Um dia para não esquecer
Natal, RN 3 de mai 2024

Um dia para não esquecer

20 de abril de 2024
6min
Um dia para não esquecer

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Dia 20 de abril de 2020, o mundo vivia a maior pandemia das últimas décadas, a nossa instituição estava com suas atividades acadêmicas suspensas desde o dia 17 de março, em função da decretação da pandemia da covid 19.

Se o país vivesse um momento de estabilidade política e democrática, naquele dia a instituição teria visto no diário oficial da união, a nomeação daquele que ganhou a eleição pelo voto direto da sua comunidade, a pessoa que escreve esse texo. Mas, diante de um governo que flertava com posições anti democráticas, a manobra realizada já não era novidade, pois esse mesmo ”governo” que ainda fala em liberdade, já tinha usado deste expediente no IFBA, CEFET RJ e em algumas Universidades pelo o país afora, ou seja, o “governo” da “liberdade” perseguia pessoas do cabo Orange/RR ao arroio Chui/RS e da serra da Contamana/ AC a Ponta do Seixas/PB, ceifando o direito de escolha por eleições diretas nos IF’s e UF’s.

A sanha do autoritarismo criava e tentava organizava alternativas de ataques as instituições democráticas do país e elegeu as universidades e institutos federais como seu laboratório, não demorou muito, para ver aqui no RN, quais eram as justificativas para não da posse a quem venceu a eleição de fato e de direito, a primeira ação realizava pelo o pro tempore foi tentar nomear para os cargos de procurador e auditor e chefe de gabinete da instituição advogados que não eram servidores públicos e portanto não faziam jus a ocupar essas pastas, depois vieram a tentativa de silenciamento do Consup, Consepex e Codir, um modus operandi de quem não consegue dialogar com as diferenças e tem o autoritarismo como concepção de mundo.

A incapacidade de diálogo, a incompetência de formar uma equipe que conhecesse a máquina pública fez com as discussões e as propostas para retorno as atividades acadêmicas não fossem priorizadas, cabendo a mim, articular com os Diretores Gerais dos campi e demais professores da instituição os primeiros passos para o retorno das atividades acadêmicas e administrativas.

Durante todos estes meses, a instituição sangrava, perdíamos alunos e alunas que procuravam soluções para não perder um ano letivo, em função do avanço da covid , a nossa comunidade adoecia pois tinha que lidar com pandemia e pandemônio institucional e nacional. Com o passar do tempo, começamos a identificar que este plano de desmantelamento institucional vinha sendo planejado desde o processo eleitoral em nome do surgimento de uma gestão diferente e preocupada com o gasto do recurso público, outra grande mentira. Quem não lembra das compras dos computadores apple e dos mais de 20 milhões que seriam devolvidos ao MEC se não tivéssemos tomado posse no dia 20 de dezembro de 2020?

É importante relembrar o papel desempenhado pelo Sinasefe, pelas diferentes entidades estudantis, pelos movimentos sociais e uma grande parte dos servidores da instituição e da rede de educação profissional e tecnológica, dos amigos e amigas que desde o primeiro dia do golpe institucional estavam do meu lado, da minha companheira Jeane e da minha família que me davam forças para lutar. Não foi fácil, uma missão árdua estava posta para a nossa instituição e pra pessoa que vos fala, é inegável o papel desempenhado pelo Consepex, Consup e Codir que foram fundamentais para minimizar os prejuízos institucionais.

Não podemos esquecer da truculência em que nossos alunos foram submetidos no dia 11 de agosto de 2020, que após uma ato na reitoria, foram surpreendidos por uma ação da polícia militar, convocada pelo gestor máximo da instituição naquele momento, que os recebeu com spray de pimenta.

E quanto ao homem, ao servidor de carreira, ao Professor de Educação Física que, ao entrar na ETFRN em 1995, não tinha como meta ocupar estes postos de poder? Foi dolorido, primeiro pela a injustiça e depois pelos discursos que chegavam na imprensa através dos detentores do poder, que afirmavam que eu não tinha idoneidade, que respondia a um processo disciplinar, responder processo disciplinar no Brasil vem sempre associado ao imaginário coletivo como sinônimo de corrupção, ou seja, o objetivo também era atingir o servidor público, ninguém falava que o fruto da denúncia foi uma peça de ficção, montada pelo MBL e encaminhada para o MPF completamente fora de contexto e com um único objetivo atacar as instituições de ensino, o que foi desmascarado após a conclusão das investigações.

Por fim, é importante afirmar que o instrumento jurídico utilizado para dar a minha posse, fere ao direito da presunção da inocência, o que é extremamente incoerente, pois o mesmo presidente que não me deu posse por uma suposta falta de idoneidade, foi o mesmo que nomeou ministro que já tinham sido condenado em primeira e segunda instancia, ou seja, foi perseguição sim, que tinha como objetivo central não ao Professor Arnóbio, Gariba, Mauricio, Luzia, Codes, Terezinha, Anderson, Rui Opermam e outros reitores eleitos e não empossados, o plano era fazer um piloto nas universidades e Institutos Federais, lugares de “ doutrinação” segundo as mentes doentes e a partir dai criar um clima para a instituição de um regime autoritário numa sociedade pseudo democrática. Dia 20 de abril de 2020, um dia para não esquecer, chega de ataques a autonomia das instituições de ensino e as demais instituições democráticas do Brasil.

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