Com 74 anos, Manoelzinho produz telas em latonagem e fotocorrosão
Natal, RN 8 de mai 2024

Com 74 anos, Manoelzinho produz telas em latonagem e fotocorrosão

30 de novembro de 2023
5min
Com 74 anos, Manoelzinho produz telas em latonagem e fotocorrosão
Em latonagem e em fotocorrosão os trabalhos do Sr. Manoelzinho surpreendem pela riqueza de detalhes | Foto: cedida

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Manoel Santos, o "Sr. Manoelzinho" como é conhecido, nasceu no município de Jucurutu, mas, desde a infância, mora em Caicó. Sua convivência com metais começou ainda menino ao observar seu pai, também Manoel Santos, que trabalhava com instrumentos musicais.

Em sua casa,  Sr. Manoelzinho não percebe o ponteiro das horas, enquanto amassa aqui, desamassa ali, e vai dando formas a rostos, corpos, detalhes diversos, em alumínio ou latão. Mas, ele só passou a trabalhar com esta arte aos 60 anos, depois de estudar grafite.

"Parti para o grafite para exercitar o traço e fui amadurecendo. Quando parti para o metal, já tinha uma bagagem de formatos. Iniciei com arte sacra, achava muito interessante o volume das roupas, e comecei a exercitar por aí. Primeira vez que peguei, vi que tinha como dominá-lo", relembra.

Nos anos 60, Manoelzinho esteve estudando em Recife, no Conservatório Pernambucano de Música, e nesta época quando visitava igrejas, admirava muito as imagens, observando seus detalhes. Ele avalia que esta observação favoreceu a inspiração e seu domínio pela parte do relevo.

Na latonagem, em alumínio, com a técnica de transferência por sublimação em relevos, Manoelzinho já produziu a artista mexicana Frida Khalo, a padroeira Sant'Ana, de Caicó, entre outras peças, como mandalas com relevos e arabescos.

Frida em latonagem | Foto: cedida

Incansável, Sr. Manoelzinho passou os últimos 30 dias, mergulhado em projeto para exposição com sua nova técnica: a fotocorrosão, um  processo que exige matéria-prima de qualidade, conhecimento e cuidado na execução. A fotocorrosão faz uso de uma chapa de latão, cobre, aço ou alumínio, que passa por um ataque de corrosão ácida, com base em uma imagem fotográfica ou um desenho transformado em fotolito.

"Fotocorrosão é com produto químico e a latonagem você trabalha com ferramentas", explica Manoelzinho.

Para sua exposição, Sr. Manoelzinho conseguiu produzir 40 peças, que estiveram na Casa do Artesão do Seridó, em Caicó, até esta quinta-feira, 30 de novembro. Nas telas, há famosos como Tom Jobim, Paulo Freire, Rubem Alves, Câmara Cascudo, Auta de Souza, além de cenários de Caicó, e pessoas que fizeram história em Caicó, como o historiador e escritor Muirakytan Macedo, a jornalista, política e professora Júlia Medeiros, a artesã do barro Raimunda Cícero e obras sacras, como Sant'Ana, a padroeira.

Satisfeito, Sr. Manoelzinho diz que criou uma "máquina corrosiva" para utilizar nesse processo de corrosão. "Eu fiz uma gambiarra. Eu bolei quatro tubos de uma polegada, emendei estes tubos, e furei a base dele toda, em bacia plástica.  Eu jogo o percloreto nessa bacia e o motor de ar condicionado vai soprando nesses tubos. Então aquilo tudo borbulha, e consequentemente agride o metal, e quando agride metal, corrói. Virou realmente uma máquina corrosiva", explica o artista.

Falando sobre o processo de execução, ele afirma que a pintura é, sem dúvida, a parte mais complicada. Quando pinta os relevos, precisa fazer o acabamento, que exige até 3 horas de dedicação. "São 2 ou 3 horas para ter acabamento perfeito numa peça. Arte exige sensibilidade e você precisa estar bem para produzir", afirma.

Para conhecer mais do trabalho de Sr Manoelzinho, siga @santoslatonagem.

_____________________________________________________________________________________________________

Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.

Leia também:

Projeto Saiba Mais de Perto combate "desertos de notícias" no RN

Tibau: Estudantes participam da maior feira de ciências do mundo

Aldeia Sesc Seridó reúne artistas de Caicó em Cortejo Cultural

Comerciante morre em acidente por buraco na Zona Norte de Natal

Coletivos independentes movimentam a sétima arte em Mossoró

Seridó: Aos 93 anos, Maria Albino faz doces para acolher pessoas

Depois te Conto: jovens da Zona Norte criam série independente de humor

Caatinga:  famílias vivem da natureza no Parque Nacional da Furna Feia

CMEI na Zona Norte realiza exposição inspirada em Ariell Guerra

Currais Novos: Congresso das Batalhas reuniu artistas de Hip Hop

Maior produtor de atum do RN não leva pescado à mesa areia-branquense

Caicoense transformou a dor do luto em homenagem para 40 mulheres

Como resiste o afroempreendedorismo do outro lado da ponte

Medalhista mundial de Taekwondo conheceu esporte em associação de Assu

“No Seridó a Reza é Forte” destaca indígenas e africanos no RN

Zona Norte: projeto da UFRN leva comunicação para escola pública

Em Ouro Branco, a preservação do patrimônio coloriu a cidade

Fábrica de polpa de frutas transforma vida de mulheres agricultoras

As chuvas fortes em Natal e o caos na Zona Norte

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.