Dignidade infinita
Natal, RN 30 de abr 2024

Dignidade infinita

13 de abril de 2024
4min
Dignidade infinita

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É esse o nome do novo documento lançado essa semana pelo Vaticano, assinado pelo Pontífice Francisco. Nele, se condena entre outras coisas o aborto, o abuso sexual, o feminicídio, a gestação em barriga de aluguel… E as pessoas Trans pois, parafraseando o texto, ferem a dignidade única que a pessoa recebeu no momento da concepção.

Não sei se começo falando sobre o conceito de dignidade humana e de como esse documento me fere enquanto uma pessoa Trans humanamente digna de existir, ou se eu escancaro que a maioria das concepções são phod@s mal programadas. Sim! A maioria de nós nasceu por acidente de uma phod@, sem planejamento nenhum, sem vontade nenhuma de que a tal da concepção ocorresse e que se é necessário aceitar a humanidade como foi criada. (Voltemos a andar nus, por favor!)

Dando um Google, a primeira coisa que se encontra enquanto significados para dignidade é: substantivo feminino – 1. qualidade moral que infunde respeito; consciência do próprio valor; honra, autoridade, nobreza./ 2. qualidade do que é grande, nobre, elevado.!

Aí vem a Igreja querendo dizer que uma pessoa Trans não pode o quê?! Infundir respeito?! Que não pode ter consciência do valor que tem?! Que não pode ter honra, grandeza?! Que não pode ser um ser elevado?! Acoooooorda menino! – Como diz a Ana Maria Braga. Não é por que o “Dignitas infinita” – esse é o nome do documento – foi escrito (durante uma média de 5 anos) por pessoas que se autoproclamam dignas, que ele deve aceito como verdade absoluta. Até por que esse texto é uma fraude, das grandes. Daquelas mentiras hipócritas bem próprias das religiões, que escondem seus podres INDIGNOS para debaixo dos tapetes.

Se a dignidade pressupõe valores como amor-próprio, orgulho, valor e honra… Quem é a Igreja para julgar pessoas Trans de não-dignas (indignas)?! Será por que não podemos possuir esses valores?! Qualidades morais?! Ou é por que algumas de nós fez/faz alterações no corpo?! (Fechem as clínicas e demonizem os procedimentos plásticos e estéticos pensados para as pessoas cisgêneras e que as pessoas Trans pegam carona; derrubem as academias e suas sequências de exercício que transformam corpos e mentes).

Ou será por que esses valores positivos só estão destinados às pessoas cisgêneras?! A Igreja escolhe quem é digno e quem não é?! É isso!? Pois bem… Fui atrás de saber as muitas possibilidades de antônimos para o que é digno e encontrei as seguintes palavras: “Ignominioso, pejorativo, degradante, aviltante, desonroso, afrontoso, infamante, abjeto, vexatório, vergonhoso, vilipendioso”…

Será que posso contra-atacar?! Posso e vou! Nos últimos tempos casos de abuso sexual de menores (a famosa pedofilia), desvio de dinheiro de fiéis, enriquecimento ilícito de padres e pastores, assédio sexual e moral, orgias e uso de entorpecentes povoam a mídia. Basta dar um Google! Estão nos jornais. Cenas e fatos degradantes, alvitantes, desonrosos, afrontosos, infames, vexatórios, vergonhosos protagonizados por quem?! Quem?! Quem?! Quem?!

Nenhuma pessoa Trans envolvida. Nenhuma de nós, pessoas Trans que a Igreja diz não serem dignas. Se dignidade nos fosse um pressuposto, um predicado que carregamos desde a concepção, se fosse uma premissa para o que nos tornamos durante a vida, não haveria tanta gente verdadeiramente indigna proclamando julgamentos. Sobretudo, dentro da Igreja!

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