Fechamento de sapataria agrava crise no comércio do Centro de Natal
O ano mal começou e mais uma grande loja, instalada na avenida Rio Branco, no bairro da Cidade Alta, Centro Histórico de Natal, baixou as portas portas de vez neste mês de janeiro. Depois de a Magazine Luiza ter anunciado o fechamento de unidade na área comercial, agora foi vez da sapataria Di Santinni encerrar as atividades e acender o sinal vermelho para a situação do comércio em uma das localidades mais antigas da capital potiguar, que, em menos de uma década, atravessa onda de fechamento de lojas e outros estabelecimentos comerciais.
Apesar do cenário preocupante, a Associação Viva o Centro de Natal ainda não o levantamento preciso acerca do número de empresas do bairro que decidiram parar ou iniciar as operações nos últimos treze meses. No entanto, na visão do presidente da associação, a perda de mais uma loja, ainda mais na principal avenida do centro de Natal, traz um impacto negativo, que resultado de um conjunto de fatores, entre eles o alto valor do aluguéis de imóveis na região.
“Há a abertura de algumas pequenas lojas, mas há um impacto maior, quando uma loja que ocupa um imóvel grande área fecha. Se for um pequeno estabelecimento, normalmente ninguém nota. Soubemos essa semana do fechamento da Di Santinni, a Magalu já havia fechado no início de janeiro... Isso mostra que aquele trecho carece de atenção do poder público e dos proprietários dos imóveis. Continuamos batendo nessa tecla dos aluguéis, as empresas não têm condições de manter um estabelecimento funcionando com o valor que é obrado hoje”, avalia Rodrigo Vasconcelos .
A Di Santinni fica quase na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua João Pessoa, ao lado de um imóvel que também já estava fechado. Na esquina diagonal fica o prédio da antiga loja C&A, que funcionou em Natal por trinta anos e que está fechada desde março de 2022. Já na esquina lateral à Di Santinni, há outro imóvel fechado, que já foi loja de eletrodomésticos e, mais recentemente, revenda de produtos para confeitaria.
Apenas em janeiro de 2024, além da Di Santinni, a Magazine Luíza já havia fechado sua unidade na Avenida Rio Branco. Um cartaz colocado na frente da loja orientava os consumidores a procurarem a unidade da Avenida Prudente de Morais, no bairro de Lagoa Seca. Em 2023, algumas grandes lojas conhecidas nacionalmente encerraram suas atividades na Rio Branco, foi o caso da Marisa no mês de maio, além de duas unidades das Lojas Americanas no mês de setembro.
Saiba +
Do bonde ao busão: memória e caminhos para a Rua João Pessoa
Crise na Cidade Alta se aprofunda com fechamento da Magazine Luiza
Em meio à crise, Americanas fecha loja da Avenida Rio Branco, no centro de Natal
Obras paradas
Com a promessa de resgatar não só o comércio, mas a vida no centro da cidade, em março de 2023, a Prefeitura do Natal iniciou o projeto de requalificação na Rua João Pessoa com um trecho do calçadão coberto por caramanchões e exclusivo para pedestres.
O projeto também prevê a revitalização da Praça Padre João Maria, com a criação de um espaço lúdico de descanso e de brincadeira para crianças na região, mas, por enquanto, a única novidade entregue foi uma camada de piche no trecho entre a Rio Branco e a Catedral Nova.
“Nos sentimos muito desprestigiados com o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional] que, mais uma vez, burocratizou e travou a obra da João Pessoa. Tivemos uma reunião essa semana com os secretários, que foram muito solícitos, e o que nos passaram é que a prefeitura não tá podendo dar continuidade à obra porque o Iphan coloca condições e trava o serviço. Só tivemos prejuízo até agora com essa demora”, lamenta Rodrigo Vasconcelos.
Saiba+
Fechamento da C&A expõe enfraquecimento do comércio e até da memória de Natal