Redinha: trabalhadores seguem desamparados após 3 meses de protestos
Natal, RN 8 de mai 2024

Redinha: trabalhadores seguem desamparados após 3 meses de protestos

2 de dezembro de 2023
6min
Redinha: trabalhadores seguem desamparados após 3 meses de protestos
Obra do mercado da redinha está atrasada. Foto: Leandro Juvino

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Os trabalhadores da praia da Redinha, na Zona Norte de Natal, continuam sem o direito de trabalhar, mesmo quase 3 meses depois de manifestações que fecharam o trânsito. No feriado de 7 de setembro, uma das datas que os trabalhadores mais lucram, os ambulantes, garçons, cozinheiros e funcionários de outros setores protestavam, pela terceira vez, para poder exercer suas funções. 

Acontece que até hoje esses funcionários continuam desamparados. “Toda vida que montamos uma barraca, a prefeitura vem aqui pra fechar tudo”, relata um trabalhador que prefere não se identificar com medo de retaliações. Na época, a Agência Saiba Mais foi até a praia da Redinha para conversar com trabalhadores que alegaram: “Eles [A Prefeitura de Natal] querem que a gente se dane”.

Dessa vez, os trabalhadores da Redinha denunciam a precariedade da praia, o impedimento de trabalhar e falta de amparo por parte da Prefeitura do Natal, especialmente da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb). A pasta é a responsável por fiscalizar a obra e o acordo indenizatório que contempla 20 quiosqueiros da praia. Eles receberam entre R$25 mil e R$50 mil, dependendo da atividade exercida e da volta ou não da ocupação da orla. 

Segundo os trabalhadores, a fiscalização está impedindo os comerciantes de colocarem guarda-sóis na praia. “Esse calor que está fazendo no país todo e a gente não pode colocar um guarda-sol pra se proteger. Ninguém fica no sol com essas temperaturas altíssimas. A menina que me ajuda foi parar na UPA com insolação! A gente não tem condições de continuar assim”, denunciaram. 

Existem tentativas de acordo por parte dos comerciantes e pastas. Entretanto, essas negociações são lentas e apenas o trabalhador sai perdendo. “Estamos tentando negociar mas é muito difícil. Colocar 3 mesas é muito pouco, ainda mais sem guarda-sol pra se proteger do calor”, lamentou um deles. 

Obra do Complexo Turístico atingem 50% de conclusão em atraso

Na semana passada, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) informou a conclusão de 50% das obras gerais do Complexo Turístico da Redinha. Com destaque para a pavimentação asfáltica promovida no entorno do complexo e as obras no setor onde vão ficar os boxes para o artesanato e os restaurantes. Outra coisa avançada foi a nova iluminação no local. 

Além disso, os outros lotes das obras do Complexo contam com a requalificação do sistema de defesa costeira, da Praia da Redinha, do trecho do rio Potengi e a drenagem e urbanização do entorno do Mercado Público da Redinha. Não só isso, mas também a reestruturação viária do antigo acesso à Redinha, com capeamento asfáltico e execução do passeio com acessibilidade do trecho da Av. Doutor João Medeiros Filho a partir do viaduto da Redinha até o entroncamento com a rua Francisco Ivo, rua José Herôncio de Melo, a partir da rua Francisco Ivo até a rua Engenheiro Clóvis Aragão. Inclui também a rua Engenheiro Clóvis Aragão, a partir da rua José Herôncio de Melo até a av. João Medeiros Filho.

Acontece que o que devia ser uma comemoração, é um sinal de alarme para os comerciantes da praia. As obras do Novo Mercado da Redinha deviam ter sido entregues em setembro de 2023. Entretanto, a nova previsão da prefeitura é a entrega das obras somente no início de 2024. 

Os comerciantes dizem que alguns lotes dessas obras deveriam ter sido entregues há muito tempo e isso atrapalha o retorno dos trabalhadores à orla, pois uma justificativa para esse impedimento é o risco de danos físicos dos trabalhadores. 

“Essa obra devia tá pronta há muito tempo”, denunciam comerciantes. Foto: Leandro Juvino/ Saiba Mais

Justiça negou pedido para trabalhadores ocuparem a faixa de areia

Ainda em setembro, o juiz federal Hallison Rego Bezerra, indeferiu o recurso proposto pelo vereador Daniel Valença (PT) justificando que a liberação da ocupação poderia atrapalhar as obras que acontecem no local. 

Foram feitas audiências públicas populares, chamadas com a Secretaria de Meio e Ambiente e Urbanismo e a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. Depois foram feitos atos, inclusive na frente da prefeitura, onde o secretário de gabinete civil ouviu os manifestantes. Enfim, se tentou de todas as formas resolver a questão na via da negociação administrativa, mas isso não foi possíve.”, justificou o advogado do mandato petista na época.

A Agência Saiba Mais procurou a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), mas até o fechamento desta matéria não foi enviada respostas.

____________________________________________________________________________________________________

Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.

Leia também:

Projeto Saiba Mais de Perto combate "desertos de notícias" no RN

Tibau: Estudantes participam da maior feira de ciências do mundo

Aldeia Sesc Seridó reúne artistas de Caicó em Cortejo Cultural

Comerciante morre em acidente por buraco na Zona Norte de Natal

Coletivos independentes movimentam a sétima arte em Mossoró

Seridó: Aos 93 anos, Maria Albino faz doces para acolher pessoas

Depois te Conto: jovens da Zona Norte criam série independente de humor

Caatinga:  famílias vivem da natureza no Parque Nacional da Furna Feia

CMEI na Zona Norte realiza exposição inspirada em Ariell Guerra

Currais Novos: Congresso das Batalhas reuniu artistas de Hip Hop

Maior produtor de atum do RN não leva pescado à mesa areia-branquense

Caicoense transformou a dor do luto em homenagem para 40 mulheres

Como resiste o afroempreendedorismo do outro lado da ponte

Medalhista mundial de Taekwondo conheceu esporte em associação de Assu

“No Seridó a Reza é Forte” destaca indígenas e africanos no RN

Zona Norte: projeto da UFRN leva comunicação para escola pública

Em Ouro Branco, a preservação do patrimônio coloriu a cidade

Fábrica de polpa de frutas transforma vida de mulheres agricultoras

As chuvas fortes em Natal e o caos na Zona Norte

Com 74 anos, Manoelzinho produz telas em latonagem e fotocorrosão

Patu: Cineatro leva reflexão social a estudantes de escolas públicas

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.