Lei Paulo Gustavo fomenta criação de documentários sobre o Seridó
Com os resultados de editais da Lei Paulo Gustavo nos municípios, as histórias que destacam fatos e personagens marcantes do Seridó ganham espaço no audiovisual, com a criação de documentários. São histórias de seridoenses ou fatos marcantes pela importância histórica, contribuindo para o sentimento de identidade cultural do povo.
Em Timbaúba dos Batistas, o geógrafo Raul Xavier utilizou sua pesquisa de mestrado sobre a formação da sua cidade e desenvolveu o roteiro do curta-metragem, que inclusive já está pronto. Com título de “História, Memórias da Rua da Maloca”, o documentário percorre o cenário de antigas casas até ruínas, mostra moradores e a história de seus antepassados.
“Utilizei minha pesquisa de mestrado, sobre a formação territorial da cidade, de forma que o documentário traz a formação da Rua da Maloca, formada por indígenas e afrobrasileiros, que migraram para esta rua depois da saída das fazendas, e da Guerra dos Bárbaros”, explica Raul Xavier.
Também destacando aspectos do lugar, Espedito Victor, de São João do Sabugi, tem como projeto já aprovado no edital municipal, uma websérie de cinco episódios. “O projeto de websérie é voltado ao ecoturismo. Irei explorar cinco lugares de São João do Sabugi e documentar o trajeto, destacando a história e contos antigos daquele lugar”, conta Espedito.
O projeto de Espedito Victor abrange Serra do Mulungu, Pedra Lavrada, lugar reconhecido pelas inscrições rupestres, Igreja Matriz de São João Batista, Capela de São Sebastião, Mina Quixeré e o açude público da cidade.
Em Serra Negra do Norte, um documentário traz a história que atravessa gerações, com indignação e esperança: o roubo da padroeira Nossa Senhora do Ó, em 22 de julho de 1974. “Memórias de Fé: o roubo da santa de Serra Negra do Norte” foi gravado dentro da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó, com cenas de simulações do fato e entrevistas com Padre Givanildo Medeiros, professora Mara Rúbia e a pedagoga Rita de Cássia, pesquisadoras sobre o assunto, que forneceram ao documentário registros históricos e artigos científicos.
“Em 2010 escrevi um artigo falando sobre o roubo da imagem e usei a metodologia da história oral, que tem esse intuito de resgate da identidade e memória de um povo, para fazer um registro científico, a partir do olhar de personagens que vivenciaram aquele fato, que estiveram naquele recorte temporal do acontecimento. Apresentei este artigo em congressos como forma de valorizar a cultura e história”, revela Rita de Cássia.
Entre os entrevistados por Rita para compor o artigo, está o saudoso Padre João Agripino Dantas, que era pároco de Serra Negra na época. Também no artigo, constam elementos dados por Dona Maria dos Anjos, que foi quem primeiro percebeu a ausência da imagem, no altar da padroeira e fez uma carta relatando o fato. Sobre o sentimento do povo serra-negrense, há quase 50 anos do fato, Rita de Cássia diz que “independente de religião quem é serra-negrense tem essa história nas veias. E principalmente as pessoas mais idosas e muito voltados para religião católica, tem ainda a fé que ela volte”.
Outra fonte de pesquisa que forneceu dados relevantes ao documentário, são as matérias jornalísticas publicadas no jornal impresso Diário de Natal. O documentário é realizado pela Calango Agência, de Yago Wanderley, tem na Matias Vieira e na pesquisa, Janny Laura.
“Nós também buscamos, através da lei de acesso a informação, localizar processos judiciais, localizar inquéritos e não conseguimos. Temos um posicionamento formal da Polícia Civil do Estado, que o inquérito não foi encontrado nem no arquivo central. Hoje a gente aguarda uma resposta de um recurso, com nosso questionamento, que foi apresentado a Polícia Federal”, esclarece Janny Laura.
Outra história que traz fatos reais para o destaque de documentário é “Agora Sou Negro”, aprovado no edital municipal da Lei Paulo Gustavo de Caicó. O documento tem André Vicente, historiador e artista visual, como centro do curta metragem, que é produzido por Pedro Andrade.
