O prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) é responsável pelo maior vexame do Rio Grande do Norte em meio ao enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus. O hospital de campanha de Natal, inaugurado sem leitos de UTI na segunda-feira (4) com direito à entrevista ao vivo do prefeito no veículo de maior audiência do Estado, parou de funcionar. A unidade não recebeu pacientes e ainda está sem funcionários.
Nesta sexta-feira (8), a prefeitura cancelou pela segunda vez o contrato milionário com a mesma empresa que forneceria profissionais para atuar na unidade. A T&N Saúde e Serviços Ltda receberia R$ 18,6 milhões por um período de seis meses. A empresa foi contratada para fornecer mão de obra para atuar em áreas como enfermagem, assistência social, nutrição, farmácia, entre outras especialidades.
Uma das sócias da empresa é Paulyana Silva Gomes de Melo, casada com um dos cunhados e sócio do prefeito Álvaro Dias numa empresa sediada em Caicó.
Uma nova contratação emergencial será realizada nos próximos dias. O Ministério Público Estadual diz que está acompanhando o caso.
O hospital de Campanha de Natal prevê 120 leitos, sendo 20 de UTI. No entanto, não há respiradores, o que inviabiliza as unidades de terapia intensiva. A agência Saiba Mais entrou em contato com a secretaria municipal de Saúde desde terça-feira (5) para saber informações sobre os respiradores, valores e quando chegariam a Natal. A assessoria respondeu apenas que seriam compradas 30 unidades, mas não detalhou nem preço nem a data em que os equipamentos seriam instalados.
Na entrevista coletiva de hoje (8), secretario-adjunto da Sesap Petrônio Spinelli afirmou que o Governo vai fornecer equipamentos para a prefeitura abrir 14 leitos de UTIs. No entanto, a “ajuda” não será usada no hospital de Campanha, mas no hospital municipal. Segundo Spinelli, o secretário de Saúde de Natal George Antunes informou a ele que a única unidade preparada para receber pacientes da Covid-19 é o hospital municipal.
Logo, é possível extrair do diálogo entre Spinelli e George Antunes que o hospital de Campanha não está preparado para receber pacientes Covid-19. Mais uma prova da irresponsabilidade do prefeito Álvaro Dias em antecipar a inauguração de um hospital que segue sem funcionar.
Lembrando que, de acordo com a própria prefeitura de Natal, os investimentos no hospital de Campanha podem ultrapassar R$ 30 milhões, sendo R$ 18,6 milhões para contratação de profissionais e até R$ 12 milhões para o custeio.
A SMS informou que ainda hoje divulgará uma nota sobre o contrato cancelado pela segunda vez com a mesma empresa.