Na República Tcheca, estudante natalense faz campanha de doação para refugiados da Ucrânia
Natal, RN 26 de abr 2024

Na República Tcheca, estudante natalense faz campanha de doação para refugiados da Ucrânia

2 de março de 2022
5min
Na República Tcheca, estudante natalense faz campanha de doação para refugiados da Ucrânia

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A natalense Alissa Costa, 19, mora há um ano na República Tcheca onde faz faculdade de jornalismo. O país está na principal rota de refugiados da Ucrânia, que tentam escapar dos efeitos da invasão Russa iniciada em 24 de fevereiro passado. Dados divulgados pela imprensa europeia nesta quarta-feira (02) apontam que mais de 100 mil pessoas saíram da Ucrânia pela rota da Polônia/República Tcheca nas últimas 24 horas.

Alissa contou em texto para a Agência Saiba Mais como estão sendo sentidos os efeitos do conflito no País em que vive e detalhes do trabalho voluntário da campanha de doação que está fazendo com outros três amigos de outras nacionalidades: canadense, checo e russo. Em três dias, conseguiram cerca de 400 dólares em doações que vieram do Brasil, Portugal, Estados Unidos e Canadá, e juntaram várias caixas de alimentos, roupas e material de limpeza. Eis o relato que Elisa escreveu para a Saiba Mais.

Alissa Costa - Especial para a Agência Saiba Mais

O mundo acordou em choque na quinta-feira (24/02/2022) com notícias da Rússia invadindo a Ucrânia. Imediatamente, cidadãos de todo o mundo começaram a se perguntar: o que posso fazer para ajudar?

Na República Tcheca, a população se mobiliza para o apoio aos cidadãos da Ucrânia, refletindo sobre a tomada russa da Tchecoslováquia em 1968. No mesmo dia 24 de fevereiro, houve protestos em vários pontos de Praga, capital da República Checa. Também começaram as mobilizações de ajuda humanitária e divulgação de recursos úteis em todas as redes sociais.

E me vi cercada por toda essa movimentação. Mesmo morando na República Tcheca há apenas um ano, compartilhei o sentimento de responsabilidade em ajudar que tantos outros no país sentiram naquele dia, e ainda sentem agora. Eu não sabia exatamente por onde começar, mas me encontrei com três amigos e juntos começamos a trabalhar.

Na quinta-feira (24), menos de 12 horas após o começo do conflito militar, cidadãos tchecos e ucranianos se reuniram na praça principal de Praga em uma mobilização contra o confronto. Fui para a aula naquela manhã, mas faltei à aula da tarde para me juntar à multidão que vestia roupas em tons amarelo e azul - cores da bandeira da Ucrânia.

Muitos não tinham nenhuma língua em comum, mas a mensagem que se passava transcendia palavras e era entendida quer você fale russo ou português: "estamos com a Ucrânia".

Muitos levavam cartazes improvisados ​​dizendo "Glória à Ucrânia", "Parem os Crimes de Putin" ou "Paz à Ucrânia". Outros usavam roupas e acessórios azuis e amarelos - jaquetas, cadarços, tinta no rosto. No meio da multidão eu e minha colega, Lily Wilkinson - dos Estados Unidos, começamos a entender a força do povo desses países e nos juntamos na onda de empatia e solidariedade.

Percebi que a barreira do idioma entre o português e ucraniano tornaria muito complicado ajudar diretamente - sem falar do meu baixo orçamento de estudante - então comecei a doar o que podia: minha voz. Meu pequeno grupo de quatro amigos - uma brasileira, uma americana, um tcheco-canadense e um tcheco-russo - começou a compartilhar postagens nas redes sociais em busca de apoio dentro e fora da República Tcheca.

Em dois dias de campanha, recebemos aproximadamente R$ 2.200 reais, vindos do Brasil, Portugal, Itália, Estados Unidos e outras regiões na República Tcheca. Todas as doações foram diretamente para comprar suprimentos para os refugiados. Compramos fraldas, enlatados, comida de criança e cobertores.

Todo material foi entregue aos centros de doação que levam as doações até as fronteiras com a Polônia, onde estão se formando grandes centros de refugiados. Nós não temos planos para parar, enquanto as pessoas doarem, continuaremos fazendo o trabalho de compra e distribuição de doações.

À medida que as notícias do conflito se espalhavam, mais e mais pessoas se mobilizavam para mostrar apoio aos ucranianos e em defesa de uma saída diplomática. No domingo, outro protesto foi organizado, desta vez muito maior e contando com a presença do primeiro-ministro tcheco Petr Fiala, que falou sobre o apoio tcheco à Ucrânia e as sanções e ajuda militar que enviará ao exército ucraniano.

Mais de 80.000 pessoas estiveram presentes. Ucranianos, tchecos, russos, bielorrussos. Mais uma vez, não havia uma lingua comum entre nós, mas sim um sentimento de empatia e apoio ao fim do conflito.

Na multidão, muitos ucranianos que vivem em Praga e que sofrem com a incerteza de segurança de familiares e amigos que ainda estão no País. Nós nos juntamos a eles gritando "close the sky", implorando para fecharem o céu ucraniano, impossibilitando ataques aéreos. A mobilização terminou com o hino nacional da Ucrânia.

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