El Niño intensifica incêndios no RN; pico de calor será em janeiro
Natal, RN 8 de mai 2024

El Niño intensifica incêndios no RN; pico de calor será em janeiro

30 de outubro de 2023
4min
El Niño intensifica incêndios no RN; pico de calor será em janeiro
Fotos: Corpo de Bombeiros do RN

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O El Niño tem sido percebido no Rio Grande do Norte pela alta nas temperaturas, que chegaram a ultrapassar os 40ºC no Seridó, e pelo acentuado aumento de queimadas, com índices preocupantes na região Metropolitana. Especialista explica que auge da manifestação do fenômeno é previsto para janeiro de 2024, o que deve alertar ainda mais forças de segurança do estado.

SAIBA MAIS: RN é o estado do Nordeste com mais vítimas afetadas por seca extrema

O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte (CBMRN) consolidou os dados relativos a incêndios em vegetação em Natal e região Metropolitana, constatando que de janeiro a setembro de 2023, o CBMRN atendeu 281, 62,4% a mais do que no mesmo período do ano passado, onde foram atendidas 173 ocorrências. Ou seja, praticamente 1 atendimento por dia em 2023.

Os três municípios com mais atendimentos foram Natal (115), Parnamirim (54) e Extremoz (32). Outra informação relevante é que do mês de agosto para setembro de 2023 o aumento foi de 205,6%.

Entre os dias 22 e 23 de outubro, quatro ocorrências foram registradas no interior do estado. Os bombeiros atuaram nos municípios de Caicó, Caraúbas, João Câmara e Nísia Floresta para combater as chamas.

Doutor em Ecologia, João Damasceno acredita que os incêndios devem ser uma das maiores preocupações para esse período. “Além da perda de espécies provocada pelas queimadas e os impactos às áreas utilizadas para agropecuária no estado, a fumaça provocada poderá trazer problemas de saúde à população”, alerta.

Damasceno explica que pesquisadores do clima de todo o mundo preveem que o El Niño de 2023 será “um dos mais avassaladores dos últimos tempos, trazendo severas consequências dos EUA à Europa, da Ásia à América do Sul, especialmente aqui no Brasil”.

“Seria muito importante a discussão de políticas públicas para o enfrentamento das consequências das alterações climáticas nos estados, uma vez que as populações mais vulneráveis socialmente serão provavelmente as mais impactadas”, completa o ecólogo potiguar.

No início de setembro, o CBMRN lançou a operação Abrace o Meio Ambiente, com o objetivo de conscientizar a população sobre queimadas. Considerando que o período é de seca, a corporação reforçou os quartéis com militares e viaturas de forma extraordinária para combater incêndios, que geralmente são motivados por ações humanas, o que é crime. São mais de 1 milhão somente em diárias operacionais, de acordo com o governo do estado.

“Mais de 90% desses incêndios os seres humanos participaram de alguma forma, seja descartando lixo nas rodovias e fazendo fogueiras, por exemplo. A população precisa ter a consciente que além de ser crime, o fogo traz diversos dano a fauna, flora, a economia e a saúde pública. Precisamos da ajuda de todos para evitar”, disse o coordenador da operação, tenente-coronel Roberto, ao divulgá-la.

Calor e mudança nas chuvas

João Damasceno ressalta que, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia - Inmet, desde junho as águas do pacífico têm tiveram aumento de mais de 3°C e as consequências podem ser observadas em todo o Brasil desde agosto, com a mudança dos regimes de chuvas.

“Durante o mês de setembro, por exemplo, os volumes de precipitação acumulada foram superiores a 450 milímetros (mm) em alguns pontos. Na maior parte dos demais estados do país houve um déficit de precipitação, com destaque para a região Norte, onde foram observados déficits, principalmente, no centro-oeste da região. Já na primeira quinzena de outubro, os maiores valores acumulados estiveram presentes entre o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e centro-leste do Paraná, com valores superiores a 300 mm em alguns pontos. Apenas nos 19 primeiros dias do mês, algumas cidades registraram acumulado chuvoso três vezes acima da média de outubro”, detalha o pesquisador.

No Nordeste, a mudança se caracteriza por aumento da intensidade e frequência de chuvas no litoral e temperaturas acima da média no interior, na região semiárida. Também em setembro, a temperatura chegou a 40,04°C em Caicó, de acordo com monitoramento da Empresa de Pesquisa do Rio Grande do Norte (Emparn), com previsão de prolongado efeito do El Niño, se estendendo até 2024.

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