Mossoró: estudante surda lança livro após ganhar prêmios de ciências
Ana Viviane tem 16 anos e nunca ouviu um som sequer. Também nunca viu um livro com estórias com as quais pudesse se identificar. Foi assim que surgiu a ideia d“O silêncio da Vivi”, lançado pela Edições UERN, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Primeiro livro de uma escritora surda da escola pública, a obra já recebeu sete prêmios em feiras de ciências pelo Brasil. O exemplar também tem uma versão em Libras.
Viviane estuda em uma escola estadual de Mossoró, cidade do Oeste potiguar, a 280 quilômetros de Natal, e no Centro Estadual de Capacitação de Educadores e Atendimento ao Surdo (CAS), que ajuda estudantes no atendimento educacional especializado. O livro surgiu como parte do projeto “História em silêncio: entre as lembranças e a construção da identidade do sujeito surdo”, para a V Feira de Conhecimentos Científicos, realizada pelo Centro, em 2022.
“O silêncio da Vivi” relata a vivência de uma jovem surda desde o seu nascimento até a aquisição da identidade surda. Com isso, busca fortalecer identidades e o protagonismo da pessoa surda, além de expor a importância da literatura produzida por autores surdos para o processo de identificação das crianças surdas.
“Eu queria falar sobre a minha história de vida, então após algumas conversas decidimos que um livro infantil seria bacana, pois conseguiríamos atender aos surdos que estavam na minha volta e que tinham uma história parecida com a minha”, conta Viviane.
A obra teve a organização das professoras Mízia Emanuella Mendes Veras e Suzana Carneiro de Azevedo Fernandes. A jovem de 16 anos teve a orientação sobre método científico, pesquisa autobiográfica, diário de bordo e percurso metodológico. Foram 10 meses de orientação para, então, com a colaboração do projeto de extensão “Vigilância E Promoção em Saúde no Contexto Escolar: ações e estratégias de enfrentamento (VPSE)”, da Faculdade de Enfermagem da UERN, encontrou a editora da Universidade para ser publicado, em 2023.
Antes disso, com o projeto, Ana Viviane, que nunca havia sonhado ser escritora, recebeu a premiação Destaque em Metodologia Científica e o Destaque em Criatividade e Inovação na Feira do Semiárido Potiguar, o que lhe conferiu credencial para a Febrace, maior feira brasileira pré-universitária de Ciências e Engenharia em abrangência e visibilidade, promovida anualmente pela Escola Politécnica da USP.
Lá, conquistou o Prêmio National Geographic Society 2023, Prêmio destaque Inova USP e o 2° lugar geral na categoria Ciências Humanas. Com isso, alcançou a credencial para participar da Feira de Ciências e Tecnologia das Nações (FeNaDANTE ), no Paraná, onde tirou o 1º lugar em Ciências da Linguagem.
“Fiquei muito feliz com cada etapa vencida do projeto, não esperava que a ideia do livro fosse tão longe, pensava que seria só aqui no CAS, mas quando fomos apresentar na FEBRACE em SP e na FECET, no Paraná, ficamos felizes e percebemos a responsabilidade que tínhamos, pois estávamos mostrando aos surdos que eles tinham capacidade e que poderiam ser o que quisessem”, afirma.
Para a professora Mízia Veras, o processo foi “maravilhoso”.
“A cada etapa vencida ficávamos felizes, pois víamos o desenvolvimento da estudante e a autonomia com a qual ela se portava durante as apresentações, em cada feira ela apresentou o trabalho sem nossa ajuda, ver ela responder as perguntas dos avaliadores com propriedade foi fantástico. A pesquisa realmente cumpriu com seus objetivos que foi de desenvolver a autonomia e autoestima de estudantes surdos”, afirma.
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Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.
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