Auto de Natal: espetáculo envolveu mais de 200 atores na Zona Norte
Uma jornada emocionante e inspiradora, que explora a capacidade de redenção da humanidade e a importância de mudanças pessoais para transformar o mundo, reuniu 213 pessoas, entre bailarinos, atores e uma equipe de produção de 30 pessoas, no palco do Complexo Cultural da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), na Zona Norte de Natal. A estreia do espetáculo “Auto de Natal - A reinvenção do mundo” ocorreu na última sexta (15), com apresentação também no sábado (16).
O iniciativa é uma produção artística de base comunitária construído a partir do trabalho de formação inicial em teatro e dança executado pela Escola de Extensão da Uern (EdUCA). Com as participações dos grupos Teatro Baobá e Cinedansa, a peça foi dirigida e criada por Denilson David, coreografada por André Rosa e teve direção geral de Irene Van den Berg.
“Esta peça cativante e cheia de esperança combina elementos da cultura erudita e popular, mostrando que o verdadeiro espírito do Natal vai além dos presentes materiais e está na capacidade de amor e transformação”, destacou o autor do espetáculo Denilson David.
David, que além de autor é mestre em Artes Cênicas, doutorando em Estudos da Linguagem e Arte-Educador, destacou a importância de um trabalho como esse na Zona Norte de Natal. O artista comenta que apresentar o Auto na Zona Norte é um ato de bravura, persistência e resistência, porque além de tudo, a peça também é feita por moradores da região.
“Apresentar o Auto na Zona Norte de Natal, feito pelos moradores dessa região é um ato de bravura, persistência e resistência. Uma zona que ainda é muito carente de ações de cultura, lazer e arte. Fazer um evento dessa magnitude e nessa proporção é uma forma de gritar que na Zona Norte reside um povo que aprecia, produz e respira arte. E é ainda uma forma de dizer que se tivermos as condições dignas e necessárias, nós juntos podemos ir muito além e produzir muito mais de forma qualitativa e quantitativa”, pontuou Denilson.
A história parte de uma avó que conta ao seu neto, Zezinho, sobre o verdadeiro significado do Natal. A partir daí, a trama se divide em reflexões, histórias mágicas e sagradas com Anjos e Santos, e um verdadeiro dilema da reinvenção do mundo. Denilson conta que a ideia inicial era unir as turmas de teatro, música e dança que eram compostas por crianças, jovens, adultos e idosos, na faixa etária de 5 a 75 anos, para promover um grande encontro de gerações e diversidades.
O professor ainda destaca as dificuldades de realizar um espetáculo desse nível e que cresce de público a cada ano. Além de tudo, comentou da importância do caráter pedagógico que envolve aquilo tudo, uma vez que para muitos daqueles alunos, a obra é a primeira experiência artística da carreira.
“Colocar em cena “O auto de Natal - A reinvenção do mundo” foi um grande desafio, e uma grande responsabilidade, primeiro pela proporção e grandiosidade que o evento ganha a cada ano, atraindo cada vez mais novos olhares da comunidade local, da comunidade artística e também de grandes figuras de autoridades do estado. Segundo, pela dimensão e caráter artístico pedagógico que o evento possui, uma vez que muitos daqueles sujeitos em cena, estão tendo sua primeira experiência artística através da composição desse projeto o que torna a realização do auto ainda mais potente e desafiadora”, conclui.
Auto de Natal está em 4° edição
Em 2018, o professor teve a primeira ideia do que viria ser um dos principais espetáculos da Escola de Extensão. A ideia de montar uma peça, surgiu do arte educador para encerrar o ano letivo. Daí, nasceu o primeiro Auto, ainda em 2018, intitulado de “Auto de Natal - Um novo tempo”, baseado no clássico conto “Um conto de Natal” de Charles Dickens. No seguinte, o primeiro texto autoral de Denilson virou uma peça intitulada “Auto de Natal No Reino de Pindorama”, que depois da pandemia foi reapresentada num formato híbrido na 3° edição do projeto. Outra dificuldade para manter o evento é a falta de recursos, que mesmo estando vinculado a UERN, muitas vezes é preciso enfrentar trâmites burocráticos para conseguir recursos, o que dificulta o processo de produção e logística do evento. Denilson conta que se não fosse pelo apoio do Governo do Estado, através da Fundação José Augusto, o espetáculo natalino não teria acontecido. Projetos como esses, são importantes na promoção de lazer, bem-estar e cultura na Zona Norte que, na maioria das vezes, é esquecida pelo poder público da capital.
______________________________________________________________________________
Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.
Leia também:
Projeto Saiba Mais de Perto combate "desertos de notícias" no RN
Tibau: Estudantes participam da maior feira de ciências do mundo
Aldeia Sesc Seridó reúne artistas de Caicó em Cortejo Cultural
Comerciante morre em acidente por buraco na Zona Norte de Natal
Coletivos independentes movimentam a sétima arte em Mossoró
Seridó: Aos 93 anos, Maria Albino faz doces para acolher pessoas
Depois te Conto: jovens da Zona Norte criam série independente de humor
Caatinga: famílias vivem da natureza no Parque Nacional da Furna Feia
CMEI na Zona Norte realiza exposição inspirada em Ariell Guerra
Currais Novos: Congresso das Batalhas reuniu artistas de Hip Hop
Maior produtor de atum do RN não leva pescado à mesa areia-branquense
Caicoense transformou a dor do luto em homenagem para 40 mulheres
Como resiste o afroempreendedorismo do outro lado da ponte
Medalhista mundial de Taekwondo conheceu esporte em associação de Assu
“No Seridó a Reza é Forte” destaca indígenas e africanos no RN
Zona Norte: projeto da UFRN leva comunicação para escola pública
Em Ouro Branco, a preservação do patrimônio coloriu a cidade
Fábrica de polpa de frutas transforma vida de mulheres agricultoras
As chuvas fortes em Natal e o caos na Zona Norte
Com 74 anos, Manoelzinho produz telas em latonagem e fotocorrosão
Patu: Cineatro leva reflexão social a estudantes de escolas públicas
Redinha: trabalhadores seguem desamparados após 3 meses de protestos
Jornal impresso “Quinzenal” resiste há 19 anos em Caicó
MPRN terá ação do projeto Pai Legal na Zona Norte
Saudade estimula artista a eternizar história de Upanema em quadros
Advogada levou o sertão poético de Caicó para Paris
Serra do Mel: rádio comunitária leva o bem à Vila Amazonas
DER responsabiliza prefeitura por acúmulo de areia na João Medeiros
Jurema Coletivo de Dança traz dança contemporânea para Caicó
“Fugi da prisão”: superação torna Chico Filho imortal em Martins
Trancistas: a valorização da cultura afro-brasileira na Zona Norte
Em São José, um guardião da história criou o Museu da cidade
Disputa política e judicial causa insegurança em Porto do Mangue
Natal sem Natal: Zona Norte reivindica eventos e decoração natalina
População faz mobilização pela volta de Cherie para Caicó
Tradição em Caraúbas: banda de música prepara festejos a São Sebastião
Cmei da Zona Norte prepara Natal Solidário das crianças
Ipueirense visita sítios e faz arte em madeira morta
Portalegre: Crianças quilombolas têm contato com ciência em pesquisa