Pra inglês ver
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4 de fevereiro de 2020
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Um grupo de conselheiros do governo recomendou que os algoritmos criados e usados pelas redes sociais para promover conteúdos vistos pelos seus usuários deveriam ser regulados. Por azar (ou sorte) nosso, eles não aconselham o governo do Brasil. O relatório é do corpo de conselheiros de ética para a inteligência artificial do Reino Unido, coisa que, aqui no Brasil, ainda levará eras para ser criado. Basta ver que, até hoje, nem regulamentamos os artigos da constituição que tratam das tecnologias do século 20, como o que proíbe deputados federais e senadores de serem donos de concessões públicas de rádio e televisão, por exemplo.

Os conselheiros britânicos sugerem ainda que, na próxima leva de legislações sobre a internet, deveria haver, ainda, a previsão de que pesquisadores independentes tenham acesso aos dados coletados pelas redes sociais quando os temas forem de interesse público, como o papel das mídias sociais na saúde mental ou seu papel na disseminação de notícias falsas e desinformação.

Aí você pensa: até parece que empresas gigantes como a Google ou o Facebok vão permitir essas alterações na legislação…

Eu concordaria com você, se nós estivéssemos falando do Brasil – onde a confiança no Estado é cada vez menor, ainda mais agora quando o presidente da República alardeia aos quatro ventos que o Estado não serve para nada, além de gastar o dinheiro dos impostos.

Mas estamos falando do Reino Unido, onde menos de um terço dos cidadãos confia nas plataformas e redes sociais para selecionar o conteúdo visto de maneira responsável, 61% acredita que é preciso mais regulação e supervisão do Estado sobre as redes. Apenas 17% confia no sistema de auto-regulação atual, onde as plataformas criam suas regras de acordo com suas próprias vontades e pronto. Os dados são de uma pesquisa feita em 2017 pelo Centro para a Ética dos Dados e a Inovação do Reino Unido.

Fosse aqui no Brasil, os resultados seriam bem diferentes. Talvez, a maioria das pessoas sequer tivesse capacidade de entender o que é esse tal de algoritmo e o que ele faz com a gente. Outros muitos poderiam até confundir com o logaritmo das aulas de matemática na escola. E o pior de tudo, ia ser muito difícil encontrar alguém que confiasse no Estado Brasileiro para regular e regulamentar os conteúdos nas redes sociais.

E, pensando bem, nos últimos tempos, não dá mesmo para confiar. Quando o presidente apoia e executa a censura contra jornalistas, elogia os governos ditatoriais e a tortura contra desafetos políticos, é homofóbico, racista, machista e misógino, além de contratar ministros facistas, não dá mesmo para esperar qualquer regulação democrática em nenhuma área.

Resta esperar que os países democráticos do norte do mundo aprovem regulamentações que obriguem as empresas a nos proteger aqui no sul também.

Enquanto isso, os donos da bola nas redes seguem ditando as regras.

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