cruz do Sul (RS) – 18h – Praça da Bandeira
Sant’Ana do Livramento (RS) – 16h30 – Parque Internacional da Fronteira da Paz
Santo Ângelo (RS) – 17h30 – Praça do Brique

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.