A Bandagália não existiu
Fevereiro começa com a zoada das trombetas, dos clarins e dos trompetes anunciando o retorno dos gauleses às manchetes, agora digitais, entre conversas aos pés da santa esbórnia. Nesta quinta-feira (1º), na boca da noite das 19h, lanço meu grito de carnaval. "Bandagália, o reinado da irreverência" sai pela editora do Sebo Vermelho, com impressão da Offset e projeto gráfico de Alexandre Oliveira. A festa rola solta no 294 Bar e restaurante, em Petrópolis, com direito à banda de frevo e outros salamaleques.
Durante o processo de apuração deste livro, me questionei várias vezes sobre o gênero literário que sairia desse carnaval de informações, fatos e versões que iam chegando de diferentes fontes.
Como minha única experiência do tipo havia sido a biografia do cantor e compositor Carlos Alexandre, arremessada ao mundo em 2015, pensei numa linha semelhante, mas vi logo que não era por ali que minha banda desfiliaria.
A Bandagália é uma aquarela de cores, sentimentos, emoções, verdades, meias verdades e muita imaginação.
Não se tratava de uma vida, mas de várias. Não exagero quando digo que cada folião da Bandagália é digno de um livro pra chamar de seu. As lutas, as derrotas, as conquistas, as tristezas, os fracassos, as tragédias pessoais e as voltas por cima que a gente dá fazem da vida nosso íntimo carnaval. E tudo isso era esparramado ali durante o percurso da banda, no meio da rua, sem filtro, à vista de todos.
Saiba mais: "Bandagália, o reinado da irreverência" será lançado nesta quinta (1).
Então vai ser um livro-reportagem, pensei. Mas não seria eu a encaretar a mais anárquica e libertária das bandas de carnaval de rua da cidade.
Até porque a essência do carnaval dispensa a técnica na hora do vamo ver. E o que se viu - ou melhor, o que me contaram - foi uma loucura só.
Eu demorei a descobrir, mas entendi já durante o processo de escrita que meu papel nesse projeto era tão somente o de intérprete.
Um intérprete incomum de sentimentos. Um captador de emoções que vai juntando palavras até formar um mosaico de ideias e emoções.
O humor e o deboche são armas infalíveis contra qualquer ditadura. E ótimo repelente contra quem também se acha dono das democracias.
E a Bandagália soube usar e dosar cada bala de festim.
Do meu lado, jornalista metido a escritor, botei no papel o que eu acho que ouvi durante as entrevistas, quase todas regadas à cerveja, cachaça, vinho e uísque.
E tudo de caso pensado.
Porque depois de tudo o que ouvi, li e pesquisei, no dia que me perguntarem se a Bandagália existiu mesmo, vou pegar emprestadas as palavras que Nelson Sargento falou quando perguntaram a mesma coisa sobre Cartola:
- Bandagália !? A Bandagália não existiu, foi só um sonho coletivo que essa cidade, um belo dia, teve.
PS: Aos amigos, colegas, familiares, bêbados, pinguços, borrachos, papudinhos, ébrios, foliões, abstêmios e quem mais quiser chegar, estarei de copo presente, devidamente vacinado, imunizado e embriagado na noite de lançamento ao lado dos gauleses, romanos, gregos e troianos para uma grande festa. Espero todas e todos por lá !