Redinha: trabalhadores seguem desamparados após 3 meses de protestos
Os trabalhadores da praia da Redinha, na Zona Norte de Natal, continuam sem o direito de trabalhar, mesmo quase 3 meses depois de manifestações que fecharam o trânsito. No feriado de 7 de setembro, uma das datas que os trabalhadores mais lucram, os ambulantes, garçons, cozinheiros e funcionários de outros setores protestavam, pela terceira vez, para poder exercer suas funções.
Acontece que até hoje esses funcionários continuam desamparados. “Toda vida que montamos uma barraca, a prefeitura vem aqui pra fechar tudo”, relata um trabalhador que prefere não se identificar com medo de retaliações. Na época, a Agência Saiba Mais foi até a praia da Redinha para conversar com trabalhadores que alegaram: “Eles [A Prefeitura de Natal] querem que a gente se dane”.
Dessa vez, os trabalhadores da Redinha denunciam a precariedade da praia, o impedimento de trabalhar e falta de amparo por parte da Prefeitura do Natal, especialmente da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb). A pasta é a responsável por fiscalizar a obra e o acordo indenizatório que contempla 20 quiosqueiros da praia. Eles receberam entre R$25 mil e R$50 mil, dependendo da atividade exercida e da volta ou não da ocupação da orla.
Segundo os trabalhadores, a fiscalização está impedindo os comerciantes de colocarem guarda-sóis na praia. “Esse calor que está fazendo no país todo e a gente não pode colocar um guarda-sol pra se proteger. Ninguém fica no sol com essas temperaturas altíssimas. A menina que me ajuda foi parar na UPA com insolação! A gente não tem condições de continuar assim”, denunciaram.
Existem tentativas de acordo por parte dos comerciantes e pastas. Entretanto, essas negociações são lentas e apenas o trabalhador sai perdendo. “Estamos tentando negociar mas é muito difícil. Colocar 3 mesas é muito pouco, ainda mais sem guarda-sol pra se proteger do calor”, lamentou um deles.
Obra do Complexo Turístico atingem 50% de conclusão em atraso
Na semana passada, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) informou a conclusão de 50% das obras gerais do Complexo Turístico da Redinha. Com destaque para a pavimentação asfáltica promovida no entorno do complexo e as obras no setor onde vão ficar os boxes para o artesanato e os restaurantes. Outra coisa avançada foi a nova iluminação no local.
Além disso, os outros lotes das obras do Complexo contam com a requalificação do sistema de defesa costeira, da Praia da Redinha, do trecho do rio Potengi e a drenagem e urbanização do entorno do Mercado Público da Redinha. Não só isso, mas também a reestruturação viária do antigo acesso à Redinha, com capeamento asfáltico e execução do passeio com acessibilidade do trecho da Av. Doutor João Medeiros Filho a partir do viaduto da Redinha até o entroncamento com a rua Francisco Ivo, rua José Herôncio de Melo, a partir da rua Francisco Ivo até a rua Engenheiro Clóvis Aragão. Inclui também a rua Engenheiro Clóvis Aragão, a partir da rua José Herôncio de Melo até a av. João Medeiros Filho.
Acontece que o que devia ser uma comemoração, é um sinal de alarme para os comerciantes da praia. As obras do Novo Mercado da Redinha deviam ter sido entregues em setembro de 2023. Entretanto, a nova previsão da prefeitura é a entrega das obras somente no início de 2024.
Os comerciantes dizem que alguns lotes dessas obras deveriam ter sido entregues há muito tempo e isso atrapalha o retorno dos trabalhadores à orla, pois uma justificativa para esse impedimento é o risco de danos físicos dos trabalhadores.
Justiça negou pedido para trabalhadores ocuparem a faixa de areia
Ainda em setembro, o juiz federal Hallison Rego Bezerra, indeferiu o recurso proposto pelo vereador Daniel Valença (PT) justificando que a liberação da ocupação poderia atrapalhar as obras que acontecem no local.
“Foram feitas audiências públicas populares, chamadas com a Secretaria de Meio e Ambiente e Urbanismo e a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. Depois foram feitos atos, inclusive na frente da prefeitura, onde o secretário de gabinete civil ouviu os manifestantes. Enfim, se tentou de todas as formas resolver a questão na via da negociação administrativa, mas isso não foi possíve.”, justificou o advogado do mandato petista na época.
A Agência Saiba Mais procurou a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), mas até o fechamento desta matéria não foi enviada respostas.
____________________________________________________________________________________________________
Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.
Leia também:
Projeto Saiba Mais de Perto combate "desertos de notícias" no RN
Tibau: Estudantes participam da maior feira de ciências do mundo
Aldeia Sesc Seridó reúne artistas de Caicó em Cortejo Cultural
Comerciante morre em acidente por buraco na Zona Norte de Natal
Coletivos independentes movimentam a sétima arte em Mossoró
Seridó: Aos 93 anos, Maria Albino faz doces para acolher pessoas
Depois te Conto: jovens da Zona Norte criam série independente de humor
Caatinga: famílias vivem da natureza no Parque Nacional da Furna Feia
CMEI na Zona Norte realiza exposição inspirada em Ariell Guerra
Currais Novos: Congresso das Batalhas reuniu artistas de Hip Hop
Maior produtor de atum do RN não leva pescado à mesa areia-branquense
Caicoense transformou a dor do luto em homenagem para 40 mulheres
Como resiste o afroempreendedorismo do outro lado da ponte
Medalhista mundial de Taekwondo conheceu esporte em associação de Assu
“No Seridó a Reza é Forte” destaca indígenas e africanos no RN
Zona Norte: projeto da UFRN leva comunicação para escola pública
Em Ouro Branco, a preservação do patrimônio coloriu a cidade
Fábrica de polpa de frutas transforma vida de mulheres agricultoras
As chuvas fortes em Natal e o caos na Zona Norte
Com 74 anos, Manoelzinho produz telas em latonagem e fotocorrosão
Patu: Cineatro leva reflexão social a estudantes de escolas públicas