O curta mostra a história de André Vicente, como artista que pinta o sertão, com cenários e personagens, mas independente do lugar desse personagem – vaqueiros, boêmios, sertanejos – sempre eram personagens brancos. Com o passar do tempo André se viu num processo de autoconhecimento, na busca pela sua ancestralidade, e aproximou-se cada vez mais da história de sua mãe, Maria de Salgadinho, que foi tema de sua dissertação e era umbandista.
Neste reencontro consigo mesmo e sua ancestralidade, André começa a pintar o sertão com personagens negros e os orixás ganham destaque nas suas obras. “Imagens de ontem e de hoje estarão no documentário, que considera importante discutir a negritude e suas estratégias de resistência e sobrevivência. André se reinventou e se descobriu”, destaca a sinopse do documentário.
______________________________________________________________________________
Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.
Leia também:
Projeto Saiba Mais de Perto combate "desertos de notícias" no RN
Tibau: Estudantes participam da maior feira de ciências do mundo
Aldeia Sesc Seridó reúne artistas de Caicó em Cortejo Cultural
Comerciante morre em acidente por buraco na Zona Norte de Natal
Coletivos independentes movimentam a sétima arte em Mossoró
Seridó: Aos 93 anos, Maria Albino faz doces para acolher pessoas
Depois te Conto: jovens da Zona Norte criam série independente de humor
Caatinga: famílias vivem da natureza no Parque Nacional da Furna Feia
CMEI na Zona Norte realiza exposição inspirada em Ariell Guerra
Currais Novos: Congresso das Batalhas reuniu artistas de Hip Hop
Maior produtor de atum do RN não leva pescado à mesa areia-branquense
Caicoense transformou a dor do luto em homenagem para 40 mulheres
Como resiste o afroempreendedorismo do outro lado da ponte
Medalhista mundial de Taekwondo conheceu esporte em associação de Assu
“No Seridó a Reza é Forte” destaca indígenas e africanos no RN
Zona Norte: projeto da UFRN leva comunicação para escola pública
Em Ouro Branco, a preservação do patrimônio coloriu a cidade
Fábrica de polpa de frutas transforma vida de mulheres agricultoras
As chuvas fortes em Natal e o caos na Zona Norte
Com 74 anos, Manoelzinho produz telas em latonagem e fotocorrosão
Patu: Cineatro leva reflexão social a estudantes de escolas públicas
Redinha: trabalhadores seguem desamparados após 3 meses de protestos
Jornal impresso “Quinzenal” resiste há 19 anos em Caicó
MPRN terá ação do projeto Pai Legal na Zona Norte
Saudade estimula artista a eternizar história de Upanema em quadros
Advogada levou o sertão poético de Caicó para Paris
Serra do Mel: rádio comunitária leva o bem à Vila Amazonas
DER responsabiliza prefeitura por acúmulo de areia na João Medeiros
Jurema Coletivo de Dança traz dança contemporânea para Caicó
“Fugi da prisão”: superação torna Chico Filho imortal em Martins
Trancistas: a valorização da cultura afro-brasileira na Zona Norte
Em São José, um guardião da história criou o Museu da cidade
Disputa política e judicial causa insegurança em Porto do Mangue
Natal sem Natal: Zona Norte reivindica eventos e decoração natalina
População faz mobilização pela volta de Cherie para Caicó
Tradição em Caraúbas: banda de música prepara festejos a São Sebastião
Cmei da Zona Norte prepara Natal Solidário das crianças
Ipueirense visita sítios e faz arte em madeira morta
Portalegre: Crianças quilombolas têm contato com ciência em pesquisa
Auto de Natal: espetáculo envolveu mais de 200 atores na Zona Norte
Dedicados à tecnologia, estudantes do IFRN são aprovados no INTELI
Em Areia Branca, minicidade vai levar crianças a exercitar a cidadania
Arte-Educador da Zona Norte levou arte com mosaicos para ExpoFavela
Projeto Trapiá Semente cria grupos de teatro pelo Seridó
Apodi: 1º museu indígena do RN preserva memória dos Tapuia Paiacus
Zona Norte: reforma da Ponte do Igapó piora trânsito e incomoda região