As frestas do Governo
Natal, RN 8 de mai 2024

As frestas do Governo

8 de janeiro de 2024
3min
As frestas do Governo
Foto: Divulgação Assecom Governo do RN

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O Governo do Estado adentra 2024 em situação menos calamitosa do que faziam supor sua atabalhoada performance em momentos cruciais de 2023, como a malfadada tentativa de manter o ICMS majorado, e a verborragia da horda oligofrênica empenhada em confundir oposição com retaliação. A rima é tão pobre quanto a alma das crias do consórcio paroquial imantado pelo bolsonarismo – partidos políticos, organizações corporativas e outras frações da sociedade alinhadas à extrema-direita – para, em desvio de função, dar vazão ao ressentimento agravado pela reeleição da governadora Fátima Bezerra.

O problema é que, até aqui, o governo e suas linhas auxiliares em diversos campos têm primado por desperdiçar os intervalos de calmaria gerados pela conjuntura nacional ou pela própria gestão. Eles são raros, mas existem e poderiam funcionar como empuxos para melhorias progressivas na imagem da gestão e da gestora.

No campo financeiro, o governo conseguiu quebrar a onda alarmista do atraso salarial futuro, algo que ele mesmo insuflara ao destacar tal risco como consequência incontornável da derrota no processo do ICMS. A quebra deu-se pela divulgação do calendário anual de pagamentos, que manteve o pagamento parcelado da folha do funcionalismo, mas agora dentro do mês trabalhado.

O anúncio positivo saiu enquanto os servidores da Prefeitura de Natal lamentavam atrasos parciais nos pagamentos de fim de ano. Mas as duas notícias não mereceram o mesmo destaque na pauta dos que alimentam, por voz própria ou línguas de aluguel, o fogo de barragem trovejante contra o governo e a governadora.

Ao anúncio do calendário regular, seguiu-se a divulgação de série estatística da Defesa Social comprovando reduções expressivas em várias modalidades de crime por todo o estado, inclusive homicídios e feminicídios, no período de janeiro a novembro/2023, em comparação com 2022. Ou seja: aparentemente, houve evolução na política de segurança pública de um ano para outro, coroando investimentos em efetivo, viaturas e outros equipamentos, facilitados por transferências federais decorrentes do alinhamento entre a governadora e o presidente Lula.

Os dois fatos revolvem terrenos delicados, de onde sai parte da motivação para reprovar o governo e a governadora. Isolados, não bastam para reverter a curva de imagem negativa, mas sinalizam que é possível elevar-se a novos patamares também em outros segmentos – educação, saúde, moradia, estradas – nos quais os níveis de eficiência e o volume de realizações prosseguem muito aquém das expectativas e necessidades da população.

Sem essa generalização, as escassas boas notícias que marcaram a virada do ano continuarão a ser apenas o que são: frestas. Têm o poder de oxigenar um pouco a musculatura da gestão, mas apenas para suportar as novas pancadas distribuídas pelos adversários. Têm a propriedade de arejar e iluminar o ambiente sombrio em que a imagem do governo cambaleia, mas não a de se tornarem janelas largas onde a sociedade se debruce e colha, de fato, mais e melhores resultados.

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