Com 74 anos, Manoelzinho produz telas em latonagem e fotocorrosão
Manoel Santos, o "Sr. Manoelzinho" como é conhecido, nasceu no município de Jucurutu, mas, desde a infância, mora em Caicó. Sua convivência com metais começou ainda menino ao observar seu pai, também Manoel Santos, que trabalhava com instrumentos musicais.
Em sua casa, Sr. Manoelzinho não percebe o ponteiro das horas, enquanto amassa aqui, desamassa ali, e vai dando formas a rostos, corpos, detalhes diversos, em alumínio ou latão. Mas, ele só passou a trabalhar com esta arte aos 60 anos, depois de estudar grafite.
"Parti para o grafite para exercitar o traço e fui amadurecendo. Quando parti para o metal, já tinha uma bagagem de formatos. Iniciei com arte sacra, achava muito interessante o volume das roupas, e comecei a exercitar por aí. Primeira vez que peguei, vi que tinha como dominá-lo", relembra.
Nos anos 60, Manoelzinho esteve estudando em Recife, no Conservatório Pernambucano de Música, e nesta época quando visitava igrejas, admirava muito as imagens, observando seus detalhes. Ele avalia que esta observação favoreceu a inspiração e seu domínio pela parte do relevo.
Na latonagem, em alumínio, com a técnica de transferência por sublimação em relevos, Manoelzinho já produziu a artista mexicana Frida Khalo, a padroeira Sant'Ana, de Caicó, entre outras peças, como mandalas com relevos e arabescos.
Incansável, Sr. Manoelzinho passou os últimos 30 dias, mergulhado em projeto para exposição com sua nova técnica: a fotocorrosão, um processo que exige matéria-prima de qualidade, conhecimento e cuidado na execução. A fotocorrosão faz uso de uma chapa de latão, cobre, aço ou alumínio, que passa por um ataque de corrosão ácida, com base em uma imagem fotográfica ou um desenho transformado em fotolito.
"Fotocorrosão é com produto químico e a latonagem você trabalha com ferramentas", explica Manoelzinho.
Para sua exposição, Sr. Manoelzinho conseguiu produzir 40 peças, que estiveram na Casa do Artesão do Seridó, em Caicó, até esta quinta-feira, 30 de novembro. Nas telas, há famosos como Tom Jobim, Paulo Freire, Rubem Alves, Câmara Cascudo, Auta de Souza, além de cenários de Caicó, e pessoas que fizeram história em Caicó, como o historiador e escritor Muirakytan Macedo, a jornalista, política e professora Júlia Medeiros, a artesã do barro Raimunda Cícero e obras sacras, como Sant'Ana, a padroeira.
Satisfeito, Sr. Manoelzinho diz que criou uma "máquina corrosiva" para utilizar nesse processo de corrosão. "Eu fiz uma gambiarra. Eu bolei quatro tubos de uma polegada, emendei estes tubos, e furei a base dele toda, em bacia plástica. Eu jogo o percloreto nessa bacia e o motor de ar condicionado vai soprando nesses tubos. Então aquilo tudo borbulha, e consequentemente agride o metal, e quando agride metal, corrói. Virou realmente uma máquina corrosiva", explica o artista.
Falando sobre o processo de execução, ele afirma que a pintura é, sem dúvida, a parte mais complicada. Quando pinta os relevos, precisa fazer o acabamento, que exige até 3 horas de dedicação. "São 2 ou 3 horas para ter acabamento perfeito numa peça. Arte exige sensibilidade e você precisa estar bem para produzir", afirma.
Para conhecer mais do trabalho de Sr Manoelzinho, siga @santoslatonagem.
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Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.
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