Tibau: amantes do vinil unem música e praia neste veraneio
O acervo tem milhares de títulos, que apesar do mundo digitalizado, resiste e mantém a nostalgia de décadas passadas, a qualidade sonora e a experiência incomparável com jovens mídias, como o mp3 e os streamings de música. Quem defende a ideia e preserva o acervo de são os amantes dos vinis de cinco lojas de discos de Mossoró, que lutam para difundir a cultura dos bolachões na região Oeste do Estado. Neste fim de semana, a aura nostálgica das músicas em rpm se une ao clima praiano e viaja até Tibau, cidade na região da Costa Branca Potiguar, a 42 quilômetros de Mossoró e 326 quilômetros de Natal.
“Decidimos levar a Feira para Tibau após receber muitos pedidos de colegas colecionadores que estão na praia durante o mês de janeiro. O contato com o amigo Ricardo Lopes, que é proprietário do Armazém Chaplin, foi excelente e o espaço tem tudo a ver com a cultura do vinil e do colecionismo. Nosso primeiro feirão foi um sucesso absoluto e esperamos ampla participação da galera nesta edição”.
Quem explica é Cláudio Palheta, jornalista, proprietário do Sebo Araçá Azul, um dos realizadores do II Feirão do Vinil, que acontece neste sábado (27), às 16h, no Espaço Chaplin, na praia de Tibau. Ele complementa que o segundo Feirão pretende viabilizar uma maior interação entre colecionadores e vendedores.
“Somos colecionadores e a ideia de nos tornarmos vendedores foi meio que uma forma de adquirirmos mais itens para nossas coleções particulares”, diz Yure Alves, proprietário da Velho Punk Discos, que, junto ao sebo Araçá Azul, Sebo Outsiders, Supremo Vinil e Valew Plásticos formam o Clube dos Cinco.
Já o Clube do Vinil Mossoró existe desde 2019 e tem mais de 100 membros com gostos musicais variados, mas mantendo em comum a paixão pela mídia que nasceu em 1948. Setenta e cinco anos depois, os apaixonados pelo disco de longa duração, ou Long Play (LP), garantem que mesmo com toda tecnologia empregada nas mídias ao longo deste tempo, a qualidade do vinil permanece superior. Além disso, o vinil é parte da história musical do século 20 e embalou gerações.
“A paixão pelo disco de vinil e seu tipo peculiar de som me acompanham desde criança. Ouvia música em casa sempre pelo rádio e pelo toca-discos, que na época eram os famosos 3 em 1 nos modelos vertical e horizontal. Ouvir vinil é um ritual mágico, em que você tem que tirar o disco da capa, limpar colocar no TD e ouvir o lado A e o lado B. Enquanto o disco toca você curte as informações de produção daquela obra, que consta na capa, aprecia as fotos, a arte da capa e contracapa, coisas que no streaming você não tem. Isso é o legal de ouvir vinil”, relembra e explica Yure.
Também amante dos LPs, o jornalista Will Vicente concorda com o deleite que o ritual de apreciar os discos proporciona. Para ele, clubes de assinaturas e grupos de colecionadores atualmente facilitam o acesso que, por um período, tornou os vinis escassos.
“Meu apreço por vinil vem da infância. Do pouco tempo que lembro de quando em casa tinha vitrola. Depois dessa época, anos 1980, música era via rádio, K7 e CD. Quando o vinil estava deixando de ser fabricado no Brasil, por volta de 1994, eu tinha conseguido ter toca disco novamente e o primeiro disco que comprei foi Erotica da Madonna, claro. A partir desse ‘fim’ do vinil, ficou mais difícil, pois a o acesso era a discos Importados e caros. Quando comecei a trabalhar e ter meu próprio dinheiro comecei a importar. Hoje o Brasil fabrica, embora a qualidade seja, na maioria das vezes, ainda duvidosa. Ficou mais fácil o acesso, temos clubes de assinatura, etc. Além da qualidade sonora que passa por apreciar os graves que as outras mídias não fornecem na mesma qualidade, cultuar o vinil tem também uma relação afetiva, de pôr as mãos na música, na capa, no encarte. É sentir a música quase que fisicamente, sensação que a nuvem jamais proporcionará. É um ritual. Requer tempo para apreciar, mas implica em relaxar a mente de modo que o streaming não proporciona”, afirma.
Com a atividade dos colecionadores, o movimento deve ampliar a cultura dos vinis na região Oeste do Estado.
“Eu penso que com o surgimento das feiras periódicas essa cultura se fortalecerá e poderemos, no futuro, organizar feiras com colecionadores de vários estados aqui na cidade”, diz Yure.
Além de vinil, o II Feirão em Tibau também deve comercializar fitas K7, cd’s, livros e antiguidades em geral. O evento passa a ser mensal e seguirá sendo realizado no decorrer de 2024 em Mossoró.
Todas as lojas citadas são virtuais e podem ser encontradas pelo Instagram.
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Essa reportagem faz parte do projeto "Saiba Mais de perto", idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.
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