Há 20 anos, Lar da Dona Fátima acolhe animais na Zona Norte
O abrigo da Dona Fátima, que fica na Zona Norte de Natal, tem mais de 20 anos de existência e hoje cuida de 89 gatos e 10 cães. Dona Fátima, que começou a resgatar animais machucados na rua, hoje está doente e necessitando realizar uma cirurgia no joelho. O problema é que a cuidadora mantém e sustenta o abrigo dos animais praticamente sozinha, já que não recebe nenhum tipo de ajuda de órgãos governamentais.
O amor por bichos veio para salvar a vida de Dona Fátima. Isso porque, quando jovem, a cuidadora tinha dificuldades para engravidar e a cada criança que perdia se afundava em uma tristeza profunda. Fazendo terapia, Fátima viu que o amor por animais era uma válvula de escape e o que fazia ela feliz naqueles momentos. Pensando nisso, após a morte do marido, o que impactou ainda mais sua saúde mental, Dona Fátima decidiu abrigar cada vez mais animais no quintal da sua casa. Agora, mesmo com todas as dificuldades, o amor pelos bichinhos é o que continua dando forças para viver.
“Após eu ter perdido os meus filhos, eu fazia um tratamento com uma psicóloga para que eu parasse mais de chorar e pensasse menos neles, porque não tinha dado certo, Deus não tinha aceitado, então eu fazia as sessões e eu sofria muito. Na época, eu já tinha uns 15 animais. Foi quando a Doutora perguntou a mim se eu gostaria de aumentar mais os animais para ver eles brincando e aquele negócio todo. Brincar com eles, ir para o quintal, colocar comidinha, brinquedinhos e ficar uma hora fazendo terapia com eles. Isso me deixava feliz”, desabafou a cuidadora.
“Aí tomei a decisão, falei com o meu marido da época que eu iria resgatar mais animais de rua para ajudar eles a serem felizes. E comecei a resgatar os animais de rua, levar no veterinário e cuidar das sarnas, das feridinhas e das doenças que eles tinham. Levar no veterinário, comecei a cuidar e tudo. Os próprios animais me ajudavam a curar da tristeza. Eles me deixavam mais feliz quando eu os via brincando, ficando bem, começando a crescer, começando a ficar curado das doenças. Então deu tudo certo, daí foi aumentando mais e mais e eu fui ficando mais entusiasmada e fui gostando mais de pegar os bichinhos sofridos, né? Porque as pessoas só gostam dos animais quando estão bem, né?”, revela Dona Fátima.
Iaraci Melo é uma das poucas voluntárias que atua no abrigo e está há mais de 10 anos no lar. Atualmente, ela é responsável pela coordenação do abrigo, já que Dona Fátima precisa de um cuidado especial, por causa do problema no joelho. Hoje, é Iaraci quem cuida da divulgação e da arrecadação de dinheiro e alimentos para os pets.
O trabalho de resgate e cuidado de animais requer muito esforço e dedicação. Não é fácil cuidar de tantos bichinhos, alimentá-los e mantê-los saudáveis. Iaraci conta que essa situação é muito complicada já que o lar depende, exclusivamente, de doações e do dinheiro da fundadora para se manter de pé. Sem nenhum tipo de ajuda ou benefício, manter o abrigo funcionando e todos os animais em boas condições é uma corrida contra o tempo. Uma das poucas ajudas que recebe é a do professor de concursos, Wolmer, que realiza aulões beneficentes em prol do abrigo. Através das aulas, o professor arrecada alimentos e doa para o abrigo de Dona Fátima.
“Eu sempre faço aulões beneficentes e nessas aulas eu sempre compro alimento. Eu sei que é muito difícil para Dona Fátima manter toda aquela estrutura com o que ela ganha. Então, eu sempre faço ações para ajudar a dona Fátima na manutenção daqueles animais. Isso é feito às vezes mensalmente, semestralmente, mas sempre eu tô ajudando ela, porque eu gosto muito do trabalho dela. Acho o trabalho dela muito fantástico e eu sei que ela precisa de ajuda, né?”, comenta o professor.
As dificuldades de manter o abrigo
No abrigo, sempre que chove é um transtorno. Isso porque o telhado está deteriorado e as goteiras adoecem os animais que precisam de cuidados especiais. Natal não é uma cidade que aguenta fortes chuvas. A situação na Zona Norte, por ser uma região ainda muito negligenciada, é ainda pior. Em novembro de 2023, choveu mais de 240 milímetros em apenas 24 horas, o que resultou em alagamentos e destruição em diversos bairros da região. Houveram alagamentos, crateras e pessoas que perderam tudo nos bairros de Potengi, Lagoa Azul, Igapó, Nossa Senhora da Apresentação, Pajuçara e Redinha.
Outra queixa da coordenadora, é a falta de conscientização da população que abandona cães e gatos na porta do abrigo.
“Temos um grande problema porque as pessoas acham que aqui é um depósito de animais. Só se lembram daqui quando querem abandonar um bichinho doente ou machucado”, lamenta a tutora.
Por esse motivo, Iaraci e Dona Fátima preferem não divulgar a localização do abrigo, porque quando isso acontece, as pessoas passam a abandonar mais animais em sua porta. Mesmo com amor e dedicação, cuidar de muitos animais ao mesmo tempo e sem uma estrutura adequada, pode trazer vários problemas tanto para os pets quanto para os cuidadores.
Atualmente, Dona Fátima precisa arrecadar dinheiro para reformar as paredes da casa e ampliar o gatil, que é o local onde os gatos dormem. Além disso, ela precisa se preocupar em comprar rações, remédios, água e brinquedos para os animais. Sem mencionar seus próprios problemas de saúde.
Quem quiser ajudar o abrigo, é só doar qualquer quantia para a chave pix 84998322950. Além disso, qualquer pessoa pode se tornar um voluntário do abrigo ou doar alimentos, remédios e até alguns materiais de construção, como Telhas Brasilit. Para isso, basta entrar em contato com Iaraci Melo através do seu número de whatsapp: 84998322950.
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Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.
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