Apoio para as mães solo: quem cuida de quem cuida?
Natal, RN 14 de mai 2024

Apoio para as mães solo: quem cuida de quem cuida?

8 de março de 2024
4min
Apoio para as mães solo: quem cuida de quem cuida?
Crédito da foto: IBGE

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No Dia Internacional da Mulher, data que simboliza a luta feminista por um mundo mais justo, é importante refletir sobre a diversidade de mulheres a quem esta homenagem é dirigida no 8 de março. Todas nós possuímos uma identidade que é formada por múltiplos marcadores sociais além do gênero, como cor, idade, origem social e étnica, sexualidade, maternidade, que juntos tornam cada existência única e com desafios de diferentes nuances.

Olhando para a política da nossa cidade e do descaso com as creches, onde mães precisam contar com a sorte em um sorteio para conseguir vaga para os filhos em algum Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) de Natal-RN, resolvi escrever hoje sobre os desafios e desigualdades que as mães solo enfrentam no Brasil.

De acordo com dados da Pnad Contínua, o número de domicílios liderados por mães solo cresceu de 9,6 milhões para 11,3 milhões, de 2012 a 2022. E o segundo maior crescimento entre os estados do Brasil, ocorreu no Rio Grande do Norte, onde 18% do total de domicílios existentes possuem mães solo como chefes de família.

No geral, este crescimento que ocorreu especialmente entre as mulheres negras que se tornaram mães, pois enquanto o número de famílias com mães solo autodeclaradas brancas e amarelas permaneceu relativamente estável, o mesmo não se pode dizer para mães solo negras, cujo quantitativo aumentou nos lares brasileiros, passando de 5,4 milhões para 6,9 milhões no mesmo período. Um retrato do fenômeno conhecido como solidão da mulher negra.

A falta de suporte de parentes ou agregados, que atinge mais de 70% destas mulheres, torna ainda mais difícil conciliar as responsabilidades familiares com o trabalho. E se além da ausência de uma rede de apoio, mães solo não puderem contar com políticas públicas como as creches? É o que acontece em Natal-RN para muitas mulheres.

A Prefeitura de Natal ao desconsiderar a importância da educação infantil, deixando mais de 1.200 crianças sem vagas nas creches em 2024, impõe dificuldades adicionais para que as mães destas crianças entrem no mercado de trabalho, obrigando-as, muitas vezes, a recorrer à informalidade e trabalhos precários para sustentar suas famílias.

Além disso, é importante dizer, que a sobrecarga de trabalho no cuidado dos filhos também atinge as mães que estão em um relacionamento conjugal, pois é raro observar homens que dividam com as mulheres as responsabilidades do cuidado, que são inúmeras e não remuneradas, desde a alimentação, levar ao médico, orientar nos estudos, colocar pra dormir, lavar as roupas, enfim, poderíamos redigir páginas inteiras descrevendo ações de cuidado que ficam nas costas das mães.

Para mudar este quadro de desigualdades, é crucial que políticas públicas sejam implementadas para apoiar essas mulheres, incluindo o fornecimento de creches acessíveis, programas de requalificação, estímulo e suporte ao empreendedorismo. Além disso, é necessário que as instituições privadas desenvolvam estratégias para facilitar a conciliação entre maternidade e trabalho.

Diante desses desafios persistentes, é imperativo que a sociedade como um todo se mobilize para garantir que as mães solo, especialmente aquelas em situações de maior vulnerabilidade, recebam o apoio necessário para prosperar tanto no âmbito familiar quanto no profissional.

Aline Juliete - Advogada | Mestre em Estudos Urbanos e Regionais (UFRN) | Suplente de vereadora em Natal

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