A festa é deles, meu amor: sorria!
Natal, RN 8 de mai 2024

A festa é deles, meu amor: sorria!

22 de janeiro de 2024
3min
A festa é deles, meu amor: sorria!
Foto: Alex Régis / Prefeitura de Natal

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Orna deveras com este verão infernal, que liquefaz os neurônios e as vergonhas de quem ainda os têm, o lançamento da pré-candidatura de Paulinho Freire (União Brasil) à Intendência. Sim: faltava a mais legítima representação duma micareta na passarela onde já evoluem, com as mumunhas típicas das troças de malandros, o Bloco do Eu Sozinho, o Bloco de Sujo e a Ala Ursa, enquanto o Cão Jaraguá ainda hesita entre botar a máscara da própria bestialidade ou rodar a baiana com turbante alheio. Deixo às sumidades da comissão julgadora, sempre tão simpáticas quanto incompetentes – vide os vitoriosos em carnavais passados –, o prazer de nominar as carapuças e vesti-las nas cabeças correspondentes.

A entrada de Freire no salão que ele parecia propenso a rebarbar dá-se com a estridência das guitarras que embalam o Carnatal, uma espécie de Parceria Público-Privada em que o público dá a prexeca e o privado entra com o porongo. Parece fescenino? Apois num seja, em tempos de política rebaixada aos instintos mais primitivos e aos apetites mais chãos. O foguetório que espoca a granel nos céus digitais, saudando a meia-volta-volver do empresário como se fora o Segundo Advento, trai o grau de estresse reinante nos alpendres carnatalescos, até então reféns dos caprichos insondáveis de Álvaro Dias e Carlos Eduardo Alves.

Paulinho Freire eleva-se ao carro abre-alas da direita no vácuo de uma ruidosa troca de chumbo com Dias, que incluiu, entre os danos colaterais, demissões de parentes e aderentes, de parte a parte. Sua base é a cacunda de vereadores – e de deputados e senadores de estatura equivalente – com quem posou para fotos às vésperas do anúncio e aos quais conhece tão bem quanto os versículos do jingle do seu carnaval fora de época.

  Alguns talvez escrevam micareta na língua do pê; mas, e daí?  Freire sabe que precisa desses cordeiros para proteger da sanha do intendente o quadrado que recém delimitou no campo minado da direita e para transformar em votos – do pessoal dos abadás ao da pipoca – o show de bastidor que o empurrou de volta aos ensaios do desfile em outubro. Atraí-los significa depreciar as ações de Dias e Alves, uma operação de alto risco futuro, por fragmentar ainda mais o já disperso capital da direita.

E daí 2? Para os entusiastas do novelho bloco que se concentra nas cercanias do Palácio Felipe Camarão, o mais importante é que é tempo de micareta. Então, meu amor, customize o abadá e a descrença e – ôôô – sorria: Carnatal é amor e prazer.

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