Zona Norte: projeto da UFRN leva comunicação para escola pública
O projeto de extensão “Agência Escola Fotec”, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é o responsável por ensinar comunicação para jovens de escolas públicas na Zona Norte de Natal. O trabalho, conduzido pelo professor e jornalista Itamar Nobre, é um projeto de Comunicação Experimental e Multimídia que nasceu em 2005, e atua nas escolas instigando os adolescentes a conhecer a universidade pública.
Atualmente, o projeto é realizado na Escola Municipal Professora Maria Madalena Xavier de Andrade, situada entre os bairros Santarém e Potengi, próximo ao Ginásio Nélio Dias. Lá, os estudantes fundaram a Agência “Ame Comunica”. A escola atende cerca de 1.090 alunos do 1° ao 9° ano do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Além de Itamar, o projeto conta com a participação dos bolsistas Vinicius Siqueira e Maria Luiza Mafra, que moram na Zona Norte, além dos professores Frank Rodrix e Rodrigo Torres, que trabalham na escola. Uma equipe toda formada por pessoas que vivem na Zona Norte.
A Agência Mada de Comunicação, ou “Ame Comunica", surgiu dos próprios alunos e monitores. A partir dela, são realizadas coberturas de eventos como shows de talentos, interclasse e aulas de teatro. No projeto, os alunos aprendem produzir roteiros, pautas, notícias, edições de vídeo e fotografias.
Itamar conta que a ideia do trabalho surgiu da iniciativa de retribuir à sociedade civil os conhecimentos adquiridos da educação pública. O professor, que estudou toda a sua vida em escolas públicas, se orgulha de devolver ao ensino gratuito tudo que aprendeu.
“A ideia surgiu pensando em retribuir à sociedade os conhecimentos adquiridos em escolas públicas durante minha formação. Nunca estudei em escolas privadas”, conta Itamar.
O professor observa que nas escolas públicas estão os filhos dos trabalhadores que necessitam de iniciativas estimuladoras. “Resolvi fazer com que meus projetos fossem uma devolutiva pelos anos de estudos e também como a valorização e contribuição para melhorar o aprendizado nessas escolas. As minhas raízes”, afirma.
Vinicius Siqueira é aluno de Audiovisual na UFRN e bolsista no projeto e ele classifica essa experiência como muito rica. “A experiência como bolsista do projeto da Fotec na escola está sendo muito rica. Poder levar um pouco do que eu aprendo na universidade para alunos do Ensino Fundamental, de uma escola da Zona Norte é uma honra muito grande, porque é de onde eu venho e onde passei toda minha vida”, avalia Siqueira, que mora no Pajuçara II.
O estudante conta que essa experiência, na verdade, é uma troca. “Eles aprendem um pouco comigo e eu aprendo um pouco com eles. Assim, todos saem ganhando”, detalha. Vinícius também revela o empenho que esses adolescentes mostram nos trabalhos, nas oficinas e em todas propostas na extensão.
“Seria muito importante para o ensino público do RN que mais e mais projetos desse tipo fossem realizados em parceria, não só com a UFRN, mas também com outras universidades do RN”, finaliza.
“Eu pretendo entrar na UF pra fazer jornalismo”, sonha Myrella da Silva.
Myrella da Silva é aluna do 9° ano e participa do “Ame Comunica” pela segunda vez. A estudante conta que entrou no projeto só para ter com o que se ocupar, mas o que ela não sabia é que se apaixonaria por comunicação.
“Esse ano eu quero entrar no IFRN pra fazer Mídias Digitais, que tem uma relação com o projeto. Mas depois, quero entrar na UF pra fazer Jornalismo”, conta a aluna cheia de esperanças.
As oportunidades chegam para os alunos de escolas públicas por último. Assim, Myrella reconhece e desabafa sobre a importância de projetos como esses na vida dos estudantes. Para ela, todas as escolas públicas deveriam ter trabalhos e oportunidades como essas, que geram perspectivas de vida e sonhos nos adolescentes.
“Esse projeto é uma grande oportunidade para as pessoas se encontrarem em diversas áreas da comunicação. Jornalistas, cinegrafistas ou roteiristas. É muito bom.” avalia. “Eu acharia bom ter em todas as escolas um projeto como esse. Assim, outras pessoas também teriam oportunidades de se encontrar”, conclui.
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Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.
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