Candidaturas de transexuais e travestis crescem mais de 10 vezes em quatro anos
O número de candidatos e candidatas que se declararam transexuais à Justiça Eleitoral cresceu mais de 10 vezes em 2018 num comparativo com as eleições de 2014. Foram registradas 54 candidaturas de pessoas trans este ano. Na eleição passada, apenas 5 candidatos se declararam transexuais ou travestis. Os dados de 2018 ainda podem mudar em razão dos prazos que o TSE tem para avaliar a legitimidade de todas as candidaturas registadas.
Levantamento realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) revela que o PSOL é o partido com o maior número de candidatos trans. Das 54 candidaturas, 21 são filiadas ao PSOL de 14 estados diferentes, o que corresponde a 40% do total. No Rio Grande do Norte, Lara Biank concorre ao cargo deputada estadual pelo Partido.
O PT e o PCdoB registraram 5 candidatos trans, cada. O PSB lançou 4 candidaturas e o PMB registrou 3.
PSDB, Rede, MDB e PCB concorrerão com duas candidaturas trans, cada. PDT, DEM, Avante, PPS, PP, PTB, PSD e PHS lançaram uma candidata ou candidato transexual nas eleições deste ano.
Em nota, a Antra afirmou que as candidaturas envolvem 19 Estados da federação, além do Distrito Federal:
- Pela primeira vez no país teremos uma candidata ao Senado Federal; duas candidatas a deputada distrital pelo DF; 17 a deputada federal; e 33 a deputada estadual
Dos 54 candidatos que fizeram o registro este ano, 28 terão na urna eletrônica o nome social que escolheram. É a primeira eleição em que o uso do nome social é permitido. O Tribunal Superior Eleitoral garantiu esse direito em março a todos os candidatos e candidatas travestis e transexuais.
O levantamento da Antra inclui tanto as candidaturas de pessoas trans que já retificaram o nome em cartório, como aquelas que registraram o nome social – forma como transexuais e travestis querem ser reconhecidos socialmente.
No portal do PSOL, a executiva nacional do Partido pontua que essas candidaturas representam um avanço diante da violência sofrida pelas pessoas trans no país.
- O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais do mundo. Essas mortes são sempre carregadas de requintes de crueldades: assassinam o corpo físico e assassinam identidade de gênero da população trans ao não reconhecer como legítimas a existência dessas pessoas. Por isso, as candidaturas que se colocaram para a disputa de outubro devem ser reconhecidas como um importante avanço de uma luta que é longa e incessante.
* Com informações da agência Brasil, Antra e PSOL
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