Mulheres do MST em Natal pedem Reforma Agrária e acesso à Universidade
Natal, RN 15 de mai 2024

Mulheres do MST em Natal pedem Reforma Agrária e acesso à Universidade

7 de março de 2024
5min
Mulheres do MST em Natal pedem Reforma Agrária e acesso à Universidade
Marcha das mulheres do MST/RN I Fotos: Morgana Souza

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Nesta quinta (07), mulheres que integram o MST no Rio Grande do Norte fizeram uma marcha e foram até a Superintendência do Incra, em Natal, exigir mais vagas para o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), além da retomada da Reforma Agrária. O grupo foi recebido pela Superintendência local do Incra.

Filha de pais agricultores da cidade de Mossoró, Williana Soares, intermediou a conversa entre os manifestantes e o Incra. Ela foi a primeira pessoa da família a ter um diploma universitário. Depois de se formar em Direito, no ano de 2021, na Universidade Federal do Paraná, ela retornou a terras potiguares e utiliza o conhecimento que adquiriu para ajudar outras mulheres e famílias a também terem acesso ao ensino superior.

“Entrar na universidade fez diferença não só na minha vida. Há um peso nisso, de maneira geral, os cursos superiores são difíceis para quem vem do campo e conseguir me formar nunca foi tão simbólico. Uma promotora disse em um despacho que filho de agricultor não tem que fazer Direito não, tem que fazer Pedagogia, Agronomia... foi por causa do voto de uma outra mulher que estou aqui hoje. Minha turma tinha quilombola, sem-terra, filhos e mulheres dos movimentos do campo, popular... que fazem mobilizações como a de hoje”, relata Williana Soares.

E ela se formou graças ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que permitiu que Instituições de Ensino Superior em todo o país, em parceria com o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), abrissem vagas nas universidades para moradores de assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), quilombolas, professores e educadores que exerçam atividades educacionais voltadas às famílias beneficiárias. O Programa foi criado em 1998, mas desmantelado a partir de 2016, após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Williane, durante reunião no Incra nesta quinta (07) I Foto: MST/ RN

“Filho de agricultor tem que ter a mesma condição de frequentar um curso de quem vive na cidade, de quem tem condição financeira. Ter acesso a um curso superior expressa a resistência e luta de mulheres, de avós, bisavós que estão mobilizadas aqui hoje... é uma luta que ultrapassa gerações. Isso quer dizer que ainda temos muito a fazer, a conquistar. Nunca pensei que fosse tão emocionante entregar um diploma para minha mãe”, revela Williane, que na manifestação de hoje intermediou a conversa com o Incra.

Foto: Morgana Souza
Mulheres na sede do Incra I Foto: Morgana Souza

Queremos a retomada da pauta da Reforma Agrária, que está parada desde meados de 2018. Além disso, é preciso não só o acesso à terra, mas à políticas públicas, como o Pronera, fomento para que as mulheres tenham suas próprias criações, fomento para que o jovem possa investir na produção dentro dos assentamentos e crédito para o semiárido, que é uma política de enfrentamento à seca”, enumera Williane.

Os pontos da reunião foram encaminhados pelo Superintendente do Incra no RN. Mas apenas em abril será disponibilizado o orçamento, com o início do exercício.

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